sábado, 23 de agosto de 2025

Missão do Japão 24/08/2025: 21º Domingo do Tempo Comum | ANO C (Lc 13,22-30) Homilia

 


Queridos irmãos e irmãs,

As leituras deste domingo nos colocam diante de duas grandes imagens: a universalidade da salvação, que Deus deseja estender a todos os povos, e a porta estreita, que exige esforço e fidelidade para ser atravessada. Essas duas imagens iluminam de maneira muito especial a nossa vocação como discípulos de Jesus, e hoje quero convidar a refletirmos sobre a vocação laical, tão essencial para a vida da Igreja.

No livro do profeta Isaías (Is 66,18-21), o Senhor anuncia que reunirá todas as nações e línguas, e que todos verão a sua glória. É uma visão de esperança: ninguém está excluído do convite de Deus. O próprio Senhor suscita missionários, pessoas comuns, vindas de diferentes povos, que serão enviados para anunciar sua glória até os confins da terra. Aqui já vemos que a missão não é privilégio apenas de alguns, mas é tarefa de todos os batizados. Cada leigo e leiga, com sua vida, é chamado a ser sinal da presença de Deus no mundo.

A carta aos Hebreus (Hb 12,5-7.11-13) nos recorda que seguir Jesus não é caminho de facilidades. É um caminho que exige disciplina, perseverança e confiança no Pai que nos corrige por amor. Para o leigo e para a leiga, isso se concretiza na fidelidade no cotidiano: no trabalho, na família, no estudo, no cuidado com os filhos, na honestidade diante das tentações da corrupção, na solidariedade diante das necessidades dos mais pobres. É ali, na vida comum, que se passa pela porta estreita.

E no evangelho (Lc 13,22-30), Jesus nos alerta que entrar no Reino não depende apenas de palavras ou de aparência de religiosidade. Muitos dirão: “Comemos e bebemos contigo, e tu ensinaste em nossas praças”. Mas Jesus responde: “Não sei de onde sois”. O que decide é o compromisso real com a vida nova do Evangelho. A porta é estreita porque exige coerência, conversão, amor que se traduz em atitudes.

Irmãos e irmãs, essa mensagem fala diretamente da vocação laical. A Igreja não é feita só de padres, religiosos ou bispos. O Concílio Vaticano II nos lembrou que a maior parte da Igreja é formada pelos leigos e leigas, e que sua missão é “consagrar o mundo a Deus a partir de dentro”. São vocês, leigos e leigas, que estão no coração das realidades humanas — na política, na economia, na educação, na cultura, na saúde, na vida das famílias — e que ali podem testemunhar Cristo, sendo sal, luz e fermento.

A porta estreita, para o leigo, não está em deixar o mundo, mas em viver o mundo segundo o Evangelho. É ser empresário com honestidade, trabalhador com dignidade, estudante com dedicação, mãe e pai com amor generoso, jovem que não se deixa seduzir pelas falsas promessas de sucesso fácil, idoso que transmite a fé com sabedoria. A santidade laical não está em fazer coisas extraordinárias, mas em viver com fidelidade as pequenas coisas de cada dia, unidas a Cristo.

Queridos irmãos, se a Igreja deseja ser realmente missionária, deve valorizar e formar cada vez mais os seus leigos e leigas. Vocês não são meros ajudantes do padre, mas protagonistas da missão. Como ouvimos em Isaías, Deus envia “a uns como sacerdotes e levitas”, mas envia a todos, em sua diversidade, como missionários do Reino.

Peçamos hoje ao Senhor a graça de sermos fiéis à nossa vocação batismal. Que os leigos e leigas, fortalecidos pela Eucaristia, iluminem com o Evangelho os espaços onde os padres e religiosos não conseguem chegar. E que, juntos, possamos atravessar a porta estreita, confiando que Aquele que nos chama é também Aquele que nos sustenta.

Amém.

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