sábado, 30 de março de 2019

“Oficina de Missão” no Encontro de Líderes da JMV BH - MG Brasil, 2019



“A Igreja precisa de vocês, do entusiasmo, da criatividade e da alegria que lhes caracterizam! Um grande apóstolo do Brasil, o Bem-aventurado José de Anchieta, partiu em missão quando tinha apenas dezenove anos! Sabem qual é o melhor instrumento para evangelizar os jovens? Outro jovem! Este é o caminho a ser percorrido por vocês! ”
(Para Francisco, JMJ Rio 2013)

A JMV é uma associação eclesial, laica, mariana, vicentina e missionária. Nessa oficina trabalharemos a dimensão missionária de nossa associação. Todo cristão é missionário, chamado a sair de si mesmo para fazer de sua vida um dom para a humanidade. Assim a JMV está chamado a ser profeta e testemunha do amor de Deus, comprometendo-se a dando testemunho d'Ele com palavras e obras.

Em muitos grupos de base da JMV essa nota missionária se dá no terceiro encontro do mês, quando o grupo deixa as quatro paredes e vai ao encontro dos mais pobres onde realiza visitas domiciliares, colégios, hospitais, asilos de idosos, orfanato para crianças, casa de apoio, serviço a mulher marginalizada, drogadictos, imigrantes, etc. A ação não tem que se resumir a uma visita, pode-se inclusive fazer campanhas vocacionais ou de doações de brinquedos, roupas ou alimentos para necessitados, tardes de missões no bairro, abraços grátis, fazer mutirão de limpeza de uma obra social ou da casa de um idoso ou enfermo, buscar parcerias com outros ramos e associações afim de que o trabalho se fortaleza e seja mais efetivo, ou seja fazer um serviço concreto!
Nessa oficina nos deteremos sobre o tema das missões e de posse de nossas bíblias tomaremos nosso trem missionário e percorreremos sobre algumas passagens que aludem às mesmas.


Para se realizar uma missão requer seguir passos importantes. Um modelo de missão pode obedecer a seguinte estrutura: pré-missão (preparação), missão (execução) e pós-missão (resultados). Esses passos devem caminhar em sintonia, conforme vagões de um trem.

Analisaremos cada um dos passos buscando na bíblia versículos que fundamentam cada um deles:

1º PASSO: PRÉ-MISSÃO
a) Decidir-se pela missão: Maria decide pela missão de dá à luz a Jesus: “Eis a ___________ do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua _____________” (Lucas 1,38). Nós também somos convidados a levar a luz de Cristo ao mundo.
b) Convocar missionários: Após seu batismo Jesus convocou seus primeiros discípulos para uma missão de pescar almas para o reino: “Sigam-me, e eu farei de vocês _____________de homens’. Eles deixaram imediatamente as _____________, e seguiram a Jesus”. (Mateus 4, 19-20). Jesus continua chamando, escute a voz do Mestre em seu coração e siga-O!
c) Formar os missionários: Na escola de Jesus o maior ensinamento é o amor. Jesus reúne ao redor de si seus seguidores e os instruem no sermão da montanha: “Vocês ouviram o que foi dito: ‘Ame o seu _____________, e odeie o seu inimigo!’ Eu, porém, lhes digo: __________ os seus inimigos, e rezem por aqueles que perseguem vocês! Assim vocês se tornarão __________ do Pai que está no céu, porque ele faz o __________ nascer sobre maus e bons, e a chuva cair sobre justos e injustos”. (Mateus 5, 43-45). Assim amemos a Deus sobre todas a coisas e ao próximo como a nós mesmos.
d) Consolidação de novas lideranças: Depois da profissão de fé, Jesus escolhe Pedro para liderar sua Igreja: “Por isso eu lhe digo: você é Pedro, e sobre essa __________ construirei a minha Igreja, e o _________ da morte nunca poderá vencê-la” (Mateus 16,18). Qual a missão que Jesus nos confia hoje?

2º PASSO: MISSÃO
e) Anúncio explícito da Palavra de Deus: Já ressuscitado Jesus aparece a seus discípulos e diz:  “Vão pelo _________ inteiro e anunciem a Boa Notícia para toda a ___________. Quem acreditar e for batizado, será salvo”. (Marcos 16, 15-16). Hoje Jesus continua nos convocando para ir de missão. Qual será nossa resposta?!
f) Visitas domiciliares. Jesus visitava o povo de Deus e os ajudava suprir suas necessidades. “ Jesus saiu da sinagoga, e foi para a casa de Simão. “A sogra de Simão estava com ­­­­­­­_________ alta, e pediram a Jesus em favor dela. Inclinando-se para ela, __________ ameaçou a febre, e esta deixou a __________. Então, no mesmo instante, ela se levantou, e começou a servi-los” (Lucas, 4, 38-39). Nós também somos convidados a visitar nossos familiares e amigos, bem como aos idosos, enfermos, e especialmente aos mais pobres.
g) Missas, procissões, encontros específicos, sacramentos, etc. As missões são um tempo privilegiado da graça do Senhor Jesus: “O Espírito do __________ está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção, para anunciar a Boa __________ aos pobres; enviou-me para proclamar a ______________ aos presos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos, e para proclamar um ano de ___________ do Senhor” (Lucas 4, 18-19). Fazer a Vontade de Deus foi o programa da vida de Jesus. Qual o seu projeto de vida? Ele está em conformidade com a Vontade de Deus?

3º PASSO: PÓS-MISSÃO
h) Perseverança e fidelidade em Deus. Quem tem uma experiência de encontro com Cristo não esquece e nem guarda para si, mas testemunha-O com sua vida. Assim aconteceu com as pessoas que foram curadas por Jesus, com quem O escutou falar, com quem caminhou com Ele - como os Discípulos de Emaús: “Então os dois contaram o que tinha acontecido no ______________, e como tinham reconhecido Jesus quando ele partiu o __________” (Lucas, 24, 35). Assim somos convidados a viver tudo aquilo que aprendemos sobre Jesus e anunciar o seu nome aos demais.
Sejamos também nós, a partir de nossas realidades, discípulos e missionários de Jesus Cristo.
Referência: Bíblia Pastoral da Paulus

ESQUEMA PARA VISITAS MISSIONÁRIAS NAS FAMÍLIAS:


1. Saudação Inicial: Desejar a paz!
2. Apresentação: Quem somos? Quem nos enviou?
3. Objetivo da visita: Por que estamos aqui?
4. Escutar o que a família visitada tem a dizer (Importante)
5. Caso a família aceite fazer um momento de oração:
I) Se a família for católica:
a) Iniciar com o sinal da cruz
b) Perguntar se a família tem alguma intenção de oração e colocar as suas intenções. Pode-se ainda se reconhecer como pecador e ou agradecer a Deus pela sua misericórdia para com todo nós.
c) Leitura e partilha de um texto bíblico. Sugestões:
          • Lucas 10, 38-42: “Marta recebeu a Jesus”
          • Lucas 19,1-9: “Hoje a salvação entrou nesta casa”
          • Lucas 10,5-9: “A paz esteja nesta casa”
          • Alguém doente: Mateus 11,28-30: “Vinde a mim e eu vos aliviarei”
d) Preces pela família, pela casa, pelas necessidades das pessoas etc. (opcional)
e) Bênção: “Senhor, abençoa os membros desta família, sua casa e todos os seus bens, protegendo-os e livrando-os dos perigos e tentações, animando-os no compromisso familiar e comunitário, tornando-os testemunhas de vida nova. O Senhor os abençoe e guarde! O Senhor lhes mostre sua face e tenha piedade de vós! O Senhor lhes mostre o seu rosto e lhe conceda a paz!” Amém!!!
f) Pedir a benção de Deus sobre água e/ou aspergir água benta sobre a família e casa cantando um canto de benção e/ou rezando o Pai Nosso e a Ave Maria.
g) É oportuno terminar com o abraço da Paz e o sinal da cruz...
II) Se a família não for católica pode ser feito, em comum acordo com a família visitada os passos anteriores, excluindo a Ave Maria, benção e aspersão da água e rezar o Pai Nosso Ecumênico: “Pai Nosso, que estais nos céus, santificado seja o teu nome, venha o teu Reino. Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia dá-nos hoje, perdoa as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido. E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal, pois teu é o Reino, o Poder e a Glória para sempre. Amém!”
6. Conclui-se a visita agradecendo a família, dando alguns avisos e lembrança.


sexta-feira, 29 de março de 2019

Entrevista com Diác. João Soares, CM sobre o EJV + JMJ


A Jornada Mundial da Juventude - JMJ, evento religioso da Igreja Católica, implementado por João Paulo II, em Roma, a partir dos encontros de 1984-1985. Desde usa primeira edição, a cada dois ou três anos, reúne milhares de fieis, especialmente, jovens, em diferentes países do mundo, objetivando favorecer o encontro pessoal com Cristo, e a promoção da paz entre os povos, tendo a juventude como embaixadora. A partir da edição do ano 1997, em Paris, a Família Vicentina passou a realizar prévia a jornada, o Encontro de Jovens Vicentinos – EJV, promovendo o fortalecimento da identidade dos participantes como membros da Igreja a partir da perspectiva do Carisma Vicentino.

Em janeiro de 2019, Panamá recebeu ambos os eventos: O IX EJV, de 18 a 21, em Arraiján com o tema: “A alegria de ser Vicentino” e a XXXIV JMJ, de 22 a 27, na Cidade do Panamá, sobre o tema: “Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1, 38). Participaram dos mesmos, diversos vicentinos brasileiros, dentre eles o seminarista Louis Francescon, CM para quem a experiência foi muito rica e uma oportunidade singular: “Nesses dias, a frase de motivação foi ‘eu acredito na força da Juventude’! Participar desses encontros é poder renovar a esperança e apostar nos milhares de jovens, que se comprometem com o seguimento a Jesus, com o Reino de Deus, abertos ao Espírito Santo, que capacita e interpela a Missão” Afirmou Louis. Da PBCM, fizeram-se presentes também os Padres Denilson Matias, CM e Alexandre Nahass, CM. Na missa de abertura do EJV, Pe. Tomaž Mavrič, CM disse que “a alegria do Evangelho provém da convicção de que, como disse São Vicente, continuamos a missão de Jesus na terra, e que o servindo aos pobres, serve-se próprio Jesus”. Já no final da Jornada, foi anunciado que a próxima JMJ se daria em Portugal. Entrevistamos, de ali, o Diác. João Soares, CM, que nos externou a alegria de ter peregrinado ao Panamá, bem como as expectativas para ser anfitrião do EJV+JMJ em 2022:

1.Qual a importância da realização de um encontro como o EJV para a Família Vicentina Internacional e em que isso implica a CM?
Creio que um encontro de jovens vicentinos a nível internacional realça o sentido de família. Família essa que não vive isolada, mas em comunhão. Uma família que partilha experiências, fé e, sobretudo, o amor a Deus nos pobres. Falar deste encontro é falar de comunhão, portanto faz todo o sentido. No que diz respeito a nós, Congregação da Missão, creio que este encontro permite duas coisas: a primeira porque dentro da CM existem jovens e, por isso, este encontro é também para nós; a segunda, porque nós não nos podemos esquecer que temos o dever de acompanhar a juventude, e por isso, este encontro é também um repto para nós.

2.Os eventos: EJV e a JMJ despertam nos jovens de hoje o desejo de seguir Jesus por meio da Vida Religiosa Consagrada? Como?
Acredito que estes encontros estimulam os jovens a uma maior vivência com Deus. Creio que o Evangelho do Semeador é uma boa parábola para explicar o que acontece nestes encontros. Há alguns que não lhes provoca sentimento algum, outros que até lhes provoca, mas falta-lhes raiz, ou seja, profundidade para assumir o projecto de Deus na sua vida; outros que são abafados pelas opiniões dos outros; e por fim, existem aqueles em que tem terreno para que este encontro com Deus possa provocar neles uma mudança de vida. O importante é que alguém semeie. O resto, deixemos com Deus, Ele saberá dizer como fazer.

3.A partir das temáticas, partilhas e convivência junto com pessoas que encontrou no EJV e JMJ Panamá 2019 que mensagem extrai para sua vida de Missionário Vicentino? 
Trago comigo duas ideias interessantes, que acredito que são essenciais para o meu ministério, principalmente no meio dos jovens. Em primeiro lugar, a ideia que para anunciar-lhes algo são necessários modelos. Maria foi o modelo utilizado nestes dois encontros, e, portanto, se quero chegar a alguém não lhes posso dar algo abstrato, mas uma fé que é vivida e vivenciada por alguém. Em segundo lugar, creio que devemos ter atenção às formas.  O mundo mudou, e as formas de transmissão da fé devem acompanhar essas mudanças. O que o Papa fez quando utilizou a palavra «influencer» ou outras palavras do género, revela uma aproximação àquilo que é vivido hoje em dia. Não demonizar o que existe, mas aproveitá-lo como uma oportunidade. Acredito que seja este o caminho.

4.Como está sua expectativa e a do País em receber, ai, a próxima JMJ? As atividades próprias do evento serão norteadas por qual tema?
Portugal já recebeu alguns megaeventos, entre eles, visitas papais, contudo creio que receber a próxima JMJ é uma oportunidade para estimular a fé deste povo. A expectativa é alta, porque alto é também o evento. Acredito que iremos fazer o melhor para que todos os jovens se sintam em casa, mas, sobretudo, para que todos os jovens possam fazer uma experiência de encontro com Jesus. Quanto ao tema, ainda não se decidiu, mas certamente a imagem de Maria vai estar muito vinculada, não fosse Portugal terra de Santa Maria.

5.Com a Jornada em Portugal, a Família Vicentina realizará, previamente, o EJV. O que vocês já têm pensado para o mesmo? 
No que diz respeito ao encontro de Jovens vicentinos, ainda esta tudo muito verde. Creio que ainda estamos no momento de festa por ter recebido a notícia. Contudo, acredito que, em breve, se criarão comissões para a organização do mesmo. É um encontro desejado e sei que já existem várias ideias em cima da mesa. Mas tal como disse anteriormente, penso que o importante é proporcionar aos jovens um encontro com Cristo, que, no nosso caso, esse encontro deve ser á maneira de Vicente de Paulo.

6.Como se dá a relação da CM Portugal com a Juventude Vicentina e com outros ramos da FV? Já desenvolvem trabalhos em colaboração? Deixe-nos um exemplo.
A colaboração dos jovens com a família vicentina creio que é boa. Existe o Conselho Nacional da Família Vicentina que elaboram projetos comuns, como a PAC (Programa de Ação Colaborativa), o Dia Nacional da Família Vicentina e depois nas ações concretas de cada grupo existe uma mútua colaboração. É verdade, que ainda há um caminho a fazer porque esta ideia de família ainda é muito recente na consciência dos próprios ramos, mas o caminho que está a ser trilhado vai num bom sentido.

7.Como a CM e a FV Portugal pode agir a fim de que o próximo EJV consiga cultivar nos jovens o desejo de se comprometerem como tal e logo como adultos ativos nos diferentes ramos vicentinos?
Como disse anteriormente, acho que a CM tem que proporcionar aos jovens modelos de vivência da vocação. E não basta com aqueles que já partiram e que agora estão nos altares. Creio que todos nós somos chamados a ser exemplos de vocação vicentina. Não nos podemos excluir. Estamos num tempo em que nos é exigida radicalidade, seriedade e uma forte vivência daquilo que o nosso fundador nos chamou a viver. Afinal este modelo de vida ajudou à santificação de muitos e acredito que poderá ainda ajudar a santificação de muitos mais. Mas sem uma demonstração autêntica, real e radical, não poderemos exigir nada, pois não estamos a dar nada. No fundo temos que ser uma alternativa ao mundo, estando no próprio mundo. É difícil, exigente, mas é possível.

Referência:

terça-feira, 5 de março de 2019

Pequeno Histórico sobre a Congregação da Missão



A Congregação da Missão (Congregatio Missionis, CM), Lazaristas ou ainda Padres e Irmãos Vicentinos, é uma sociedade de vida apostólica masculina católica fundada em Paris, no dia 17 de abril de 1625, por Vicente de Paulo (1581–1660). A origem remonta às missões junto aos pobres realizadas por Vicente de Paulo e outros padres. Em 1624 a comunidade religiosa instalou-se no Collège des Bons Enfants, em Paris, França. Receberam aprovação episcopal em 1626. Em 1634, através da bula Salvatoris Nostri do Papa Urbano VIII a Congregação teve aprovação pontifícia.

Essa Sociedade é composta por padres seculares e leigos consagrados (irmãos), que vivem e trabalham em comunidade e fazem os Votos de Estabilidade, Pobreza, Castidade e Obediência. Seus membros são conhecidos como padres e irmãos vicentinos ou lazaristas porque a primeira casa da Congregação, em Paris (1632), chamava-se “Casa de São Lázaro”. Hoje, possui cerca de 3000 membros, espalhados pelos cinco continentes, atuando em missões, seminários, paróquias, direção espiritual as Filhas da Caridade e Ramos da Família Vicentina, bem como, atuando em colégios e obras diversas de serviço aos pobres.

O lema da Congregação se inspira em Lucas 4,18: O senhor me enviou para evangelizar os pobres (em latim: Evangelizare pauperibus misit me), e segundo as Constituições, [1] a Congregação da Missão tem como finalidade: “Seguir Cristo Evangelizador dos pobres”. Este fim se realiza quando os seus membros e comunidades, fiéis a São Vicente:
·         Procuram com todas as forças revestir-se do espírito do próprio Cristo, para adquirirem a perfeição conveniente à sua vocação;
·         Aplicam-se a evangelizar os pobres, sobretudo os mais abandonados;
·         Ajudam os clérigos e os leigos na sua própria formação e os levam a participar mais plenamente na evangelização dos pobres".

Para atingir o fim da Congregação, a PBCM, por exemplo, segundo suas Normas Provinciais, Art. 3, tem como objetivos:
·         Imbuir-se do Espírito de Jesus Cristo, isto é, de suas disposições, intenções e engajamento pessoal, em favor dos marginalizados da sociedade. Jesus, Libertador dos pobres, é a regra da Província.
·         Exercer ação missionária que vise atender aos apelos dos pobres, nas situações concretas da realidade, pela organização pastoral do Povo de Deus, em áreas carentes, sobretudo no interior e na periferia das cidades, para viver integralmente sua fé, lutar por seus direitos, libertar-se de toda forma de escravidão ou exploração.
·         Aplicar-se à Formação de Agentes de Pastoral, clérigos e leigos, comprometidos com a causa evangélica dos pobres.

A Congregação é regida pelas atuais Constituições e os Estatutos que foram aprovados pela Santa Sé em 1984. O órgão máximo de seu governo é a Assembleia Geral que se reúne a cada seis anos e um superior geral, que residente em Roma e é auxiliado por quatro assistentes. Ao Superior Geral, também chamado de Visitador, cabe instituir as províncias e visitá-las.

Por sua vez, cada província realiza sua assembleia provincial a cada três anos. Elas possuem um superior provincial, também chamado de visitador, que tem como função promover a vida missionária de sua província. Os superiores locais são responsáveis pela missão e vida comunitária da casa.

Em 05 de julho de 2016, em Chicago - EEUU, durante a Assembleia Geral, foi eleito para um período de 06 anos, o atual Superior Geral - Padre Tomaž Mavrič, CM, o 25° sucessor de São Vicente de Paulo quem primeiro dirigiu a Congregação.



Contexto histórico - No final do século XVI e início do século XVII, a França foi cenário de grandes transformações políticas e religiosas. Do ponto de vista do cristianismo, o país foi palco da disputa entre católicos e protestantes e a Igreja Católica tentava implementar as resoluções do Concílio de Trento.

Neste contexto, a Congregação da Missão foi fundada pelo sacerdote francês e santo católico Vicente de Paulo, em 17 de abril de 1625. Como membro do clero secular de Paris, a partir de 1717, Vicente tornou-se preceptor dos filhos do General das Galés de Paris, M. de Gondi, em Picardia. A Senhora de Gondi concedeu-lhe a tarefa de instrução das aldeias e vilas de sua propriedade. Ali pode observar a miséria e ignorância em que viviam os camponeses, que acreditavam em todo tipo de superstição. Enquanto que nas cidades a presença das universidades garantia a formação do clero urbano, no campo prevalecia um clero mal formado e a ignorância dos camponeses. Diante desta situação, Pe. Vicente organizou algumas missões populares. Para organizar esta tarefa, ele associou-se a outros sacerdotes seculares sob autorização do então arcebispo de Paris, Jean-François Paul de Gondi, irmão do General das Galés.

A Congregação nascente instalou-se em um velho colégio parisiense, o Collège des Bons Enfants em 1624. A aprovação das regras pelo arcebispo veio em 14 de abril de 1626. O objetivo era assim descrito pelo grupo: "viver em comunidade ou confraria para devotar-se à salvação dos camponeses pobres". Um decreto do arcebispo de Paris anexa o Colégio des Bons Enfants à Congregação. Em 1832, a Congregação tomou posse do priorado de São Lázaro, subúrbio de Paris, deixando alguns padres no colégio, que se tornou então um seminário lazarista.

As missões eram compostas de diversas atividades: oração, catecismo em grupos, confissões, encontro com os líderes e professores da região e visitas aos doentes. Os padres da Missão iam às áreas rurais, onde permaneciam de 15 dias a dois meses, geralmente no verão. Geralmente uma missão iniciava com sermões pela manhã cedo, antes do trabalho dos camponeses. A seguir, o catecismo era ensinado às crianças. À tarde o catecismo era dado aos mais velhos e outros fiéis. A missão era concluída com a Eucaristia, quando as crianças faziam a primeira comunhão, seguida da procissão do Santíssimo Sacramento.

Embora os membros da Congregação façam votos, seu fundador não quis criar uma ordem religiosa: os seus membros são do clero secular, unidos em uma sociedade de vida apostólica. O primeiro voto a ser estabelecido para a Congregação foi o voto de Estabilidade, seguido pelos votos de Pobreza, Castidade e Obediência. Emitem os votos, não para estarem em estado de santidade, mas em estado de missão. Seus formandos não participam de um noviciado, mas de um Seminário Interno, distinto dos seminários diocesanos. Os membros da Congregação deveriam usar trajes do clero secular. Sua distinção deveria ser seu empenho apostólico.

Após sua fundação, a Sociedade teve um grande crescimento: de 25 membros em 1632, em 1672 seriam 508 padres e 262 irmãos leigos consagrados. Entretanto, a Revolução Francesa dispersou a Congregação com a supressão das ordens religiosas. Nesta ocasião, 24 foram mortos ou morreram nos pontões.

A Congregação foi restabelecida por Napoleão Bonaparte em 1804, quando 70 coirmãos se reuniram. Nova supressão ocorreu em 1809. Com a restauração francesa, em 1816, a congregação foi novamente reestabelecida.

Um contínuo crescimento ocorreu no século XIX, com a abertura de novas casas, missões nas paróquias e seminários pela França, bem como com a expansão de missões pela América do Sul, China e Oriente Médio.

No século XX, a separação entre a Igreja e o estado na França, a Congregação não possuiria mais o reconhecimento como representação francesa no exterior. Apesar disto, está presente ao redor do mundo. No período pós-guerra, na França, o padre vicentino Édouard Rocher lança as "missões sob as tendas" nos bairros operários.

Segundo Herrera (1949) a história da Congregação poderia ser resumida em oito épocas:

Na época vicentina a Congregação nasce, organiza-se e cresce sobre o olhar do Santo Fundador, rompe a crisálida francesa para beber a água da Catolicidade nas fontes eternas de Roma, e, por último, em voos apostólicos pousa em terras polonesas, nas costas barbaresca (norte da África), na negra Madagascar e nas Ilhas Britânicas.

Na época pós-vicentina se redobra sobre si mesma para aperfeiçoar sua organização com as "Constitutiones selectae" e com os regulamentos dos diversos ofícios, perde Madagascar e as Ilhas Britânicas e se consolida e desenvolve como mestra do Clero e do povo na França, Itália e Polônia.

Na época do século XVIII ensina ao Clero com Pedro Collet nos Seminários da Europa, é missionária do povo, em Espanha e em Itália, prossegue sua epopeia barbaresca e se cobre de glória em China com o heroico triunvirato e com a missão imperial.

Na época da Revolução as obras da Congregação naufragam na França, mas seu espírito sobrenada no sangue dos mártires, enquanto que nas demais províncias se definem e se conservam as posições conquistadas.

A época dos Vicariatos se caracteriza pelo dualismo autoritário, ainda que se conserve a unidade espiritual. O Vicariato francês trata de recolher os escombros e reconstruir a casa solarengo, enquanto que o governo romano e demais províncias, mesmo sem deixar de sentir os estragos da Revolução, conservam e desenvolvem as obras em estado mais ou menos próspero e as leva ao Novo Mundo por obra de Félix Andreis (1778 1820) – primeiro Superior Geral da CM, americano.

Vale aqui salientar que além da mudança Cúria Geral à Roma, entre os anos 1828 e 1843 ocorreram quatro acontecimentos que colaboraram para o crescimento da Congregação: a) o restabelecimento da unidade do regime, b) a trasladação das relíquias de São Vicente, c) a aparição da Medalha Milagrosa e d) o martírio de Perboyre.

Na época "etiênica" a Congregação é a águia vigorosa, que se apoiando nessas quatros bases, tende seu voo rumo a todos os países europeus, inclusive a regiões mais distantes da terra, com afãs apostólicos enquanto que na época "fiática" se recolhe em si mesma, reafirmando em seu espírito e prosseguindo seu voo, acrescentado pelo vigor hispânico, que afirma seu propósito de conquista espiritual nas Antilhas, México e Filipinas.

Na época contemporânea, acentua-se a preponderância hispânica que prossegue sua expansão pelas terras de Venezuela, Bolívia, Inglaterra, América do Norte e, por último, pela Índia inglesa, enquanto que outras Províncias, Holanda, Bélgica, América do Norte, Polônia e Itália, sentem-se com grandes afãs de missão.

Atualmente os Vicentinos no mundo são 3106 organizados em 507 comunidades locais em 91 países, nos cinco continentes.

Lazaristas no Brasil

A Congregação da Missão chegou ao Brasil com a chegada de missionários portugueses em 1819 e posteriormente franceses (a partir de 1850), que se estabeleceram em Minas Gerais e no Rio de Janeiro. O trabalho destes missionários deu origem à Província Brasileira da Congregação da Missão. No final do século XIX, missionários poloneses chegaram ao Sul do Brasil, gerando a Província Sul. Missionários holandeses estabeleceram-se no Norte/Nordeste do país, onde foi criada a Província de Fortaleza. Hoje a Congregação da Missão está presente no país através destas três províncias.

Vale salientar que, segundo Souza (2016) os primeiros padres lazaristas a virem ao Brasil foram: Pe. Manoel de Brito que foi reitor do seminário São José do Rio Comprido - RJ de 1810 a 1813, Pe. José Cardoso de Brito seu sucessor de 1813 a 1814 e Pe. Alexandre Macedo, que autorizado pelos seus superiores, serviu como Procurador da Corte do então Príncipe Regente de Portugal, D. João VI, vindo ao Brasil fugido da ameaça de Napoleão Bonaparte, em 29 de novembro de 1807.

Província do Rio de Janeiro – PBCM - Província Brasileira da Congregação da Missão
Os Lazaristas portugueses: Padres Leandro Castro e Antônio Viçoso, chegaram ao Brasil em 1819, com a finalidade de serem missionários na então capitania do Mato Grosso. Por ocasião da sua chegada, a missão já estava ocupada pelos capuchinhos. Receberam então de Dom João VI a ermida de Nossa Senhora Mãe dos Homens, no Caraça, Minas Gerais, com a finalidade de ali fundar um colégio. Ali chegaram em 15 de abril de 1820. Uma vez no local os missionários abriram o colégio, com a ajuda do noviço João Garcez, que se tornaria o primeiro padre da CM do Brasil. Em 1863 o Colégio do Caraça funcionava como seminário menor e internato e alcançou grande fama: ali estudaram diversos nomes importantes na história do país, governadores e os ex-presidentes Artur Bernardes e Afonso Pena. O colégio funcionou por 150 anos, até 1968, quando um incêndio destruiu parte de suas instalações. Por esta ocasião, a urbanização do país e as reformas na Igreja já não comportavam o modelo de internato e aquele tipo de seminário. Para dar continuidade às atividades educativas, os padres da Congregação da Missão já haviam fundado no Rio de Janeiro o Colégio São Vicente de Paulo, que consideram como herdeiro do Colégio do Caraça.

Além do Colégio do Caraça, dirigiram colégios em Congonhas do Campo - MG (1827-1860) e Campina Verde - MG (1829-1983) e o Seminário de Jacuecanga - RJ (1822-1837). Dedicaram-se também às missões populares, principalmente no entorno do Caraça e de Campina Verde. Em Minas Gerais, um lazarista de grande importância foi Dom Antônio Ferreira Viçoso, bispo de Mariana.

A partir de 1850, a missão dos padres lazaristas se expande, sobretudo pela melhora de suas relações com o Império Brasileiro. Chegam ao país, diversos missionários franceses, e o trabalho de formação do clero foi incrementado: diversos seminários diocesanos passam a ser dirigidos pela congregação, como os seminários maior e menor de Mariana - MG (1849-1966), de Salvador - BA (1856-1860; 1888-1957), de Fortaleza - CE (1864-1963), de Diamantina - MG (1866-1964). Em abril de 1869 o Bispo do Rio de Janeiro, Dom Pedro Maria de Lacerda confiou aos Padres da Congregação de São Vicente de Paulo a administração do Seminário São José, onde permaneceram até 1901. Os colégios e seminários onde atuavam os lazaristas tornaram-se centros missionários, de onde partiam para evangelização popular. Esta obra foi fundamental para a formação do clero brasileiro, ajudando a conformar um novo rosto à igreja no Brasil.

No início do século XX, a vinda de missionários franceses cessou. A atuação da Congregação passou a contar com os seus quadros formados no Brasil, dedicados, sobretudo à formação do clero diocesano. Novos seminários foram a eles confiados: os Seminários de São Luís - MA (1913-1962), de Curitiba – PR (1895-1961), de Botucatu - SP (1913-1942), de Brasília - DF (1962-1971), de Aparecida – SP (1969-1976) e de Luz MG (1970-1977), de Irati - PR (1928-1948) e de Fortaleza – CE (1864-1963). A formação dos padres da Congregação era feita no Seminário Maior de Petrópolis – RJ (1890-1968; 1972-1979; 1983). Obras educacionais eram mantidas nos colégios do Caraça, Campina Verde, Irati e Rio de Janeiro. As missões populares mantiveram-se com mesmo conteúdo e metodologia. A partir dos anos 1960, as reformas introduzidas pelo Concílio Vaticano II tiveram grande impacto na Província. O modelo de grandes seminários foi questionado, bem como o modelo das missões populares. Os seminários entraram em crise. Diversos padres deixaram a Congregação. A partir de então, uma renovação e atualização nos métodos e na Congregação vem sendo empreendida: na formação, assumiu-se a pedagogia libertadora; nas missões, experiências de missões renovadas estão sendo encaminhadas. A organização interna busca um novo modelo de vida comunitária, uma atualização administrativa e teológico-missionária, em vistas de responder aos desafios do tempo presente.

A Província do Sul - CMPS
A Congregação da Missão chegou ao sul do Brasil juntamente com os imigrantes europeus ao final do século XIX. Em 1898, Dom José de Camargo Barros, o primeiro bispo de Curitiba, solicitou à província polonesa missionários para atender aos imigrantes poloneses. Assim, 96 padres e 03 irmãos coadjutores poloneses chegaram ao Brasil entre 1903 a 2003, com esta finalidade. Instalaram-se inicialmente em Araucária. A vice província polonesa foi criada em 1921, tornando-se a Congregação da Missão Província do Sul em 1969, atuante nos estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e estado de São Paulo. Atuam em paróquias, missões populares, seminários, faculdade, meios de comunicação e nas pastorais, como a Pastoral Rodoviária.

A Província de Fortaleza - PFCM
Os lazaristas chegaram ao Norte/Nordeste a partir de 1950, onde marcaram presença nos estados do Pará, no Rio Grande do Norte, em Pernambuco e no Ceará, região que viria a constituir a Província de Fortaleza, fundada pelo trabalho dos padres lazaristas que chegaram, ainda na década de 1920, da Província holandesa, sobretudo os trabalhos realizados pelo Padre Guilherme Vaessen, CM. Assumiram a responsabilidade do Seminário da Prainha entre 1864 a 1963. Neste período, foram responsáveis pela formação de personagens proeminentes na história brasileira como Dom Hélder Câmara e Dom Eugênio de Araújo Sales.

Bispos lazaristas no Brasil
Dom Antônio Ferreira Viçoso, CM
Dom Antônio José dos Santos, CM*
Dom Belchior Joaquim da Silva Neto, CM
Dom Cláudio José Gonçalves Ponce de Leão, CM
Dom Cornélio Veerman, CM
Dom Domingos Gabriel Wisniewski, CM
Dom Evaldo Carvalho dos Santos, CM
Dom Fernando Barbosa dos Santos, CM
Dom Fernando de Sousa Monteiro, CM
Dom Fernando Taddei, CM
Dom Francisco de Paula e Silva, CM
Dom Francisco Jensen, CM
Dom Inácio Krause, CM
Dom Izidoro Kosinski, CM
Dom João Batista Cavati, CM
Dom Job-Chen Chi-Ming, CM
Dom José Afonso de Morais Torres, CM
Dom José Carlos Chacorowski, CM
Dom José Carlos Melo, CM
Dom José Elias Chaves Júnior, CM
Dom José Lázaro Neves, CM
Dom Ladislau Biernaski, CM
Dom Luís Gonzaga da Cunha Marelim, CM
Dom Pio de Freitas Silveira, CM
Dom Sebastião Dias Laranjeira, CM
Dom Vicente Joaquim Zico, CM


REFERÊNCIAS
CMGlobal, La Congregación de la Misión Disponível em: Acesso em 05 mar. 2019.
HERRERA, José. Historia de la Congregación de la Misión, Madrid: La Milagrosa, 1949
PBCM, O que é PBCM. Disponível em: Acesso em 03 mar. 2019.
SOUZA, Maria Rebouças de “Ir. Rosalie”. História das Filhas da Caridade da Província do Rio de Janeiro – Brasil 1849 – 2003. Ed. Vozes, Petrópolis – RJ, 2016.
WIKIPEDIA, Congregação da Missão Disponível em: Acesso em 04 mar. 2019.