quarta-feira, 13 de março de 2024

Missão do Japão 17/03/2024: 5º Domingo da Quaresma | ANO B (Jo 12,20-33) Homilia



É comum que uma pessoa que sabe que está morrendo de verdade deixe algumas últimas palavras para seus entes queridos guardarem.

Últimas palavras, geralmente cheias de sabedoria, que orientariam sua família no decorrer da vida, mesmo que ele não esteja mais com eles.

Eu gostaria de ver o evangelho que temos hoje, nesse mesmo sentido, onde Jesus estava dando algumas de suas últimas palavras de sabedoria aos seus seguidores e ouvintes.

Primeiro, “Sua morte é na verdade uma bênção disfarçada”. Jesus disse: Em verdade vos digo que, se o grão de trigo não cair na terra e morrer, ele permanecerá só; mas se morrer, dará muito fruto”.

Essas palavras de Jesus indicam que Ele foi claro e aceitou Seu sofrimento e morte iminentes. Por que? Porque o evento vindouro, Sua paixão e morte, foi mais do que dor e sofrimento. Tinha que acontecer para trazer mais coisas boas, mais bênçãos e mais graças a todos que creem n’Ele.

Segundo, “há valor no Sacrifício”. Jesus queria enfatizar que mesmo morrendo, oferecer Sua vida traria uma rica colheita.

Terceiro, “Aprenda com o exemplo do grão de trigo”. Jesus queria que Seus seguidores, incluindo nós, se assemelhassem ao grão de trigo que cai ao solo para produzir nova vida.

Ele nos diz que devemos primeiro morrer para o nosso egoísmo e outras pecaminosidades antes de podermos começar a viver a vida em Cristo.

Não esqueçamos que, tal como o sacrifício de Jesus na Cruz, os nossos próprios sacrifícios são valiosos. Nossa vida se torna mais significativa por causa desses sacrifícios.

Por último, ao refletirmos sobre o que Jesus fez por nós, possamos ser encorajados a humilhar-nos e a procurar o perdão de Deus. E tornar-nos fonte de bem e de vida para os outros. Amém.

Missão do Japão 10/03/2024: 4º Domingo da Quaresma | ANO B (Jo 3, 14-21) Homilia


Hoje, refletimos sobre o Único Dom Precioso dado não apenas a algumas pessoas, nem mesmo aos mais religiosos e santos. Mas um dom oferecido e dado a todos, pecadores e santos./ /E esse presente do Pai é, claro, Jesus, o Senhor./ /E qual é o motivo do Pai para nos enviar este dom do Seu Filho único? / /Não há NENHUM outro motivo além de Seu Grande e Fiel Amor./ /Desde que o mundo começou, Deus nunca vacilou em Seu Amor. Não importa o quão infiéis nós sejamos, continuamos Seu povo/. Porque Deus amou o mundo. / /Nem mesmo o fato de que ao enviar Jesus para nós, Seu Filho sofreria, seria rejeitado e eventualmente morto/. /Ou seja, todo esse sacrifício foi válido, porque o maior desejo de Deus era que voltássemos logo para Ele./ /Lembre-se, mesmo com nossa infidelidade, a missão dada a Jesus pelo Pai foi, é e sempre será a de nos amar, de nos fazer felizes, de nos trazer conforto, iluminação e esperança./ Porque Deus amou o mundo de sobremaneira, e por amor Deus olha para a salvação como um direito que podemos alcançar através de Cristo, Seu Filho./ /É por isso que Ele enviou Seu Filho, Jesus. Para trazer todos nós de volta ao Seu Reino. Amém/.

quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

Missão do Japão 03/03/2024: 3º Domingo da Quaresma | ANO B (Jo 2,13-25) Homilia



Ouvimos em nosso evangelho que nosso Senhor ficou bravo. A razão foi porque Ele descobriu que o templo de Jerusalém foi transformado em mercado.  

Tudo virou negócio. Então, eventualmente, a adoração e a oferta de sacrifícios perdem o sentido. Tudo se torna ritual, mas falta fé e amor a Deus. 

Neste domingo, o evangelho enfatiza o que o Senhor quer que façamos e nos tornemos. /Ele quer que confiemos que Deus está sempre presente e estejamos sempre conscientes desta realidade.

Jesus quer que percebamos a importância de estar sempre conscientes de Sua presença em nossas vidas. Pois esta consciência nos ajudará a viver uma vida cristã melhor.

A consciência de Sua presença certamente nos lembrará que em nosso relacionamento com Ele, a mera aparência de sermos bons e santos não tem lugar algum. Porque uma pessoa que tem um relacionamento genuíno com Jesus, tem um coração cheio de humildade, fidelidade, honestidade e amor.

Como cristãos batizados, o Espírito Santo veio até nós. /Se trazemos isso, todos os dias vivo em nossa consciência, saberemos que Deus Espírito Santo está presente em cada cristão e de maneira particular, presente em cada pessoa.

A consciência da Presença do Espírito não dificultará que nos tornemos Povo de Deus, que sejamos uma verdadeira Igreja. Uma Igreja com um único objetivo e missão que é levar a face do Amor de Deus a todos, especialmente aos pobres e abandonados.

Se Deus, o Pai, o Filho e o Espírito Santo estiver ausente de nossa consciência e de nossa vida, também perderemos o respeito por Deus Pai, que está presente em Jesus, na Igreja, no nosso Culto, em cada pessoa, em nós. 

Amém.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Missão do Japão 25/02/2024: 2º Domingo da Quaresma | ANO B (Mc 9,2-10) Homilia



Seis dias depois de Jesus anunciar seu sofrimento e morte, o que deixou os apóstolos tristes, Jesus levou três de Seus apóstolos, Pedro, Tiago e João, ao monte.  


Então aconteceu a Transfiguração de Jesus que surpreendeu os 3 apóstolos.  Quando aconteceu a transfiguração de Jesus, os três ficaram impressionados com o que viram.  Eles viram Jesus transfigurado.  


Essa transfiguração foi na verdade um vislumbre da gloriosa ressurreição de Jesus, consequência do Seu sofrimento e morte.   A ideia de ir ao monte era para os apóstolos perceberem que, embora Jesus sofresse e morresse, isso não seria o fim de tudo.  Sua morte O levaria à Glória.  


E com este vislumbre da Ressurreição, que Ele permitiu que os apóstolos vissem, Jesus enfatizou que não havia necessidade de se sentirem mal ou tristes.  Não havia necessidade de rejeitarem Sua crucificação e morte.  Porque a Transfiguração que testemunharam no monte prefigurava a Glória de Jesus, o Messias.  


Também a nós, o Senhor quer transmitir a mesma mensagem.  A vida pode ser difícil por causa dos sofrimentos, mas a vida não termina aí.  


Lembremo-nos, depois da nossa vida física, há uma vida prometida para nós, que é a Vida Eterna.  Tudo o que precisamos fazer é permanecer fiéis.  Crer e confiar no Senhor.  Tal como os apóstolos, Jesus convida-nos a aguardar esse dia.  


Sonhe com esse momento para estar com Ele na Ressurreição e no Seu Reino.  Que esse Sonho de estar com Ele nos fortaleça e nos encoraje a seguir em frente com a vida, por mais difícil que pareça.  Não importa como, às vezes, frustrante.  


Que a Ressurreição no Reino de Deus seja a nossa Meta.  E com a inspiração de Jesus, que todos possamos alcançar essa Meta!  Amém.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Monte Fuji



Ao longo da história, os japoneses acreditavam que o Monte Fuji, devido às suas consecutivas erupções, era um monte onde os deuses viviam e mostravam grande respeito por ele, venerando a distância. Com 3776 metros acima do nível do mar, é o pico mais alto da ilha de Honshu e Japão. A primeira vez em que foi escalada foi em 663 por um monge.


Se todo brasileiro deve plantar uma árvore, escrever um livro e ter um filho antes de morrer, o japonês tem uma missão a mais: escalar o Monte Fuji. O ponto mais alto do Japão é considerado um símbolo sagrado para os nipônicos, além de ostentar títulos (verdadeiros ou não) de a montanha mais escalada do mundo, o lugar mais fotografado e com maior concentração de energia. Nos últimos anos, o monte vem registrando aumento do número de visitantes estrangeiros que são atraídos pela aura e beleza. Cada vez mais, o principal ícone físico do Japão é valorizado como uma das principais rotas espirituais do planeta, ao lado de lugares como o caminho de Santiago de Compostela (Espanha) ou o Monte Athos (Grécia).


Há duas interpretações para a origem do nome Fuji: a junção de 不二 (não e dois), que significa sem igual, e 不尽 (não + exausto), significando interminável. Essa unicidade do Senhor Fuji, como é respeitosamente chamado, se faz presente em muitas partes do mundo, tais como no videogame Atari do norteamericano Nolan Bushnell e outras empresas famosas: Fuji Bank, Fujifilm. Fuji é cartão postal do Japão, sempre presentes nas produções do país, especialmente nos animes.


Fujiyoshida (foto) é uma das cidades que cercam o Monte Fuji e onde sempre ocorre o Himatsuri, ou Festival do Fogo, no mês de agosto. O festival também encerra oficialmente a temporada de escaladas ao topo do Fuji. É também nesta cidade onde se encontra o Pagode Chureito, monumento parte do Santuário Sengen de Arakura, construído em 1963 como memorial de paz. Subindo seus mais de 400 degraus se pode ter uma das melhores vistas do Monte Fuji. Vale a pena conferir!

terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

MISSÃO DO JAPÃO: VISITA À COMUNIDADE NIPO-BRASILEIRA DE SHIZUOKA


Concelebrando com Pe. Rogelio, CM em Iwata e Kakegawa



“Ide por todo o mundo, proclamai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15).

Além desse mandato de Jesus, também São Vicente nos orienta: "Não sou daqui, nem dali, mas de qualquer lugar onde Deus aprouver que eu esteja" (SVP, Es, IX, 30). No decorrer de toda minha história vocacional, passagens como essas têm me motivado a testemunhar o Evangelho de Jesus ali onde Deus me envie.

 

Acolhido no aeroporto de Narita por Raquel e Takami

Na segunda metade de janeiro de 2024, tive a alegria de visitar a Missão do Japão, onde junto ao coirmão filipino, Pe. Rogélio Cardenas II, CM, pude servir nas paróquias Santa Terezinha em Iwata e Nossa Senhora da Imaculada Conceição em Kakegawa. Encontrar os irmãos brasileiros e de outras nações que fazem parte da Igreja de Cristo em terras nipónicas, foi gratificante. A fé do povo, sua entrega e serviço confirmaram minha vocação missionária.  

 

Lavando as mãos com Henrique antes de entrarmos no templo 

O Japão é o quinto país do mundo com maior presença de imigrantes brasileiros. Conforme dados do Itamaraty 2022, a comunidade brasileira ali presente chega a 207 mil habitantes. As razões para imigrar são diversas: família, trabalho, estudo... E nada melhor que, mesmo em outro país, possa-se celebrar sua fé em vernácula (Sacrosanctum Concilium 36 § 2).

 

Com Pe. Ambrósio, SDB, visitando Hamamatsu 

Pe. Rogélio trabalha na Diocese de Yokohama Japão há 15 anos. Atualmente serve na Província de Shizuoka, onde é responsável pelas duas paróquias. Hamamatsu, pertencente a Shizuoka, é a cidade com maior presença de nipo-brasileiros no país. Ali atuam os Salesianos, de onde provém o único padre que fala português na região, Pe. Ambrósio da Silva, natural de Timor Leste. A missão vicentina fica nas cidades supramencionadas que são vizinhas de Hamamatsu.

 

Entrada da Paróquia Santa Terezinha em Iwata com São Vicente e Leo ao fundo

“O amor é inventivo até o infinito” (SVP, br, XI, 102).

Pe. Rogélio descobrindo o grande número de brasileiros em sua área paroquial, e percebendo que alguns tinham dificuldade em compreender na íntegra o japonês, resolveu fazer algo para atende-lhes com mais zelo. Por meio do Facebook entrou em contato comigo e pediu que traduzisse sua homilia, do inglês ao português, e de posse do texto traduzido acompanhado de áudio, na quarta ou quinta-feira, Pe. Rogélio podia escutar e treinar a pronúncia, para no fim de semana pregar em japonês, inglês e português. O que agradou aos ouvidos dos brasileiros que passaram a frequentar mais as missas do Padre.  

 

Chegando à Tokyo de "Trem Bala"

Em janeiro de 2024, convidado para participar da Conferência Internacional da FHA, em Manila, Filipinas, vi como oportunidade singular, esticar o passo até Japão, e uma vez autorizado pelo Visitador Provincial, Pe. Vandeir Barbosa, CM, estive na Missão do Japão onde pude celebrar o Santo Sacrifício com o Povo, reunir-me com o grupo de jovens “Rosas de Tereza”, fazer bênçãos de casas, visitar famílias, atender confissões, confraternizar e encontrar o jovem mariano vicentino Jhonatan Muryllo de Curitiba que estava passando uns dias com a sua mãe no país, e foi celebrar seu aniversário na missa especial rezada para os brasileiros da Comunidade de Iwata. Foi uma experiência de Deus, algo que ficará marcado em minha vida e missão. Japão é outro mundo, as diferenças culturais são realmente marcantes, a distância do Brasil é enorme, estava longe, mas pelo carinho, cuidado e alegria do povo me senti acolhido, próximo, em casa. Muito obrigado é pouco, Deus os pague por tamanha generosidade. A vocês minha gratidão e orações.      

 

Destrutando ainda das Luzes de Natal de Tokyo

A messe é grande, mas os operários são poucos (Lc 10,2).

O tempo passou rápido e já estou de volta, para continuar minha missão na Paróquia Pai Misericordioso, em Belo Horizonte – MG (Brasil). Desde aqui, seguirei colaborando, como tenho feito há mais de três anos, com os nossos irmãos do Japão, a partir de agora com mais propriedade. Pe. Rogélio já constava: “Embora o pequeno esforço que faço pelas comunidades brasileiras seja muito apreciado por elas, ainda acredito que muito mais precisa ser feito. O que faço na minha homilia é nada diante de tudo que as comunidades precisam: missas em português, confissões em sua própria língua e outros sacramentos, sessões de formação, aconselhamento, etc. Eu realmente espero que este esforço do Pe. Cleber e meu, evolua a uma oportunidade maior de ajudar e fazer missões reais aqui no Japão, especificamente na Diocese de Yokohama. Há anos venho solicitando e buscando maneiras de encorajar um coirmão do Brasil para vir e se juntar a nós na missão do Japão, mas obviamente ainda não aconteceu. Todavia não perdi as esperanças. Acredito que chegará o dia em que um coirmão de língua portuguesa e espanhola fará parte de nossa missão aqui no Japão”.

 

Servido por garçom robô

Oxalá mais jovens se deixe encantar pela missão e possamos fazer crescer a parceria missionária entre a PBCM e as demais províncias no Brasil e no mundo, de modo que especialmente os pobres, nossos mestres e senhores, recebam a mensagem de salvação de nosso Deus, seja-lhes anunciado que o Reinado de Deus já chegou e que esse Reino é para eles (SVP, br, XII, 82).

 

 

Lanche na Paróquia de Kakegawa

Paróquia de Iwata


Visita a cidade de Yamanashi com Lilian, Henrique e Raquel

Visita ao Museu da Aviação em Hamamatsu

Visita ao Castelo de Hamamatsu

Visita à Casa da Genilde

O o cão leal Hachiko

Torre de Tóquio


Portal em Yamanashi

Paróquia Imaculada Conceição em Kakegawa

Grupo de Jovens Rosas de Tereza

Missa especial para brasileiros em Iwata


Addis Ababa, Etiópia (África)

Seul (Coreia do Sul)







quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

Missão do Japão 18/02/2024: 1º Domingo da Quaresma B | ANO B (Mc 1,12-15) Homilia



 

Neste primeiro domingo da Quaresma, ouvimos muitas coisas boas em nossas leituras. Esperamos que isto nos encoraje a considerar este convite de Jesus para mudarmos o coração, acreditarmos e vivermos a Boa Nova da salvação.

 

Na primeira leitura, Javé fez uma aliança com o seu povo, começando com Noé e seus filhos, até as gerações seguintes. Ele prometeu que nunca mais haveria outro dilúvio para destruir a terra.

 

Por causa dos numerosos pecados que cometemos, cometemos e cometeremos, Deus tem todos os motivos para enviar outro dilúvio devastador para destruir a terra.

 

Têm havido muitas previsões dizendo que o fim do mundo acontecerá em breve. Mas isso ninguém sabe quando acontecerá. Porém, o arco-íris continua se mostrando, porque Deus é fiel à Sua Palavra. E o faz, porque grande é Seu amor por nós.

 

Na segunda leitura, ouvimos Pedro descrever-nos a vida que Jesus teve. E hoje, ele lembra-nos, cristãos modernos, que por causa do sofrimento e da morte de Jesus e da Sua ressurreição, estamos agora reconciliados com Deus. Por causa disso, recebemos outra chance, através do nosso batismo, de ter uma vida nova em Cristo.

 

No evangelho, vimos que Jesus foi tentado. A tentação era basicamente esquecer a missão que Seu Pai Lhe pediu para cumprir. Mas não, Jesus não permitiu que a tentação o vencesse. Ele venceu a tentação por nós, para que pudesse se aproximar de nós e nos aproximar do Pai.

 

Nesta Quaresma, mais uma vez, somos encorajados a considerar seriamente uma mudança de nossos corações. Neste tempo, somos convidados a ouvir a Palavra. Acreditar em Jesus e permitir que Ele esteja vivo em nossas vidas. A graça de Deus está transbordando. Repetidamente, Deus manifestou Seu amor e misericórdia. Mas o triste é que a maioria de nós, ainda somos os mesmos: Impenitentes! Desobedientes! Hipócritas! No entanto, apesar desta verdade, Ele continua a a nos chamar para junto de si.

 

Nesta Quaresma, que todos nós possamos ser inspirados a fazer uma mudança de coração. E que esta mudança nos proteja contra a tentação do pecado.

 

Amém.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

Conferência Internacional da FHA, Manila 2024

 

Plenária no primeiro dia do Encontro


A Aliança Famvin pelas Pessoas Sem-Teto, ou Famvin Homeless Aliance (FHA), criada em 2017 para marcar o 400º aniversário do Carisma Vicentino, é uma iniciativa da Família Vicentina para apoiar propostas emergentes e consolidadas sobre desabrigados em todo o mundo. A iniciativa compreende como pessoas sem-teto, aqueles que vivem na rua, refugiados, pessoas deslocadas internamente e habitantes de bairros informais (favelas). A Aliança da Família Vicentina Internacional pelas pessoas sem-teto luta para que todos tenham um lugar que possam chamar casa e participem ativamente de suas comunidades.

 

Assembleia da FHA

Depois de Roma, na Itália, e Sevilha, na Espanha, de 29 a 30 de janeiro de 2024, foi a vez de Manila, nas Filipinas, receber a Conferência Internacional da Famvin Homeless Aliance (FHA) que, nesta edição, refletiu sobre os moradores de favelas, a partir do tema: “Capacitando Pessoas e Comunidades: Ação Vicentina nas Favelas”.

 

Conferência FHA, Roma 2018

Conferência FHA, Sevilha 2022

Participaram da Conferência aproximadamente 50 pessoas de diferentes países do mundo, contemplando os cinco continentes, que oportunamente apresentaram problemas e soluções relativas ao Direito à Moradia. O Brasil foi representado por quatro participantes: Sirlândia Mendes (CAFOD Brasil), Ir. Cleonice Claudino, FC (Projeto 13 Casas, Curitiba), César Custódio (CN da SSVP) e eu, Pe. Cleber Teodósio, CM (Missão vicentina junto à periferia de Belo Horizonte).

 

Delegação do Brasil presente na Conferência FHA, Manila 2024

Constou da programação: conferências, painéis, rodas de conversa, trabalhos de grupo, debates, passeios, noites culturais, visita a projetos vicentinos com moradores de favelas. Todas essas experiencias nos colocaram em contato com pessoas que têm negado o direito à moradia, que o conquistaram por meio da luta ou via projetos como o 13 casas. Foram apresentadas iniciativas diversas que visam o enfrentamento ao problema da falta de moradia e portifólios de empresas parceiras que podem colaborar com a criação de projetos que visam a construção de casas para pessoas sem-teto.    

 

Visita a projetos sociais em Manila

A Conferência foi extraordinária. Uma oportunidade de crescimento, de estreitamento de laços, de conexões, abertura de portas. Descobrimos que muito foi feito e há muito ainda por fazer. Voltamos com esperança renovada e desejo de fazer mais, para e com os pobres que lutam por moradia digna. Além disso, estar em Manila foi uma oportunidade singular para visitar as atuais instalações do Secretariado Internacional da JMV, conhecer os novos voluntários e rever ex-voluntários e conselheiros que significam muito em minha história vocacional, bem como os coirmãos da Província de Filipinas que foram muito acolhedores e solícitos comigo. Aos de Filipinas e aos do Rio de Janeiro, o meu muito obrigado.

 

América Latina, presente!

Estamos trabalhando internamente para que a conferência possa dar fruto a partir de nossas realidades. Rezemos para que tudo saia conforme a vontade de Deus e a proteção de Nossa Senhora. E caso você se identifique com nosso trabalho, una-se a nós neste projeto. Deus os abençoe!

Coirmãos na missa de encerramento

FV África, presente!

Pe. Cleber, Ana Maria e Pe. Kiko


Visita fraterna aos Coirmãos de Filipinas 

Pe. Carlos, CM (Peru), Pe. Habel, CM (Idonésia) e Pe. Cleber, CM (Brasil)

Visita ao Secretariado Internacional da JMV em Manila

Pe. Ginete, CM (Filipinas) com ex voluntários e conselheiras da JMV



SSVP Hong Kong, presente!



terça-feira, 16 de janeiro de 2024

Missão do Japão 21/01/2023: 3º Domingo do Tempo Comum | ANO B (Mc 1,14-20) Homilia



No ministério de ensino de Jesus, que começou na Galileia, Jesus enfatizou duas coisas que garantem a salvação: arrepender-se e crer no Evangelho.

 "Arrepender-se".  Esta é a dica de Jesus, para perdoar nossos pecados.  O que significará nossa autorrenovação.  Recriação dos nossos corações e mentes e aproximação de nossas vidas à Vontade de Deus.

 “Acreditar no Evangelho”.  Esta é a nossa aceitação, de todo o coração, da Boa Nova de salvação que o próprio Jesus nos oferece, e do endireitamento das nossas vidas de acordo com os Seus ensinamentos.  Crer no Evangelho significa acreditar em Jesus, cuja vida e ensinamentos nos são revelados através da Palavra.  O Evangelho nos diz, que Jesus é na verdade, a Boa Nova.

 Nós, como cristãos batizados, somos na realidade Seus discípulos.  E cada discípulo é chamado a comprometer-se e a oferecer a sua vida só a Ele.

 O chamado de Jesus para segui-Lo não é apenas para o bem e a salvação de cada discípulo cristão.  Na verdade, tem um objetivo maior e mais amplo.  O chamado que Jesus nos faz, é para que cada discípulo, participe de Sua missão salvadora.

Se respondermos positivamente ao Seu chamado, isso significa que Jesus é a nossa prioridade.  Nossa maior prioridade.

Lembram-se, de como os primeiros quatro discípulos se emocionaram quando ouviram Jesus chamar pela primeira vez?  Imediatamente eles seguiram Jesus.

 Se a nossa prioridade é o Seu chamado, então, como discípulos, devemos atender e segui-lo sem reservas.

 Se o Seu chamado é a nossa prioridade, como Seus discípulos, devemos segui-lo imediatamente, sem dúvidas e hesitações.  Somente confiança e fidelidade. Prontos para deixarmos tudo para trás, por Jesus. 

Amém.

quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

Missão do Japão 14/01/2023: 2º Domingo do Tempo Comum| ANO B (Jo 1,35-42)) Homilia



Uma coisa significativa que as leituras deste domingo nos lembram é a verdade de que todos nós temos apenas um chamado.  Sim.  E esse chamado é o chamado à Santidade.  


Esta é a nossa vocação:  viver uma vida de acordo com os ensinamentos de Jesus sobre a bondade e o amor. O que nosso Senhor quer que façamos é que nos comprometamos com uma vida de santidade em qualquer vocação específica que nos dediquemos.  


Se alguém é sacerdote ou religioso, viva uma santa vida sacerdotal ou religiosa. Seja um exemplo para os outros, para que estes possam realmente experimentar a presença de Deus através dos seus ensinamentos e testemunhos. Se alguém é pai ou mãe, sejam bons e santos pais, para que seus filhos tenham alguém a quem imitar, para que suas próprias vidas não sejam desperdiçadas por causa das ofertas perigosas e sem sentido deste mundo. Se alguém escolheu viver uma vida consagrada, permita que sua vida brilhe, para que os outros saibam que, uma vez que você ofereceu sua vida a Deus, estar sozinho não significa estar só. Porque, realmente, você não está só, mas tem Deus com você o tempo todo. 


Sim, responder ao apelo à santidade não é fácil. Mas tal como os discípulos de Jesus, que provavelmente também tiveram dificuldade em responder bem ao compromisso de viver uma vida de discípulos santos, só temos que fazer, a nossa parte.  E isso o faremos, sendo fiéis ao nosso chamado; o resto será obra de Deus.  Amém.

MISSÃO DO JAPÃO: Solenidade da Epifania do Senhor | Ano B (Mt 2,1-12) Homilia



O nosso Evangelho de hoje, nesta Festa da Epifania de Nosso Senhor, descreve-nos a história da viagem dos três reis magos até onde Jesus nasceu.  E quando finalmente O encontraram, todos se curvaram diante dele e ofereceram presentes preciosos.  Esta história dos sábios nos diz claramente o importante status de nosso Senhor.  Naquela época, ainda quando bebê, o gesto feito pelos três Reis Magos, manifestou um sinal claro de que Jesus é uma Grande e Importante Figura.  Que Ele é especial e extraordinário.  O que esta festa de nosso Senhor nos diz então?  


Primeiro, diz-nos que, se o próprio Jesus, que é Deus e poderoso, escolheu ser simples e comum, isso significa que, é verdade, Ele se preocupa com as pessoas simples e comuns.  E certamente Ele valoriza aquelas pessoas que se preocupam e dão importância aos pobres e às pessoas comuns.  Simplicidade e humildade são realmente grandes valores.  Eles nos ligam e nos aproximam de Jesus.  


Em segundo lugar, diz-nos que nós crentes não precisamos ser hostis com aqueles que não partilham a nossa fé.  Lembre-se, Jesus se apresentou aos pagãos, na simplicidade de uma criança.  Da mesma forma, levemos Jesus aos outros, na simplicidade e na rotina da nossa vida.  Não devemos forçar as pessoas a se tornarem crentes em Jesus.  Mas através de nossas boas obras simples e exemplos humildes, encorajamos e inspiramos outros.  


Nesta festa da epifania do Senhor, lembremo-nos de que a nossa missão como fiéis cristãos é garantir que Jesus se manifesta em todas as coisas boas que fazemos.  E a única maneira de o conseguirmos é certificando-nos de que fazemos tudo com Amor.  Amém.

quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

Missão do Japão 31/12/2023: Sagrada Família: Jesus, Maria e José - Festa | ANO B (Lc 2,22-40) Homilia



Ainda na época do Natal, celebramos neste domingo a Festa da Família de Jesus, Maria e José. Na verdade, não apenas uma linda família de Nazaré, mas uma família cheia de muita santidade. Santa, não apenas pelo seu papel no plano da Salvação, mas a família de Jesus, Maria e José é conhecida como Sagrada Família, especialmente pela sua obediência e fidelidade à vontade de Deus Pai.

Através de um anjo, José foi instruído a não ter medo de tomar Maria como esposa. José entendeu e seguiu a mensagem do anjo. Ele se tornou não apenas um marido fiel para Maria, mas também um pai responsável para Jesus.

Maria quis que a sua vida fosse para Deus, ela escolheu livremente deixar acontecer a Vontade e o plano de Deus. Tendo percebido e compreendido desde cedo que o acontecimento que se realizava em sua vida fazia parte do plano e da Vontade de Deus, ela aceitou-o com alegria. E com toda humildade, viveu bem e fielmente aquela Missão.

O sofrimento e a morte de Jesus na Cruz nos deram claramente a verdadeira essência da Obediência, da Fidelidade a Deus e de sermos Filhos de Deus. Para Jesus não há outra forma de mostrar ao Pai que Ele é um Bom Filho, senão sendo reflexo do Pai em tudo.

A Sagrada Família está nos dizendo que se tivermos certeza de que em nossa vida familiar a Vontade de Deus é a Regra e nossa inspiração, então, certamente, nossas próprias famílias não estarão longe da Sagrada Família. Quando a Vontade Divina está presente e trabalhando em nossas famílias, acredito que o AMOR genuíno também está presente e funcionando.

Assim como a Sagrada Família de Jesus, Maria e José, quando somos fiéis ao nosso chamado, quando o relacionamento amoroso é forte e quando a fidelidade a Deus é evidente, não nos tornamos apenas boas famílias, mas, tornamo-nos Boas Novas para outras famílias e, eventualmente, Boas Novas e presentes para todo o Mundo. Amém

segunda-feira, 25 de dezembro de 2023

A história das Origens: o Princípio e o Presépio

 


Pe. Luciano Zilli



Quando Deus decidiu criar o mundo, a terra estava completamente vazia, mergulhada em densas trevas, não havia calor, luz, e as águas eram tumultuosas e dominavam toda superfície terrestre. Um ambiente hostil à vida, adverso à precária condição das coisas que viriam a existir, à espera de uma Voz que as libertasse daquela condição caótica, antivital. E a Voz se fez ouvir – quem a teria ouvido no Princípio, antes que ouvidos fossem criados? – Ressoou-se por todo o orbe terrestre, separando as água da terra, ordenando que do caos tenebroso refulgisse a luz.

Estrondo de uma Voz... Luz! ... “Eu sou a Luz do mundo”.

E a luz se fez, qual condição primordial à existência de todas as coisas – nenhuma vida pode subsistir submersa nas trevas. Resplandecendo a luz, todas e cores e sons, todas as sensações, movimentos e impulsos vitais, seres aquáticos, terrestres, voláteis, se revestiram de forma, e ganharam vida. E assim, o caos primigênio foi se constituindo, dia-pós-dia, uni-verso: unidade na diversidade; ordem, perfeição, harmonia: Vida. Presépio primordial.

Após seis longos e inobservados dias, ressoando e criando, plasmando e dando forma à matéria informe, a grande Voz, sábia e soberana, chama à existência aquela forma vital capaz de dar sentido a todas aquelas formas inconscientes de vida – dar sentido e governar, conduzir toda a criação ao louvor sideral. Máxima perfeição entre as coisas criadas, porque “imagem e semelhança” da mesma energia vital criadora: “Façamos o ser humano – homem e mulher – à nossa imagem e semelhança!”.

E, assim, homem e mulher – Adão e Eva –, pó da terra, frágil barro informado, recebem o Ruah-Espírito, hálito sagrado. E da Voz ressoa uma benção, e a bênção os torna fecundos: pai e mãe de toda a humanidade; senhores deste mundo, a serviço da Palavra-Verbo-Luz, Voz que comunica a sabedoria dos íntimos desejos divinos; Voz que falará pelos profetas, preanunciando a encarnação do Verbo; Voz que continua ressoar em cada coisa que pulsa vida, sinais visíveis de um amor invisível – sacramento –, pois o universo, comportando todas as suas diversidades, reflete, nas perfeições das coisas criadas, a suprema perfeição; nas belezas singelas, a única Beleza, antiga e sempre nova.

... E o tempo cumpre seu destino. Homem e mulher se distanciam da fonte vital, já não ouvem mais nitidamente o sussurrar da Voz do Princípio. O Presépio original já não comporta mais suas ambições de poder e domínio: querem se tornar a Voz. Pecado, solidão, sofrimento... Morte. Mas o Amor é mais forte que a Morte. O Amor é o Verbo que se faz carne e vem armar sua humilde tenda no meio de nós. E o Verbo eterno, Voz que continua a sustentar e plasmar o universo, a separar as aguas da terra firme; Luz que vem ao mundo para recriar o mundo – pois, nenhuma vida pode subsistir submersa nas trevas.

E as profecias se cumprem. Deus não engana. E o Verbo-Luz se faz criança, e nasce pobre, no meio dos pobres: “Façamos a Palavra à nossa imagem e semelhança”, à semelhança dos homens, semelhantes a Deus: maravilhosa troca, na qual o Verbo se reveste de nossa carne mortal – frágil poeira, barro insuflado, vivificado com o Ruah-Sopro, tenro respirar da Voz criadora –; e nós, de sua aura de eternidade. E o Natal se torna Gênesis, o Presépio se torna um novo Princípio – pois, o Amor é mais forte que a Morte! A graça vence o pecado.



No Princípio, a Voz preparava um mundo capaz de comportar o ser humano – o primeiro Presépio, berço da humanidade –, destinado a refletir e ressoar a potência e a sabedoria da Voz fontal; no Presépio, Deus vem ao mundo para recriá-lo, remetê-lo ao Princípio. No Princípio, havia luz quando Deus chamava à existência o ser humano; no Presépio, mergulhado nas trevas daquela fria noite, faz-se Luz quando se ouve ressoar uma tênue voz – não estrondosa, como no Princípio –, mas “choro de criança”, eco proveniente de um ventre santo – nova Eva, nova mãe. No Princípio, a Voz se transmuta em bênção de vida; no Presépio, o Verbo-carne, Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, cumpre uma antiga profecia: “Em ti, Abraão, em tua descendência, todas as famílias da terra serão abençoadas”. Qual filho de Abraão, semente santa, Jesus vem ao mundo para reverter a maldição que pesava sobre a humanidade, desde os tempos primordiais, quando homem e mulher decidem desobedecer a Voz. Ele é nossa Paz, é a possibilidade – a única – de uma nova Gênesis; é a Luz que resplandecia enquanto a voz criava; É a Luz que continua a resplendecer enquanto Deus continua a criar e re-criar o mundo, em cada coisa que nasce e fenece, em cada choro que se faz ouvir após as longas horas de dores e parto. É sempre Deus, amigo dos homens, Pai da eternidade, a continuar soprando sobre o barro caótico, dando-lhe vida, transformando a desforme matéria em forma santa, “imagem e semelhança” de sua perfeição.

O mundo carece sempre de um novo Princípio... e é do Presépio de Belém que ressoa – tímida,

tênue – a Voz recriadora. Um novo Gênesis é urgente. Novamente se ouve o ressoar ameaçador das anti-vozes – vozes que não geram vida, mas produzem trevas e morte: metralhadoras e canhões: guerra; fome, escravidão, indiferença, preconceitos e discriminações homicidas. O mundo sofre para continuar resplandecendo a glória original de seu Criador. O fim dos recursos naturais compromete a vida sobrea terra, representa o cessar das condições para a sobrevivência daqueles que foram criados para refletir a imagem e semelhança do Criador. O mundo –– com todos os seres que habitam as grandes águas, que rastejam sobre a terra e atingem as mais distantes alturas, este mundo é o grande presépio preparado por Deus para depositar o ser humano. O mesmo mundo que acolheu seu Filho – o Verbo-Voz – naquele humilde presépio, circundado por animais e pobres pastores, este mesmo mundo continua nos acolhendo, e se submetendo ao nosso domínio.

Mas esta é uma noite santa. É Natal. Novo Gênesis. Deus recomeça a recriar o mundo, mais uma vez. Que seja, então, uma noite feliz – a mais feliz de todas as noites –, apesar da dor de tantos irmãos; feliz, apesar da indiferença dos que não se comovem mais com o choro de uma criança; feliz, apesar das sombras da morte ainda ameaçar tantos povos e nações; feliz, apesar de tanta fome e tanto pão, tantas mesas fartas; feliz porque o Presépio de Belém ainda nos recorda que, no Princípio, a Voz divina criou a humanidade qual receptáculo e reflexo do imenso amor de seu coração. Feliz porque não é só uma Voz a falar: é a voz de um Pai, o Pai que ousamos chamar “Pai nosso”.

Dedico estas palavras a todos meus amigos e irmãos; especialmente por aqueles que o divino doador da vida decidiu – em sua imensa bondade e sabedoria – doar-lhes um outro tipo de vida, aquela que chamamos vida plena, por ser eterna. Que eles cantem no céu, junto com os anjos, o anúncio do Natal: “Glória a Deus nas alturas”.