sexta-feira, 5 de julho de 2019

O caminho de São Vicente: uma regra para servidores dos pobres

Mãe acompanha missionário à casa do filho em Francisco Badaró - MG 

 “Não há melhor modo de assegurar nossa felicidade eterna do que viver e morrer no serviço dos pobres, nos braços da Providência e numa verdadeira renuncia a nós mesmos em seguimento de Jesus Cristo” (SVP, III, 359).

            O Pe. Robert Maloney, CM, na segunda parte de seu livro o caminho de Vicente de Paulo (1998), apresenta umas palavras a todos aqueles que querem dedicar suas vidas a seguirem a Jesus Cristo evangelizador dos pobres.

            Trilhando esse caminho, encontraremos, como São Vicente, um gozo, porque estaremos vivendo como ele viveu o espírito de Jesus a quem o Pai enviou para anunciar a Boa Nova aos pobres.

            Louvemos a Deus pelo chamado que ele nos fez e faz a vivermos a vocação vicentina. Compõe a nossa missão, nas palavras do Fundador:

“Fazer os pobres conhecerem a Deus anunciando-lhes Jesus Cristo, dizer-lhes que o reino dos céus já chegou e que esse reino é para os pobres. Como isso é grande! E que fomos chamados para ser companheiros e para participarmos dos planos do Filho de Deus, é algo que supera nossa compreensão. Que! Fazemos... não me atrevo a dizer sim; evangelizar os pobres é um serviço tão grande que é por excelência o ofício do filho de Deus! Somos instrumentos para que o Filho de Deus continue fazendo no céu o que fez na terra. Que grande motivo para louvar a Deus, meus irmãos e agradecer incessantemente essa graça” (SVP, XI, 387) 
        
            Servir a Deus ao modelo vicentino implica muita sinceridade, humildade e coragem. Uma vez dando o seu sim, siga fiel e se por algum momento aparecer a tentação de desistir, imagine, como dizia São Vicente, multidões sem número, com os braços estendidos gritando seu nome (SVP, I, 286). Dê sua vida a Deus, aos pobres, e aos seus irmãos, servos dos pobres. Se fizer o compromisso, seja fiel a ele.        

Capítulo I
O fim da Congregação: O fim principal é seguir Jesus Cristo evangelizador dos pobres, isto se dá de três modos:
1.“Empenhar-te em revestir-te do espirito de Jesus Cristo, o evangelizador dos pobres, e assim cresceras na verdadeira santidade” (p. 197).
2.“Prega o evangelho aos pobres. Este é o teu principal trabalho” (p. 197).
3.“Ajuda também a outros sacerdotes e leigos em sua formação como portadores da boa nova aos pobres” (p. 198).

Capitulo II
O lugar do evangelho: É missão fundamental de um membro da Congregação o anúncio da palavra de Deus aos mais pobres. Mas para anunciar primeiro é preciso escutar, uma boa pregação se dá por meio de palavras e testemunho. O missionário também precisa no seu apostolado saber escutar as pessoas e dar uma palavra de conforto a elas.

Capítulo III
Serviço dos pobres: São Vicente dizia aos seus missionários que é preciso ter muito amor para com os pobres e muitas vezes no serviço a eles “encontrarás frustrações ao pregar, ao ensinar, ou ao trabalhar pelos pobres” (p. 202). Antes de buscar ensinar o povo é preciso viver o que se ensina.

Capítulo IV
Celibato: O celibato para um missionário é a disponibilidade e o entusiasmo de anunciar o evangelho e servir ao povo. “O celibato é um testemunho de tua fé em certos valores que transcendem a importância da união sexual. É o sinal de tua dedicação a um projeto total e absorvente de oração, trabalho apostólico, mobilidade missionaria a serviço do reino de Deus” (p. 205).

Capítulo V
Pobreza: O membro da congregação buscará por meio do voto de pobreza ter uma vida simples e buscará partilhar o que tem com a comunidade e com os pobres.

Capítulo VI
Obediência: Segundo São Vicente, precisamos ser obedientes como Jesus foi obediente à vontade de Deus. “A vida em comum exige modos de pensar e agir em comum. implica também decisões inevitavelmente, com as quais alguns não estarão de acordo” (p. 209).

Capítulo VII
Comunidade: São Vicente não trabalha sozinho, ele cria uma comunidade, com ideais comuns. A vida de comunidade não é fácil, mas também tem suas alegrias. Para que exista uma comunidade de boa convivência, cada um dos membros precisa se esforçar para amar, tolerar, respeitar, ceder para que haja uma verdadeira fraternidade.

Capítulo VIII
Atos de piedade: Como Jesus que frequentemente se retirava com seus apóstolos para rezar, ficar a sós com Deus assim também cada membro precisa unir-se a Deus nas orações e atos de piedade, juntamente com a comunidade. São de fundamental importância à participação na eucaristia, a leitura do novo testamento, a devoção a Maria, etc.
Capítulo IX
Simplicidade: a virtude da simplicidade é a mais estimada por São Vicente. Ele diz a respeito da simplicidade, esta “é o meu evangelho” (pg. 217). Partindo dos escritos de São Vicente ele da uma definição clara e simples desta virtude. “Nosso Senhor Jesus Cristo nos pede a simplicidade da pomba que consiste em dizer as coisas naturalmente como estão em nosso coração, sem cogitações inúteis, e fazendo tudo com a atenção voltada para Deus, sem engano nem artificio. Por isso esforçar-nos-emos para fazer tudo em espirito de simplicidade, sabendo que Deus gosta de falar com os simples e que oculta os mistérios celestes aos sábios e aos prudentes do mundo, enquanto revela aos humildes” (p. 217).

Capítulo X
Humildade: É uma das virtudes fundamentais na espiritualidade, como Jesus dizia “aprendei de mim que sou manso e humilde de coração” (p. 220). Se cada membro for humilde alcançará muitas graças. É pela humildade que a companhia consegue fazer grandes coisas. É preciso que vivamos a humildade prática e não a teoria, falar é fácil, mas viver é difícil.
Capítulo XI
Mansidão: São Vicente no começo era muito colérico, mas com a Graça de Deus ele pediu para mudar o seu caráter e acabou tornando-se amável e benigno. São Vicente sabia corrigir com amabilidade. A ira em algumas ocasiões da coragem e valentia, mas precisamos saber conciliar o doce com o amargo, ou seja, a amabilidade e a firmeza. Assim seremos pessoas calorosas na acolhida do outro, sobretudo do pobre.

Capítulo XII
Mortificação: É preciso morrer todo dia ao pecado. Não devemos assumir posturas radicais na mortificação, mas buscar fazer aquilo que São Vicente nos deixou nas constituições, como: ser fiel ao estado que assume, moderar as palavras com as pessoas, tratar bem a todos principalmente aqueles que menos nos agradam, saber utilizar moderadamente os meios comunicativos, etc. Assim estaremos contribuindo para o crescimento espiritual.
Capítulo XIII
Zelo: São Vicente dizia que “se o amor de Deus é um fogo, então o zelo é sua chama” (pg. 227). É preciso que trabalhemos e atuemos em favor dos pobres com constância todos os dias. Não podemos nos acomodar ser ociosos é preciso colocar a mão na massa. Também temos que cuidar para não cair no zelo indiscreto, que é o trabalho em excesso, pois isto tem consequências péssimas. É preciso que conheçamos nossos limites e respeitemos o nosso corpo para assim podermos bem servir os pobres.

Capítulo IV
Confiança na Providência: São Vicente acreditava e confiava que tudo provém de Deus, que tudo é obra e dom de Deus, sem ele não somos nada. As obras que São Vicente fundou é obra de Deus e não de sua própria vontade. São Vicente nos deixou um estilo de vida simples e despojado do que o mundo propõe (fama, dinheiro, luxo), é preciso se entregar sem reservas nas mãos de Deus, pois se confiamos tudo a ele, tudo ira ser providenciado no momento oportuno. Tudo é obra de Deus, nós apenas somos seus instrumentos. Portanto, confiemos a Deus e a sua divina Graça.

Referência
MALONEY, Robert. O caminho de Vicente de Paulo: uma espiritualidade para nossos tempos a serviço dos pobres. Curitiba: Gráfica Vicentina, 1998.


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