"Minha alma está numa tristeza mortal: ficai aqui, vigiai" (Mc 14,34).
1º ATO — Reflitamos sobre a dor da morte com
vista na vida
Jesus está na cruz. Morrendo.
E Ele já tinha nos avisado, naquela noite no Getsêmani:
"Minha alma está numa tristeza mortal."
Ele sentiu o peso do abandono, da injustiça, do medo, da dor...
E quantas vezes a gente também sente isso?
Na periferia, onde, muitas vezes, a morte chega
antes da hora,
onde o jovem negro é alvo,
onde a mãe chora o filho que não volta,
onde a bala perdida tem nome e endereço,
Jesus continua dizendo:
“Ficai aqui comigo. Vigiai.”
Hoje, diante da cruz, não fugimos da dor.
A dor é real. É nossa. É d’Ele.
Mas nós a encaramos com fé, porque acreditamos:
até a morte pode gerar vida,
se for atravessada com amor, com solidariedade, com esperança.
2º ATO — Tiremos a placa e coroa de espinhos
de Jesus
Com cuidado...
Vamos tirar a coroa de espinhos da cabeça de Jesus.
Quantas coroas o povo carrega hoje?
A coroa do desemprego.
A coroa da fome.
A coroa da humilhação e da injustiça.
A coroa das dívidas que sufocam.
A coroa da depressão que não é vista.
Cada espinho machucou o Filho de Deus.
E cada dor do nosso povo continua machucando Ele hoje.
Mas tirar essa coroa é dizer:
Não aceitamos mais que a dor do nosso povo seja normalizada!
Não aceitamos mais que a cruz seja espetáculo!
Tirar os espinhos é começar a curar.
Com amor, com presença, e com compaixão.
3º ATO — Desamarremos os braços e os pés de
Jesus
Desamarrar...
Libertar...
Soltar os cravos que prenderam o amor.
Jesus teve seus braços e pés atravessados,
para que o amor d’Ele não se movesse.
Mas hoje nós estamos aqui para desamarrar.
Vamos libertar os braços que acolhem.
Os braços que abraçam sem julgamento.
Os braços do povo que luta, que carrega peso, que não desiste.
Vamos libertar os pés que caminham.
Pés de mães que batalham.
Pés de jovens que sonham.
Pés do povo de fé que insiste.
Desamarrar os braços e os pés de Jesus é dizer:
ninguém vai mais prender a esperança.
Ninguém vai mais calar o amor.
4º ATO — Desçamos e contemplemos o corpo morto
de Jesus
Agora, desce.
Com reverência.
Com dor, sim. Mas também com fé.
Jesus está morto.
Mas não derrotado.
A cruz não é o fim.
É o grito mais forte de um amor que não se curva à maldade.
Contemplamos seu corpo machucado, e nele, o corpo
dos nossos:
das vítimas da violência,
das mulheres assassinadas,
dos jovens sem oportunidade,
dos pobres esquecidos.
Mas contemplar esse corpo é também lembrar:
a vida vai vencer.
Porque o amor é mais forte.
Porque o povo unido resiste.
Porque a última palavra não será da morte.
Jesus, mesmo morto, ainda respira em nós.
Na nossa fé, na nossa coragem, na nossa luta.
“FICAI AQUI, VIGIAI.”
Sim, Senhor. Nós ficamos.
Na beira da cruz.
No chão da favela.
Na luta da quebrada.
Ficamos. Com lágrimas nos olhos e esperança no peito.
Porque sabemos: o corpo pode morrer… mas o amor, nunca morre.
Canto: Eu o ressus...citarei / Eu o ressus...citarei/ Eu o
ressus...citarei no di__a final
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