Tema: Formar-se é transfigurar-se
Assessor: Pe. Jaldemir Vitório, SJ
Local e data: Cenáculo BH, 04 a 06 outubro de 2019
Textos bases: https://jesuitas.lat/attachments/article/957/Formar-se%20e%CC%81%20transfigurar-se.pdf
e Lc 10,25-37: “Parábola do Bom Samaritano”.
1.Quem é o meu próximo?
Tanto o
mestre da lei, quanto Jesus, ensinavam o caminho da salvação. O mestre defendia
a obediência à Lei, Jesus defendia que a salvação passa pela doação no serviço.
Para o
mestre salvar-se era: “amar a Deus e aos irmãos” e Jesus arremata: “Faça isso e
viverá!” O mestre lhe pergunta sobre o próximo, uma vez que compreendia como
tal só os membros de seu clã, para Jesus o próximo é toda a humanidade carente
de salvação.
O pecado é
desumanizador, Jesus salva quando humaniza, dá dignidade, acolhe e inclui. Nas
curas, encontros e diálogos Jesus nunca dá uma resposta teórica. Ele é muito
prático!
O
moribundo da parábola foi deixado caído e totalmente nu. Esse detalhe é
importante para a reflexão, uma vez que, quando se encontra uma pessoa bem
vestida caída, todos querem ajudar, se maltrapilho ou nu, as pessoas senguem e
não se aproximam.
Cada vez
que colocamos um adjetivo numa pessoa, o adjetivo impera, o sujeito não importa
mais. “Fulano é gordo” e a partir daí já não há mais o fulano, mas só o gordo.
O homem
ficou semimorto, e a vida dele dependia de quem passasse e o ajudasse. Hoje a
sobrevivência dos pobres depende de nós seguidores de Jesus.
O sacerdote
e o levita,
vindo de Jerusalém, passam longe. “Eles amavam a Deus não ao próximo”. O bom
samaritano “tinha amor ao próximo e por ele a Deus”
O samaritano
não sabia quem era o homem, porém se aproximou e se compadeceu. Usou de seu
óleo e vinho para cuidar do homem caído. Levou-o a hospedaria e cuidou dele. No
dia seguinte, parece que o homem seguia muito enfermo. Não vimos se o agradeceu
ou prometeu ressarcimento, apenas sabemos que o samaritano recomendou ao dono
da pensão que cuidasse do homem moribundo, e que quando retornasse pagaria o
que ele teria gastado. Assim é a misericórdia: gratuita e radical (dá a vida)!
Quanto mais
autêntica, e fiel ao seu carisma, a congregação for, mais vocações genuínas a
congregação atrairá. Quanto mais perdida em sua identidade for a congregação,
mais gente podre terá em seu seio.
Quem é o
próximo? Aquele que age com misericórdia! O que fazer para ganhar a vida
eterna? Ser próximo, ou seja, agir com misericórdia!
Reflexão em silêncio:
Contemplação:
Entrar na parábola, colocar-se no lugar do:
a) Moribundo
“sou uma pessoa que precisa de ajuda”.
b) Sacerdote
e levita “sou uma pessoa cuja fé não gera misericórdia”.
c)
Samaritano “sou uma pessoa que se sensibiliza com o sofrimento do outro”.
Fazer uma
oração pessoal: Pedir a graça de ser como o Bom Samaritano, a exemplo
de São Vicente de Paulo.
2.A parábola do Bom Samaritano e o Processo Formativo
Jesus é!
São Vicente é! Eu sou o Bom Samaritano!
a) Optar
pela vida consagrada é decidir-se ser bom samaritano, nos passos de Jesus,
independente do local geográfico que o missionário esteja. Não é o lugar que
faz a mudança em nós, mas a opção que fazemos.
b) Viver a
vida consagrada trata-se de abraçar um projeto de vida contracultural e
profético. O mundo não liga, enxerga ou vê quem está à margem. Não tem voz,
vez, possibilidades, oportunidades.
O
consagrado não recebe palavras de estímulo, pois muitos acham que ser
consagrado hoje é uma loucura. Saibam, porém, se não é por Jesus Cristo não
valerá a pena.
Seguir
firme na missão é vencer um dia por vez. Aquele que é superficial não dará
conta de viver a vida consagrada e a missão nos revelada por Jesus.
A tentação
é falar dos que dão contratestemunho. Por isso, voltemos nosso olhar às pessoas
que acertaram e abraçaram a vocação.
Ser
contracultural não é estar fora do mundo, mas não se deixar levar pela maré do
que não é evangélico desse mundo.
Devemos
ver o outro como destinatário da nossa misericórdia, não como objeto de nossos
vícios! Trabalhemos o serviço, a doação, a entrega. Não a preguiça, o egoísmo
ou a farsa.
c) A vida
consagrada só é possível para quem se deixa encantar pelo Deus de Jesus Cristo,
rejeitando os idólatras: “Não se pode servir a Deus e ao dinheiro”. Os
adoradores do dinheiro não têm um pingo de misericórdia. Há muitas idolatrias:
poder, saber, ter, etc.
d) As
congregações são apenas mediações para vivência da vida samaritana. “Se o foco
samaritano se perde nas congregações, elas estão fadadas ao fracasso”. Caso
chegue o momento que a congregação está sendo um empecilho para que você seja
um bom samaritano, saia dela!
e)
Persevera no bom caminho, quem se deixa continuamente afetar pelo “rosto” dos
irmãos caídos à beira da estrada da vida.
Reflexão em silêncio:
1. Que
fatos da vida de São Vicente de Paulo mais me chamam a atenção?
2. Que
elementos da vida consagrada vicentina me encantam mais?
3.
Agradeça a Deus a vocação de ser bom samaritano lazarista e peça a graça de
perseverar nesse caminho de serviço à humanidade sofredora e carente de
humanização.
3.O lazarista nos passos do Bom Samaritano
Jesus: “Vá e faça o mesmo”
Fomos
enxertados na árvore da congregação. Para o enxerto não morrer precisa beber da
seiva da árvore. Tem enxerto que não se desenvolve ou vira parasita. O que,
porém, bebe da seiva, cresce tanto que será um com a árvore.
Jesus fala
sobre Deus não para se mostrar como o tal, mas para ajudar-nos a sermos como
Ele.
Quais são
as transfigurações que o projeto de vida samaritana lazarista exige de mim?
Saiba que
padres para os ricos sempre haverá, porque o dinheiro os compra. Mas para os
pobres, nem sempre!
As
congregações se mudarão em Cristo, quando seus membros se cristificarem!
A pessoa
que entra na congregação para assumir uma função/cargo “x” não serve! Você
entra para ser Missionário!
a) A
parábola do Bom Samaritano apresenta um projeto de vida: agir com misericórdia
no trato com o semelhante.
b) Abraçar
esse projeto de vida evangélico, com o rosto vicentino depende de uma opção
minha, livre e responsável. Quando você entra na congregação, você se adequa a
ela, não o contrário!
c) Somos
desafiados a fazermos um discernimento realista de nossas potencialidades e
limitações, para verificar as configurações necessárias em nosso modo de
proceder.
d) A
contemplação da humanidade de Jesus, narrada nos evangelhos, é recomenda como
prática espiritual, para quem deseja imitá-lo na vivência da misericórdia
samaritana.
e) Na
consolidação de nossa espiritualidade samaritana vicentina temos a alegria de
estarmos unidos aos irmãos de congregação, um corpo apostólico samaritano que nos
incentiva e nos estimula a viver a misericórdia.
Reflexão em silêncio:
1. Faça um
exame de consciência e verifique os pontos que deve trabalhar, em vista de
viver com mais autenticidade a vocação vicentina samaritana.
2. Peça a
Deus a graça de se deixar transfigurar por Ele, cada dia, em vista da missão
vicentina samaritana.
3.
Agradeça, do fundo do coração, os passos dados até aqui, no serviço aos irmãos
caídos a beira do caminho!
ORAÇÃO FINAL: “São Vicente Samaritano”
Depois de palmilhar tantos caminhos, teu olhar
se fixou para sempre no Senhor. Com ele, aprendeste a inclinar teu coração
sobre o irmão ferido e abandonado.
Não
cedeste à prepotência de quem se julga superior, muito menos à indiferença de
quem finge não ver. Não passaste adiante, justificando tua pressa. Teu
prestígio não obscureceu tua verdade, nem tuas conquistas te fizeram menos
humano.
Naquela
estrada, o Senhor te encontrou, inquieto, busca de sentido para o teu
peregrinar. E, ali, tu encontraste o Senhor, na face machucada do teu próximo,
na lágrima do que fora esquecido, na solidão do rejeitado.
Sem
vacilar, entraste no movimento da Misericórdia, fazendo-te próximo dos caídos,
dilatando teu coração compassivo, estendendo tuas mãos operosas, recobrindo a
indigência com o manto da caridade.
Com
delicadeza, criatividade e cuidado, derramaste sobre os feridos o bálsamo da
misericórdia. Com firmeza lucidez e vigor, interpelaste os insensíveis e
acomodados.
É que teu
olhar já se fixara no pobre, o mesmo olhar que se fixara no Senhor, Ele que
considera como feito a si o que se faz ao menor dos seus irmãos.
E, neste
movimento, neste encontraste tanta gente: Maria, a Mãe de Misericórdia e do
Sorriso; São José, o trabalhador de mãos calejadas; Luísa de Marillac, a irmã
dos desamparados.
E bem que
poderias ter encontrado tantos outros que trilharam os mesmos rumos no chão da
nossa terra: Madre Paulina e Irmã Dulce, Dom Helder e Padre Alfredinho, Irmã
Lindalva e Dom Luciano...
Faze ecoar
em nossos ouvidos, Ó São Vicente Samaritano, o apelo de nosso Irmão
Misericordioso: "Vai e faze a mesma coisa". E nós iremos... Na tua
companhia.
Fonte: Desenho: Pe. Hugo Sosa, CM Texto: Pe. Vinícius Teixeira, CM
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