sexta-feira, 29 de março de 2019

Entrevista com Diác. João Soares, CM sobre o EJV + JMJ


A Jornada Mundial da Juventude - JMJ, evento religioso da Igreja Católica, implementado por João Paulo II, em Roma, a partir dos encontros de 1984-1985. Desde usa primeira edição, a cada dois ou três anos, reúne milhares de fieis, especialmente, jovens, em diferentes países do mundo, objetivando favorecer o encontro pessoal com Cristo, e a promoção da paz entre os povos, tendo a juventude como embaixadora. A partir da edição do ano 1997, em Paris, a Família Vicentina passou a realizar prévia a jornada, o Encontro de Jovens Vicentinos – EJV, promovendo o fortalecimento da identidade dos participantes como membros da Igreja a partir da perspectiva do Carisma Vicentino.

Em janeiro de 2019, Panamá recebeu ambos os eventos: O IX EJV, de 18 a 21, em Arraiján com o tema: “A alegria de ser Vicentino” e a XXXIV JMJ, de 22 a 27, na Cidade do Panamá, sobre o tema: “Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1, 38). Participaram dos mesmos, diversos vicentinos brasileiros, dentre eles o seminarista Louis Francescon, CM para quem a experiência foi muito rica e uma oportunidade singular: “Nesses dias, a frase de motivação foi ‘eu acredito na força da Juventude’! Participar desses encontros é poder renovar a esperança e apostar nos milhares de jovens, que se comprometem com o seguimento a Jesus, com o Reino de Deus, abertos ao Espírito Santo, que capacita e interpela a Missão” Afirmou Louis. Da PBCM, fizeram-se presentes também os Padres Denilson Matias, CM e Alexandre Nahass, CM. Na missa de abertura do EJV, Pe. Tomaž Mavrič, CM disse que “a alegria do Evangelho provém da convicção de que, como disse São Vicente, continuamos a missão de Jesus na terra, e que o servindo aos pobres, serve-se próprio Jesus”. Já no final da Jornada, foi anunciado que a próxima JMJ se daria em Portugal. Entrevistamos, de ali, o Diác. João Soares, CM, que nos externou a alegria de ter peregrinado ao Panamá, bem como as expectativas para ser anfitrião do EJV+JMJ em 2022:

1.Qual a importância da realização de um encontro como o EJV para a Família Vicentina Internacional e em que isso implica a CM?
Creio que um encontro de jovens vicentinos a nível internacional realça o sentido de família. Família essa que não vive isolada, mas em comunhão. Uma família que partilha experiências, fé e, sobretudo, o amor a Deus nos pobres. Falar deste encontro é falar de comunhão, portanto faz todo o sentido. No que diz respeito a nós, Congregação da Missão, creio que este encontro permite duas coisas: a primeira porque dentro da CM existem jovens e, por isso, este encontro é também para nós; a segunda, porque nós não nos podemos esquecer que temos o dever de acompanhar a juventude, e por isso, este encontro é também um repto para nós.

2.Os eventos: EJV e a JMJ despertam nos jovens de hoje o desejo de seguir Jesus por meio da Vida Religiosa Consagrada? Como?
Acredito que estes encontros estimulam os jovens a uma maior vivência com Deus. Creio que o Evangelho do Semeador é uma boa parábola para explicar o que acontece nestes encontros. Há alguns que não lhes provoca sentimento algum, outros que até lhes provoca, mas falta-lhes raiz, ou seja, profundidade para assumir o projecto de Deus na sua vida; outros que são abafados pelas opiniões dos outros; e por fim, existem aqueles em que tem terreno para que este encontro com Deus possa provocar neles uma mudança de vida. O importante é que alguém semeie. O resto, deixemos com Deus, Ele saberá dizer como fazer.

3.A partir das temáticas, partilhas e convivência junto com pessoas que encontrou no EJV e JMJ Panamá 2019 que mensagem extrai para sua vida de Missionário Vicentino? 
Trago comigo duas ideias interessantes, que acredito que são essenciais para o meu ministério, principalmente no meio dos jovens. Em primeiro lugar, a ideia que para anunciar-lhes algo são necessários modelos. Maria foi o modelo utilizado nestes dois encontros, e, portanto, se quero chegar a alguém não lhes posso dar algo abstrato, mas uma fé que é vivida e vivenciada por alguém. Em segundo lugar, creio que devemos ter atenção às formas.  O mundo mudou, e as formas de transmissão da fé devem acompanhar essas mudanças. O que o Papa fez quando utilizou a palavra «influencer» ou outras palavras do género, revela uma aproximação àquilo que é vivido hoje em dia. Não demonizar o que existe, mas aproveitá-lo como uma oportunidade. Acredito que seja este o caminho.

4.Como está sua expectativa e a do País em receber, ai, a próxima JMJ? As atividades próprias do evento serão norteadas por qual tema?
Portugal já recebeu alguns megaeventos, entre eles, visitas papais, contudo creio que receber a próxima JMJ é uma oportunidade para estimular a fé deste povo. A expectativa é alta, porque alto é também o evento. Acredito que iremos fazer o melhor para que todos os jovens se sintam em casa, mas, sobretudo, para que todos os jovens possam fazer uma experiência de encontro com Jesus. Quanto ao tema, ainda não se decidiu, mas certamente a imagem de Maria vai estar muito vinculada, não fosse Portugal terra de Santa Maria.

5.Com a Jornada em Portugal, a Família Vicentina realizará, previamente, o EJV. O que vocês já têm pensado para o mesmo? 
No que diz respeito ao encontro de Jovens vicentinos, ainda esta tudo muito verde. Creio que ainda estamos no momento de festa por ter recebido a notícia. Contudo, acredito que, em breve, se criarão comissões para a organização do mesmo. É um encontro desejado e sei que já existem várias ideias em cima da mesa. Mas tal como disse anteriormente, penso que o importante é proporcionar aos jovens um encontro com Cristo, que, no nosso caso, esse encontro deve ser á maneira de Vicente de Paulo.

6.Como se dá a relação da CM Portugal com a Juventude Vicentina e com outros ramos da FV? Já desenvolvem trabalhos em colaboração? Deixe-nos um exemplo.
A colaboração dos jovens com a família vicentina creio que é boa. Existe o Conselho Nacional da Família Vicentina que elaboram projetos comuns, como a PAC (Programa de Ação Colaborativa), o Dia Nacional da Família Vicentina e depois nas ações concretas de cada grupo existe uma mútua colaboração. É verdade, que ainda há um caminho a fazer porque esta ideia de família ainda é muito recente na consciência dos próprios ramos, mas o caminho que está a ser trilhado vai num bom sentido.

7.Como a CM e a FV Portugal pode agir a fim de que o próximo EJV consiga cultivar nos jovens o desejo de se comprometerem como tal e logo como adultos ativos nos diferentes ramos vicentinos?
Como disse anteriormente, acho que a CM tem que proporcionar aos jovens modelos de vivência da vocação. E não basta com aqueles que já partiram e que agora estão nos altares. Creio que todos nós somos chamados a ser exemplos de vocação vicentina. Não nos podemos excluir. Estamos num tempo em que nos é exigida radicalidade, seriedade e uma forte vivência daquilo que o nosso fundador nos chamou a viver. Afinal este modelo de vida ajudou à santificação de muitos e acredito que poderá ainda ajudar a santificação de muitos mais. Mas sem uma demonstração autêntica, real e radical, não poderemos exigir nada, pois não estamos a dar nada. No fundo temos que ser uma alternativa ao mundo, estando no próprio mundo. É difícil, exigente, mas é possível.

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