sábado, 14 de janeiro de 2023

"In Manus Tuas Domine" (Sl 31,6)

 


Depois de um diálogo sobre a vida presbiteral com um amigo, ele sintetizou nossa conversa na seguinte reflexão:  


Nossa vocação consiste numa entrega total à Divina Providência, num abandonar-se ao amor de Deus que por Misericórdia nos elegeu, todavia, vale lembrar que nos entregamos totalmente nas Mãos de Deus para sermos felizes. "Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados" (cf. Mt 11,28).  Não abraçamos o sofrimento em si.


Deus não nos chama a nos desgastar em estruturas obsoletas, ou algo parecido. Chama-nos para permanecermos em Seu Amor (cf. Jo15,4). Ele convida-nos à santidade para santificarmos o seu Povo (cf. Jo 17,19). A ponto de nos revestirmos de Seus Sentimentos (cf. Fl 2,5). Para tal, é importante ter em mente e gravado no coração esta convicção: "estamos nas Mãos de Deus"! Isso exige desprendimento de orgulhos, posses, status, preocupações com poder; exige, também, desprendimento das pretensas amizades, (embora nos seja tão importante, na fragmentação das relações que estamos imersos vamos percebendo que só nossa amizade com Cristo será capaz de nos sustentar).  Desprendimento das nossas paixões (sejam elas quais forem), ou quaisquer outras superficialidades que nos levem a dizer como o poeta "no meio do caminho existe uma pedra" (Drummond Andrade).


Que em nosso caminho tenhamos um belo horizonte, tendo consciência de que a caminhada será árdua, por vezes solitária e, talvez longa, mas que contaremos com o auxílio daqueles que nos precederam e que hoje contemplam a Glória de Deus.


Temos tudo para sermos realizados [felizes]. Basta-nos buscar viver com profundidade a nossa consagração "com a liberdade gloriosa dos filhos de Deus (cf. Rm 8,21). Buscando agradar a Deus somente (Gl 1,10) na confiante entrega ao Eterno, servindo-O com todas as nossas forças.


Diante da complexidade e sapiência do tempo presente, peçamos a Deus que nos ilumine e, cheios de Sua Luz, tornemo-nos pessoas lúcidas para sermos de fato o que precisamos ser: "sal da terra e luz do mundo" (cf. Mt 5-13,14).

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