Queridos irmãos e irmãs em Cristo,
A liturgia deste domingo nos coloca diante do mistério da Cruz: um mistério de amor que se abaixa, serve e se entrega totalmente para salvar toda a humanidade. É este o coração da nossa fé: o Filho do Homem foi levantado na cruz para que todo aquele que nele crer tenha a vida eterna (Jo 3,15).
Na primeira leitura (Nm 21,4b-9), o povo de Israel, cansado e impaciente no deserto, murmura contra Deus e contra Moisés. Como consequência, surgem serpentes venenosas que trazem morte. Mas Deus, em sua misericórdia, oferece um sinal de salvação: uma serpente de bronze levantada num poste. Quem a olhasse com fé, era curado. Esse episódio prefigura o que aconteceria na cruz: Jesus, elevado do chão, se tornaria o novo sinal de salvação para todos os que olharem para Ele com fé.
Na segunda leitura (Fl 2,6-11), São Paulo canta o grande hino da humildade de Cristo: “Ele, sendo de condição divina, não se apegou à sua igualdade com Deus, mas esvaziou-se, assumindo a condição de servo... humilhou-se, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz”. Aqui está o núcleo do Evangelho: Deus se abaixa para nos levantar. A glória de Jesus não está no poder que domina, mas no amor que serve até o fim. Por isso Deus o exaltou e lhe deu o Nome que está acima de todo nome.
E no Evangelho (Jo 3,13-17), Jesus diz a Nicodemos: “Assim como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que o Filho do Homem seja levantado, para que todo o que nele crer tenha a vida eterna”. A cruz, que era instrumento de tortura, tornou-se o trono da misericórdia. O Pai não enviou o Filho para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele.
Queridos irmãos, a cruz de Cristo nos ensina três caminhos fundamentais para a nossa vida cristã:
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Humildade: Jesus se abaixa, renuncia a todo prestígio, e se faz um de nós. Quem contempla a cruz não pode continuar vivendo no orgulho. Somos chamados a descer também: a reconhecer nossa pequenez e nossa necessidade de Deus.
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Serviço: Jesus não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida. A cruz nos convida a amar de forma concreta, gastando nossas forças em favor dos irmãos, sobretudo dos mais pobres e esquecidos.
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Entrega confiante: na cruz, Jesus coloca sua vida inteiramente nas mãos do Pai. Também nós somos chamados a confiar que nossas dores, quando unidas à cruz, se transformam em vida nova.
A cruz é, portanto, um sinal universal de salvação: nela Jesus abre os braços para acolher todos os povos, sem distinção de raça, cultura ou condição social. Diante dela, não há privilégios nem exclusões: há apenas filhos e filhas amados, salvos pelo sangue do Cordeiro.
Celebrar este domingo é deixar-nos transformar por esse amor que se faz humilde, servo e entregue. Que ao contemplarmos a cruz, não a vejamos como derrota, mas como vitória: a vitória do amor que salva e reconcilia o mundo.
Que o Senhor Crucificado e Glorioso nos dê a graça de viver com humildade, servir com generosidade e entregar nossa vida por amor, para que também nós sejamos sinais de salvação no mundo.
Amém.