domingo, 23 de agosto de 2015

HOMILIA DO 21º DOMINGO COMUM – B


Evangelho de Jesus Cristo segundo João (Jo 6,60-69)
Na liturgia estamos celebrando o ano B, ano de Marcos. Porém em ocasiões especiais, os evangelista Mateus, Marcos e Lucas dão especo à João, que foi um dos últimos evangelhos a ser escrito.

João descreve sempre com interesse as reações dos ouvintes com Jesus. Anteriormente analisou as atitudes de:
1.     Um doutor da lei (Jo 3) – Nicodemos;
2.     Uma mulher do povo (Jo 4) – A Samaritana;
3.     Um funcionário (Jo 4,43-53) – Oficial do rei e
4.     E hoje a reação dos que acompanham Jesus mais de perto – os discípulos.  
 
A Palavra proclamada nos apresenta o dilema: Crer ou não Crer
Jesus vai esclarecendo quem ele é, e o que implica dizer sim a seu projeto que é o projeto do Pai. Muitos não têm força para aceitá-lo e vão-se embora. Alguns exclamam: “Essa linguagem é dura; quem pode entendê-la?” Isso implica vacilo diante do discurso de Jesus que convida a sair de si mesmo para seguir a Deus; a suspender a carne para viver no Espírito, não se fixar no mundo, mas nas coisas do eterno.  

Meditando essa Palavra, lembrei da realidade do que é ser cristão aqui no Brasil e ali na Europa - onde tive a oportunidade de viver tempos atrás. As igrejas nem sempre eram cheias, mas as poucas pessoas que iam à missa estavam convictas da sua fé, ou seja, acreditavam na Palavra, estavam porque haviam aderido ao projeto de Deus em suas vidas.

Normalmente, o que se ver hoje são pessoas que:
1.     Preferem um Deus que lhes siga e não Deus a seguir;
2.     Uma vida centrada na carne no temporal e não no Espírito e no eterno;
3.     Buscam um Deus mágico, imediato, fechando-se a perspectivas de futuro e a esperança de que no tempo certo a graça vai acontecer, porque Deus não esquece de seus filhos.

Em outra passagem a Palavra diz que teu sim seja sim e teu não seja não, ou seja, Cristo exige uma decisão da nossa parte. E esse sim ou esse não, não é apenas para a hora das horas (a do aparecimento final diante de Cristo), mas é uma prática que perpassa toda a existência humana, desde as decisões mais importantes até as pequenas escolhas da vida.

Decidir não é fácil, mas é necessário e tão presente em nosso dia a dia quanto o respirar. Esse momento mesmo que estamos vivendo é fruto de uma decisão, estávamos todos noutros lugares e decidimos pelo sim – vamos à missa! Diante das palavras do mestre alguns dos seguidores decidiram pelo não, mas o convite que fazemos hoje aqui, após aproximadamente dois mil anos daquele episódio, é que nos decidamos pelo sim, pelo seu seguimento, pela fé, pelo bem.

A missa é um eterno apelo de Cristo - que se mostra constantemente, e por meio do banquete da Palavra e da Eucaristia alimenta os fieis e os fortalece no seu sim. Não tenhamos medo de nos aproximar de Jesus; de escutar e anunciar a sua Palavra; de participar de seu banquete - por meio do pão vivo; de sermos sinal visível de seu amor e de sua misericórdia em nossas famílias, em nossa comunidade, em nosso dia a dia.

O convite de hoje é a sermos pessoas de fé. Em cada eucaristia o sacerdote apresenta o pão e o vinho anunciando “Eis o Mistério da Fé”, ou seja, só podemos compreender o que o mesmo está realizando pelos óculos da fé. Outro raciocínio não vale nesse momento.

Foi pela fé viva em Deus que nossos antepassados aderiram o projeto do Pai em suas vidas. Na primeira leitura Josué, com toda a sua família, e logo o povo reunido em Siquém escolheram o Senhor Javé em detrimento aos deuses dos amorreus.

Sábio também, foi Pedro que, no evangelho de hoje, enxergou a salvação diante de si e a aderiu: “A quem iremos, Senhor!? Tu tens palavra de vida eterna; nós acreditamos e conhecemos que és o Santo de Deus” Ter essa guinada que teve Pedro, mas que algo sobrenatural, pois sabemos que a fé é graça de Deus e que não podemos dizer “Senhor” se não for pelo Espírito, porém mais que isso, está a vontade, a decisão de Pedro, a abertura dele as coisas do auto, o deixar-se moldar pelo sobro do Espírito.

Reconhecer que Jesus era o messias naquela época não era tarefa fácil, mas Pedro e outros insistiram no sim, e abraçaram as consequências conflitantes e apascenteira de viver com Jesus.
O discurso duro que a Palavra nos sugere hoje, faz-nos lembrar que a conversão nunca é uma operação sem dor. Porque escolher algo implica em preterir outro, de forma que nem sempre é fácil, porém quando a opção é por Deus e pela edificação do reino o fardo fica suave e o jugo leve. Isso também nos faz lembrar do provérbio popular que diz “o pouco com Deus é muito e o muito sem Deus não é nada”.

A segunda leitura nos remete ao mistério do amor que une marido e mulher e o compara com a relação de Cristo com sua esposa – a Igreja. Ensinando-nos, mas que submissão de um para com o outro, o amor que deve reinar entre os esposos, que passam a ser uma só carne, assim como a Igreja, que aderindo a Cristo passa a ser, uma com Ele.      

E para concluir uma pergunta: Quem é o cristão? É aquele que escolhe a Cristo e o segue. E decidir-se por Cristo, implica acolher os mistérios e ações de fé que nele se encerra. Sendo necessário assim a:
1.     Ser educado no pensamento de Cristo;
2.     Ver a história como Ele a ver;
3.     Optar pelo que ele optou;
4.     Amar como ele nos ama;
5.     Esperar como ele ensina e
6.     Viver nele a comunhão com o Pai e o Espírito Santo.

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo. Para sempre louvado!


REFERENCIA:


Missal Dominical – Missal da assembleia cristã. São Paulo: Paulus, 1ª Edição, 1995.

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