sexta-feira, 31 de julho de 2020

ESTÁGIO MISSIONÁRIO, CARAÇA 2020



Estudantes e Formadores da Congregação da Missão residentes em Belo Horizonte participaram de 06 a 27 de julho de 2020 no Santuário de Nossa Senhora Mãe dos Homens, no Caraça, de um Estágio Missionário. Neste ano, o estágio se deu em uma obra apenas da PBCM, devido ao isolamento social condicionado pela pandemia causada pelo novo coronavírus.  

No período do Estágio a liturgia da Igreja rezava o discurso de Jesus sobre a missão (Mt 10). De modo que a palavra e ação do Filho tornaram-se fonte da palavra e ação dos estudantes e formadores que se colocaram no seguimento do Mestre no Santuário e Curato Nossa Senhora das Graças. O que Jesus disse e fez, os discípulos missionários do Filho Amado enviado pelo Pai, procuram dizer e fazer, na força do Espírito do Ressuscitado, especialmente, nesse período.

As atividades específicas do estágio estiveram organizadas em três frentes:
1. Estudos pessoais, relacionados a leituras de conteúdos da faculdade e da dimensão humana, e estudos comunitários sobre cultura vocacional, onde em equipes, pensou-se em um plano estratégico para pastoral vocacional da PBCM.  

2. Pastoral no Santuário e no Curato Nossa Senhora das Graças. A missão litúrgico/pastoral deu-se, especialmente de forma virtual, excetuando dois momentos no Curato para as festas de São Bento e Santana e em missas diárias no Santuário. 

3. Trabalho de manutenção no Complexo do Santuário do Caraça compreendendo a limpeza das placas, jardins e hortas; pinturas de bancos e calvário; reparação de avarias e limpezas nos objetos sacros da sacristia, peças do museu e livros da biblioteca.

No ritmo do coração, Marcos Ferreira, que ficou na equipe do jardim, escreveu uma “crônica” de agradecimento, no estilo de carta, dirigida aos coirmãos que estiveram envolvidos nessa missão, desde os que ali residem até os que estiveram de estágio missionário. Ver a seguir o texto na integra:


Catas Altas, 24 de julho de 2020 

Amados Irmãos, Louvado Seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

“Todo jardim começa com um sonho de amor. Antes que qualquer árvore seja plantada ou qualquer lago seja construído, é preciso que as árvores e os lagos tenham nascido dentro da alma. Quem não tem jardins por dentro, não planta jardins por fora e nem passeia por eles…”(Rubem Alves)[1].  

A coerência entre a vida de oração e ação é um testemunho agradável a Deus. Vida de entrega de quem “Ora et labora” (Ora e trabalha). Foi essa bela realidade que experienciamos aqui no Santuário do Caraça. 
Sei que o estágio ainda não se concluiu, mas antecipadamente quero expressar: Gratidão!
Amados Irmãos de caminhada, como é normal para todos que estão iniciando o processo de formação o desejo de aproveitar o período de férias para estar com a família, confesso, queria ir a Angelim – PE, visitar os meus familiares, porém, com a pandemia o Caraça se tornou uma alternativa... Só não sabia que seria tão especial. Sim, é por isso que desejo agradecer a Deus pela oportunidade de conviver com vocês durante esses dias e pedir que Ele vos recompense infinitamente. Foi uma benção conhecer mais e conviver... rezar, fazer as refeições e trabalhar juntos foi uma honra. Foi um presente!
Nós sabemos que nos dias atuais está cada vez mais difícil viver a mensagem de Jesus Cristo, seguido de perto o nosso Pai fundador. É um desafio para nós, jovens, perseverar na caminhada; somos de países (Argentina, Brasil, Moçambique e Paraguai) de regiões distintas, com culturas diversas, costumes diferentes... viver e conviver em uma comunidade tendo como Modelo a Santíssima Trindade é um convite a doação e entrega completa, a união na diversidade, é um chamado a viver o amor. É um desafio de amor. Superação. Compreensão e perdão. 
Vi, com os meus próprios olhos, ou ouvi, com meus ouvidos, a ação de vocês e o entusiasmo ao se colocar a serviço da maior beleza desse maravilhoso espaço. O Caraça é rico em beleza, silêncio e naturalidade. O zelo e cuidado são sempre bem-vindos. Tenho tanto orgulho de vocês. Meu coração está em festa por fazer parte dessa família. 
Alguns buscam contemplar Deus na natureza, na oração, no silêncio... sabe, eu também, mas o meu lugar predileto de encontro é nos Irmãos. Fiquei realizado por ver coirmãos e colaboradores felizes em fazer suas atividades com gentileza, acolhida, educação, respeito e muito amor. Uma convivência linda de se perceber. O zelo aqui toma conta de tudo. O comportamento das pessoas do lugar coloca em evidência sua intimidade com Deus traduzida na prática.  
Esse lugar é especial. Permitam-me partilhar algo sob o meu trabalho nesse momento. Fui muito feliz em trabalhar no jardim. Confesso que não tinha as habilidades necessárias para aquele ofício e por isso me perguntava: Senhor, o que desejas me ensinar no jardim? Primeiro, que a humanidade é um jardim; segundo, que o ser humano é especial e requer muito cuidado, paciência e amor, e terceiro, que Ele (Deus) é o Jardineiro. 
No início machuquei muitas plantinhas, mas depois entendi que eu não precisava ser perfeito, apenas ter muito cuidado, não precisa ter pressa. Não seremos nós apressurados em nossa missão? Aprendi que Deus queria que eu aprendesse a não desistir das pessoas e dar mais uma chance, ou quantas for preciso ou necessário... O bom jardineiro sabe a importância e valor sem comparação de cada planta. Por isso poda, não arranca e joga fora. Precisei, com minha falta de habilidade, replantar muitas... Não seremos nós, displicentes em nossos relacionamentos e compromissos? Não devemos desistir dos que não nos agrada, dos diferentes, dos outros, quando discordar de nós.
Para finalizar essas palavras quero deixar evidente: O nosso mundo seria menos belo sem vocês. Gratidão. 
E quando vier a desanimação por fazer pouco e coisa tão pequenas, lembremos: “O que eu faço é uma gota no meio de um oceano. Mas sem ela, o oceano será menor”[2]. “Deus juntou todas as águas e fez o mar. Deus juntou todas as graças e fez Maria”. Sim, peço que a Mãe de Jesus e nossa faça vir sobre vocês uma chuva de infinitas graças. Gratidão sem limitações.

Abraço Fraterno,
Marcos Ferreira da Silva
Obs.: Caso o texto tenha ficado sem coerência, peço perdão, pois foi no ritmo do coração.


[1] Rubem Azevedo Alves foi um psicanalista, educador, teólogo, escritor e pastor presbiteriano brasileiro. Foi autor de livros religiosos, educacionais, existenciais e infantis.
[2] Madre Teresa de Calcutá 




domingo, 19 de julho de 2020


"Na vida real, no entanto, você não reage ao que alguém fez; você reage apenas ao que acha que ela fez, e a lacuna entre ação e percepção é preenchida pela arte do gerenciamento de impressões. Se a própria vida é apenas o que você considera, então por que não concentrar seus esforços em convencer os outros a acreditar que você é um cooperador virtuoso e confiável?"

Andrea Wilson

quarta-feira, 15 de julho de 2020

Magnificat: a Espiritualidade Mariana em saída



MAGNIFICAT (Lc 1,45-55)


46 Então Maria disse:
 «Minha alma proclama a grandeza do Senhor,
47 meu espírito se alegra em Deus, meu salvador,
48 porque olhou para a humilhação
de sua serva.
Doravante todas as gerações me felicitarão,
49 porque o Todo-poderoso realizou grandes obras em meu favor:
seu nome é santo,
50 e sua misericórdia chega aos que o temem,
de geração em geração.
51 Ele realiza proezas com seu braço:
dispersa os soberbos de coração,
52 derruba do trono os poderosos e eleva os humildes;
53 aos famintos enche de bens, e despede os ricos de mãos vazias.
54 Socorre Israel, seu servo,
lembrando-se de sua misericórdia,
55 - conforme prometera aos nossos pais -
em favor de Abraão e de sua descendência, para sempre.»


*****
WEBINAR DA JMV BRASIL
Evento: Semana da Aparição: JMV 190 anos

Tema: “Magnificat: a espiritualidade mariana em saída”
Convidados: Cleber Teodósio, CM e Ir. Adenilde Marcedo, FC
Moderador: Rafael Cruz, FC
Data: 14 de julho de 2020
Horário: 20h
Local: Yotube.com/TheJMVBrasil (Via Zoom)

APANHADO GERAL DA FALA

A Espiritualidade Mariana
Espiritualidade é experiência de Deus, é o ser-humano-com-espírito. De modo que ao refletir sobre a espiritualidade de Maria, ou seja, o modo como Ela se relacionou com Deus, eu fico com a sua entrega, seu despojamento, a forma pela qual ela colocou-se a disposição para fazer, em tudo, a Vontade de Deus, o que a tornou a primeira Discípula e Missionária de Jesus. Creio que ai está o sumo da sua espiritualidade. Mas do que ser a “Mãe de Deus” (Theotokos), a “Escolhida”, a “Bendita entre as mulheres” ela foi discípula/missionária de Jesus, algo que também nos convida ser!     
E como vicentinos, vale lembrar aqui, as três imagens da Espiritualidade Mariana cultivadas por São Vicente de Paulo. Segundo Dodin, a referência a Maria, faz-se constante em suas meditações:
1) A Imaculada Conceição: Mistério intimamente relacionado com a sua perfeição, suas virtude de pureza e humildade;
2) Anunciação e a Encarnação: Mistério que São Vicente descreve com amorosa admiração e relaciona com a humildade, a comunhão e as orações Ave Maria e Ângelus;
3) Visitação: Parâmetro para todo cristão batizado. Nela o Magnificat (que é tema que estamos discutindo, hoje) revela o atrativo da humildade aos olhos de Deus.

A vivência de Espiritualidade Mariana pela JMV no mundo Maria, Jesus e os demais santos da história do cristianismo que conhecemos são o que são em todos os lugares, porém é verdade que esses são representados de formas distintas, inculturadas, pois a noção de belo, galante ou sublime para nós da JMV Brasil é diferente da mesma noção que têm os jovens de cultura europeia (ainda que também ocidental), africana ou oriental.
Maria, na visão do Pe. Robert Maloney, ex Superior Geral da Congregação da Missão, no artigo: Cinco Rostos de Maria, é “depois de Jesus, o personagem bíblico com mais influência sociocultural em nossos dias”. E conforme a Lumen Gentium, Maria é a melhor e mais perfeita imagem da Igreja. (LG, 8), e como bem sabemos, a Igreja é unidade, mas na diversidade.
De modo que, por exemplo, a JMV da África, ainda que muito influenciada pelos missionários europeus, ver e vive sua Espiritualidade Mariana a partir de uma imagem negra, espelhada na figura da mãe que, mesmo com as limitações do dia a dia, luta com todas as suas forças, para oferecer o que tem de melhor a seus filhos.
A JMV ameríndia, mesmo venerando Nossa Senhora das Graças, identifica Maria como a Moreninha, Virgem de Guadalupe, Caacupé ou Aparecida. Senhoras encarnadas na vida e história dos povos.
Também na Europa, a visão que a JMV tem de Nossa Senhora não é tão homogênea. Sabemos que o rosto marcante de Maria na história da JMV do “Velho Continente” é a Virgem da Medalha Milagrosa, cuja imagem primeira encontra-se na Capela da Casa Mãe das Filhas da Caridade em Paris, França, porém a JMV Portugal tem uma grande devoção a Nossa Senhora de Fátima, a JMV Polônia, à Virgem do Monte Claro (Matka Boska Częstochowska), na JMV Espanha há uma região que venera a Virgem do Pilar, e assim por diante.
Todas essas devoções são fruto das experiências dos povos que se deixam mostrar, e é imitando, ou melhor, seguindo o que essas expressões religiosas ensinam, que a JMV, desses países, vão vivendo sua Espiritualidade Mariana, e por ela sua relação com Deus, pois como sabemos Maria nunca foi e nunca quis ser o fim, mas o meio pelo qual chegamos a Deus, Ela não quer nada para si, mas para seu Filho, por isso tudo que dirigimos a Ela, Ela reporta a Deus por meio de Jesus Cristo.
O Magnificat e a atualidade
O cântico de Maria ressoa citações ou evocações vétero-testamentárias, especialmente em relação ao Cântico de Ana, pronunciado por ocasião do nascimento do filho Samuel (1Sm 2,1-10) e este é o pano de fundo do Magnificat.
Lucas, ao escrever ao “Teófilo” coloca esse cântico, com as devidas adequações, nos lábios de Maria. O Magnificat foi no tempo de Jesus: louvor, ação de graças, elevação dos humildes, crítica ao orgulho da riqueza que impede o acesso ao Reino, convite à humildade, abertura ao pobre, reconhecimento da grandiosidade, misericórdia e amor de Deus pela humanidade.
Toda essa mensagem continua pujante em nossos dias. Também hoje, ao nosso modo, o Magnificat pode e deve ser um hino cantando por cada um de nós, não só com palavras, mas com a vida.
Outra coisa que não podemos deixar passar despercebido é o contexto no qual Maria cantou o Magnificat. Momentos antes, o Anjo Gabriel tinha anunciado que Ela seria a Mãe do Salvador, e na mesma locução também a comunicou que Isabel, sua prima, estava grávida. Maria não se deixa assoberbar com o fato de ter sido escolhida para ser a Mãe do Filho de Deus, Ela pôs-se a caminho e foi servir Isabel. Isso é um exemplo do que, a partir do Documento de Aparecida (574), a Igreja vem chamado de Discípulo/Missionário e o que o pontificado do Papa Francisco chama “Igreja em Saída”. Ou seja, o Magnificat se faz muito atual e necessário como instrumento de reflexão na vida dos cristãos, especialmente, na nossa, Jovens Marianos Vicentinos.  

Ser JMV em tempos de pandemia.
Como dizíamos anteriormente: a dinâmica é não se acomodar e ser “Igreja em saída”, como sugere o Papa Francisco. Colocando-se a escuta, a serviço e a disposição do outro. Seja um jovem que escuta o outro, que se coloca em seu lugar, que está ao lado, que é solidário com dor ou a carência do outro, como Maria foi com Isabel, que necessitava de ajuda.
Sabemos que o tempo é de riscos, mas a vida mesma é correr riscos. A pandemia não pode nos paralisar. O que devemos fazer é, inspirados em São Vicente de Paulo que nos convida a ser inventivos até o infinito, colocar nossa cabeça para funcionar e refletir de que maneira podemos continuar a viver uma evangelização de palavras e de obras, mesmo com os limites que o tempo atual nos obriga.
Uma saída seria:
a) Estar presente junto àqueles que estão mais próximos: os nossos familiares,
b) Telefonar, usar as redes sociais para se comunicar e anunciar boas notícias, bem como, escutar as pessoas de nosso ciclo de amizade ou não, que moram em outras casas;
c) Publicar em nossas redes sociais mensagens positivas que levem a esperança;
d) Não disseminar correntes ou mensagens que espalham o medo ou fakenews.
e) Orar pelos mais pobres, porém não ficar só na oração. Envolver-se em campanhas de arrecadação de alimentos, produtos de higiene e limpeza ou de algum outro item de primeira necessidade a pessoas ou instituições que carecem dos mesmos. Recolher esses produtos e levá-los, com os cuidados necessários (máscara, álcool gel e distanciamento social), a essas pessoas.
Caso o seu grupo de JMV não possa desenvolver sozinho uma campanha nessa envergadura, pode fazer parceira nas campanhas que outros ramos da FV já vêm desenvolvendo. Basta buscar nos demais ramos que encontrará um modo de servir. Elencaremos aqui três opções:
a) Projeto Compartilhando Esperança, dos estudantes da Congregação da Missão Província do Rio de Janeiro, que trabalham com emissão de vídeos semanais, recolhimento de produtos e entrega dos mesmos, aos mais necessitados na grande Belo Horizonte. (Fale Cleber Teodósio: @clefabiooliveira).
b) Projeto Rede de Afeto da SSVP Brasil, que visa acompanhamento psicológico de pessoas vulneráveis em tempo de pandemia. (Fale com Ada Ferreira: @feereiraada).
c) Projetos Sociais da Famvin Internacional. Conheça os diferentes projetos e ajude aquele que lhe chamar mais a atenção. (www.famvin.net).         

Ver a seguir a webinar completa: