sábado, 20 de setembro de 2025

Missão do Japão 21/09/2025: 25º Domingo do Tempo Comum | ANO C (Lc 16,1-13) Homilia



Meus irmãos e minhas irmãs,

A Palavra de Deus hoje nos convida a refletir sobre três pontos importantes para a nossa vida cristã: a honestidade, a sabedoria e a oração pelas autoridades.

Na primeira leitura (Am 8,4-7), o profeta Amós denuncia aqueles que exploram os pobres, adulteram balanças e só pensam em lucrar. Deus vê a injustiça e não se esquece da dor dos que são enganados. A Palavra é clara: riqueza construída com desonestidade não agrada a Deus.

No evangelho (Lc 16,1-13), Jesus conta a parábola do administrador infiel. Parece estranho Ele elogiar um homem desonesto, mas o que Jesus destaca não é a corrupção, e sim a esperteza do administrador em tomar uma decisão rápida no momento difícil. Jesus nos pede essa mesma sabedoria: que usemos nossos bens e talentos não para enriquecer às custas dos outros, mas para servir, ajudar e criar laços de amizade e solidariedade. 

O dinheiro pode ser usado para o bem ou para o mal, tornando-se um ídolo que nos afasta de Deus. Jesus esclarece “Não dá para servir a dois senhores: ou servimos a Deus ou ao dinheiro”. Servir a Deus significa colocar a vida, o coração e até os bens a serviço do amor, da solidariedade e da partilha. O administrador, mesmo desonesto, acabou escolhendo o lado dos pobres. 

Assim também nós somos chamados: a não nos apegar ao dinheiro, mas a usá-lo para fazer o bem.

Na segunda leitura (1Tm 2,1-8), São Paulo pede orações pelas autoridades e governantes. Sabemos que muitos deles falham e cometem injustiças, mas mesmo assim somos chamados a rezar por eles, para que busquem a justiça e o bem comum. Um povo que reza pelas autoridades ajuda a transformar o coração dos líderes e também fortalece sua própria esperança.

Portanto, a mensagem de hoje é clara: 

1. sejamos honestos nas pequenas e grandes coisas, 

2. usemos de sabedoria para viver o evangelho no dia a dia, e 

3. rezemos sempre pelos que administram a sociedade, para que não se deixem dominar pela corrupção, mas governem com justiça e paz.

História sobre a honestidade:

Conta-se que um rei, desejando escolher um sucessor, chamou todos os jovens do reino e deu a cada um uma semente para plantar. Disse que, em um ano, voltaria para ver os resultados. Um jovem chamado Mardônio cuidou da sua semente, mas nada brotou. Enquanto isso, outros jovens apresentaram plantas lindas. No dia combinado, Mardônio, com vergonha, levou apenas o vaso com a terra. O rei então sorriu e disse: “Mardônio será o novo rei, porque todos receberam sementes queimadas, incapazes de germinar. Só ele teve a coragem de ser honesto e trazer a verdade.”

Assim também nós: Deus olha não para as aparências, mas para a verdade e a honestidade do nosso coração.

Que nesta eucaristia, o Senhor nos ajude: a ter um coração livre do apego ao dinheiro e cheio de amor pelos irmãos; a usar tudo o que temos para fazer o bem a partilha e fraternidade, e a servir somente a Ele, nosso único Senhor. Assim seja, amém!

sexta-feira, 12 de setembro de 2025

Missão do Japão 14/09/2025: 24º Domingo do Tempo Comum | ANO C (Jo 3,13-17) Homilia



Queridos irmãos e irmãs em Cristo,

A liturgia deste domingo nos coloca diante do mistério da Cruz: um mistério de amor que se abaixa, serve e se entrega totalmente para salvar toda a humanidade. É este o coração da nossa fé: o Filho do Homem foi levantado na cruz para que todo aquele que nele crer tenha a vida eterna (Jo 3,15).

Na primeira leitura (Nm 21,4b-9), o povo de Israel, cansado e impaciente no deserto, murmura contra Deus e contra Moisés. Como consequência, surgem serpentes venenosas que trazem morte. Mas Deus, em sua misericórdia, oferece um sinal de salvação: uma serpente de bronze levantada num poste. Quem a olhasse com fé, era curado. Esse episódio prefigura o que aconteceria na cruz: Jesus, elevado do chão, se tornaria o novo sinal de salvação para todos os que olharem para Ele com fé.

Na segunda leitura (Fl 2,6-11), São Paulo canta o grande hino da humildade de Cristo: “Ele, sendo de condição divina, não se apegou à sua igualdade com Deus, mas esvaziou-se, assumindo a condição de servo... humilhou-se, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz”. Aqui está o núcleo do Evangelho: Deus se abaixa para nos levantar. A glória de Jesus não está no poder que domina, mas no amor que serve até o fim. Por isso Deus o exaltou e lhe deu o Nome que está acima de todo nome.

E no Evangelho (Jo 3,13-17), Jesus diz a Nicodemos: “Assim como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que o Filho do Homem seja levantado, para que todo o que nele crer tenha a vida eterna”. A cruz, que era instrumento de tortura, tornou-se o trono da misericórdia. O Pai não enviou o Filho para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele.

Queridos irmãos, a cruz de Cristo nos ensina três caminhos fundamentais para a nossa vida cristã:

  1. Humildade: Jesus se abaixa, renuncia a todo prestígio, e se faz um de nós. Quem contempla a cruz não pode continuar vivendo no orgulho. Somos chamados a descer também: a reconhecer nossa pequenez e nossa necessidade de Deus.

  2. Serviço: Jesus não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida. A cruz nos convida a amar de forma concreta, gastando nossas forças em favor dos irmãos, sobretudo dos mais pobres e esquecidos.

  3. Entrega confiante: na cruz, Jesus coloca sua vida inteiramente nas mãos do Pai. Também nós somos chamados a confiar que nossas dores, quando unidas à cruz, se transformam em vida nova.

A cruz é, portanto, um sinal universal de salvação: nela Jesus abre os braços para acolher todos os povos, sem distinção de raça, cultura ou condição social. Diante dela, não há privilégios nem exclusões: há apenas filhos e filhas amados, salvos pelo sangue do Cordeiro.

Celebrar este domingo é deixar-nos transformar por esse amor que se faz humilde, servo e entregue. Que ao contemplarmos a cruz, não a vejamos como derrota, mas como vitória: a vitória do amor que salva e reconcilia o mundo.

Que o Senhor Crucificado e Glorioso nos dê a graça de viver com humildade, servir com generosidade e entregar nossa vida por amor, para que também nós sejamos sinais de salvação no mundo.

Amém.

sábado, 6 de setembro de 2025

Missão do Japão 07/09/2025: 23º Domingo do Tempo Comum | ANO C (Lc 14,25-33) Homilia


 

Homilia: O Custo do Discipulado

Caros irmãos e irmãs em Cristo,

A liturgia da Palavra deste 23º Domingo do Tempo Comum nos coloca diante de uma verdade desafiadora e, talvez, desconfortável: o seguimento de Jesus tem um custo. Não é um caminho fácil, nem um passeio tranquilo. É uma jornada que exige de nós uma decisão radical, uma renúncia, um "deixar tudo" por amor a Ele.

Na primeira leitura, do livro da Sabedoria, somos convidados a refletir sobre a nossa capacidade de compreender a vontade de Deus. O autor sagrado nos diz que "o que está no céu, quem pode perscrutar? E o que vós quereis, quem pode conhecer, se vós não lhes derdes a Sabedoria?" (Sb 9, 13-14). A sabedoria de que fala o texto não é a inteligência humana, mas sim o dom do Espírito Santo que nos permite enxergar o mundo e a nossa vida com os olhos de Deus. É essa sabedoria que nos capacita a discernir e a abraçar a proposta de Jesus.

A segunda leitura, da carta de São Paulo a Filêmon, nos apresenta um exemplo concreto de renúncia e de perdão. Paulo pede a Filêmon que receba Onésimo, um escravo fugitivo, não mais como escravo, mas como um irmão muito amado. Paulo, que está preso, renuncia ao seu próprio direito e se coloca no lugar de Onésimo, pedindo a Filêmon que "receba-o como se fosse a mim mesmo" (Fm 12,17). É um ato de amor radical, de identificação com o outro, de esvaziamento de si. Paulo nos mostra que a renúncia de que fala Jesus não é uma negação de nós mesmos, mas uma entrega, um "dar-se" por amor aos outros.

O evangelho de Lucas é o ápice desta reflexão. Jesus fala abertamente sobre o que é preciso para ser seu discípulo: "Se alguém vem a mim e não odeia seu pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, seus irmãos e irmãs, e até a sua própria vida, não pode ser meu discípulo" (Lc 14, 26). A palavra "odiar" usada por Jesus, em grego, tem um sentido hiperbólico. Não significa um sentimento de aversão, mas sim uma prioridade absoluta. Jesus nos diz que, para segui-lo, Ele precisa ser o primeiro, o mais importante de tudo em nossa vida, acima de qualquer laço familiar, amizade ou até mesmo da nossa própria vontade.

A seguir, Jesus nos convida a "tomar a sua cruz e segui-lo" e a "renunciar a todos os bens" (Lc 14, 27.33). Ele nos coloca diante de um desafio: o de calcular o custo. Ele usa a imagem de quem quer construir uma torre ou de um rei que vai para a guerra. É preciso planejamento, é preciso saber se temos os recursos necessários para a empreitada. No nosso caso, o recurso principal é a nossa total entrega a Ele.

O que significa "renunciar a todos os bens"?

A renúncia de que fala Jesus não é uma negação do mundo, mas uma priorização. Não se trata de abandonar nossos bens, nossa família, nossa vida, mas de colocá-los sob a perspectiva de Cristo. Ele deve ser o centro de tudo. A renúncia não é um fim em si mesma, mas um meio para um fim maior: a plena comunhão com Deus.

Quando Jesus nos pede para renunciar a tudo, Ele não está pedindo para que vivamos na miséria ou que sejamos insensíveis aos nossos familiares. Pelo contrário, Ele nos convida a nos libertarmos das amarras que nos impedem de amá-lo e de amar o próximo de forma genuína e desinteressada.

A renúncia é um ato de liberdade. É dizer "sim" a Jesus, mas para isso, é preciso ter a coragem de dizer "não" a tudo que nos afasta d'Ele. É ter a sabedoria de que fala o livro da Sabedoria: a sabedoria que nos permite discernir e escolher o que realmente importa.

O desafio de hoje

Neste 23º Domingo do Tempo Comum, somos convidados a olhar para a nossa própria vida e a nos perguntarmos: O que ocupa o primeiro lugar no meu coração? A quem eu estou servindo? Minha vida é um reflexo do Evangelho ou das lógicas do mundo?

Que a Virgem Maria, a primeira e a mais perfeita discípula, nos ajude a abraçar a cruz de Cristo, a renunciar a tudo que nos impede de segui-lo e a caminhar com coragem na construção do Reino de Deus. Amém.