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| [A Sagrada Família – Guardiã da Esperança no Encerramento do Jubileu] |
Festa da Sagrada Família (Eclo 3,3-7.14-17a; Cl 3,12-21; Mt 2,13-15.19-23)
Meus irmãos e minhas irmãs, nesta oitava de Natal, a liturgia nos convida a entrar na casa de Nazaré. Ao encerrarmos este Ano Jubilar de 2025, sob o tema "Peregrinos da Esperança", olhar para a Sagrada Família não é apenas um exercício de devoção, mas um chamado a renovar as bases da nossa sociedade e da nossa fé.
1. O Jubileu que se Encerra: Frutos de Esperança
O Ano Santo de 2025 foi um tempo de graça, de perdão e de reconciliação. Ao cruzarmos as Portas Santas, buscamos a renovação espiritual. Agora, ao fecharmos este ciclo, a Igreja nos apresenta a Sagrada Família como o modelo de onde a esperança deve brotar e frutificar. O Jubileu não termina hoje; ele deve continuar vivo dentro de nossos lares. Se fomos "Peregrinos da Esperança" nas catedrais e santuários, agora somos chamados a ser "Missionários da Ternura" em nossas casas.
2. A Sabedoria do Cuidado (Eclo 3 e Cl 3)
A Primeira Leitura, de Ben Sirac, lembra-nos de que a religião começa no respeito aos pais. "Quem honra seu pai terá alegria em seus filhos". Em um mundo cada vez mais digital e, por vezes, isolado, a Palavra de Deus nos chama ao concreto: cuidar dos idosos, honrar quem nos deu a vida, exercitar a paciência quando as forças deles diminuírem.
São Paulo, na carta aos Colossenses, dá-nos a "receita" para que a paz de Cristo reine em nossa casa: "Revesti-vos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão e de paciência". No encerramento deste Ano Jubilar, estas virtudes são as nossas verdadeiras indulgências. Revestir-se de Cristo significa tratar o esposo, a esposa e os filhos com a mesma ternura que Deus teve por nós ao se fazer Menino.
3. A Família em Fuga: A Fé nas Adversidades (Mt 2)
O Evangelho de Mateus nos mostra que a Sagrada Família não viveu "em uma redoma". Eles foram refugiados, sentiram o medo da perseguição de Herodes e a dureza do exílio no Egito. A santidade de José e Maria não consistiu na ausência de problemas, mas na obediência fiel a Deus em meio às tempestades.
Hoje, muitas famílias vivem seus próprios "Egitos": a insegurança financeira, a desunião, o luto ou as ideologias que tentam desconstruir o valor do lar. A ação de José—levantar-se de noite e proteger a vida—é o chamado para cada pai e mãe de hoje: proteger a santidade da vida e a pureza do amor familiar contra os "Herodes" modernos.
4. O Valor da Família: Uma História de Raízes e Asas
Para compreendermos o valor da família nos dias de hoje, partilho com vocês esta história:
Um jovem arquiteto, orgulhoso de suas construções modernas, decidiu visitar o vilarejo onde seu avô, um antigo mestre de obras, ainda vivia. O jovem mostrou fotos de arranha-céus imponentes e disse: "Vovô, o mundo mudou. Hoje as pessoas querem independência, prédios que tocam o céu, onde cada um vive no seu espaço sem depender de ninguém."
O avô, em silêncio, levou o neto até o quintal e apontou para uma enorme mangueira centenária. "Veja esta árvore", disse o velho. "Muitas tempestades passaram por aqui. Houve anos de seca e anos de ventos furiosos que derrubaram muitas casas novas no vilarejo. Mas esta árvore permanece. Sabe por quê?"
O jovem respondeu: "Porque o tronco é grosso?" E o avô explicou: "Não é apenas o tronco. É porque, debaixo da terra, as raízes desta árvore se entrelaçaram com as raízes das outras árvores ao redor. Quando o vento bate em uma, as outras a seguram pelo chão. No mundo de hoje, o sucesso e a tecnologia dão 'asas' às pessoas, mas só a família dá 'raízes'. Sem as asas, o homem não sai do lugar; mas sem as raízes da família, qualquer vento de crise o derruba para sempre. O valor da família hoje não é prender ninguém, mas ser a rede invisível de raízes que não nos deixa cair quando o mundo lá fora tenta nos arrancar do chão."
Conclusão
Ao encerrarmos este Jubileu de 2025, peçamos à Sagrada Família que: a) cada casa seja um "Santuário da Esperança", b) as portas de nossos lares nunca se fechem para a caridade e c) a exemplo de Jesus, Maria e José, saibamos que o maior tesouro que possuímos não é o que acumulamos, mas quem caminha ao nosso lado.
Sagrada Família de Nazaré, nossa família vossa é! Amém

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