sexta-feira, 30 de maio de 2025

Missão do Japão 01/06/2025: Solenidade da Ascensão do Senhor| ANO C (Lc 24,46-53) Homilia



Irmãos e irmãs, a paz do Senhor ressuscitado esteja convosco!

Hoje celebramos com alegria a Solenidade da Ascensão do Senhor. Pode parecer, à primeira vista, uma despedida. Jesus sobe ao céu, afasta-se dos olhos dos discípulos, e, aparentemente, os deixa sozinhos. Mas esta festa é muito mais do que uma partida. É uma elevação da humanidade até Deus. Um passo essencial no mistério da nossa salvação.

1. Ressurreição e Ascensão: duas etapas do mesmo mistério

A Ressurreição e a Ascensão não são o mesmo, embora estejam intimamente ligadas.

  • Na Ressurreição, Jesus vence a morte, rompe as cadeias do túmulo e se manifesta vivo aos discípulos.
  • Na Ascensão, Ele retorna ao Pai, leva consigo a nossa humanidade glorificada, e se senta à direita de Deus. Ascende ao lugar onde estava antes.
  • Na Assunção, Maria subiu aos céus com a força de Jesus. Assumiu um lugar novo.

Jesus não abandona o corpo humano que assumiu no ventre de Maria. Ele sobe aos céus com Ele. É a nossa carne que Ele eleva. E isso tem um significado profundo: em Jesus, a humanidade foi divinizada.

Como disse São Leão Magno: "A ascensão de Cristo é a nossa elevação". Ele, cabeça do Corpo, sobe primeiro. Nós, membros do Corpo, subiremos com Ele.

2. Jesus sobe, mas não se ausenta

No Evangelho segundo Lucas, ouvimos que Jesus, antes de subir ao céu, abençoou os discípulos. E eles, longe de ficarem tristes, voltaram a Jerusalém cheios de alegria (cf. Lc 24,52). Por quê? Porque compreenderam que Jesus não os deixava sós. Ele subia ao céu, mas sua presença se tornava mais profunda e universal.

Não está mais limitado por um corpo físico num lugar específico. Agora Ele está presente em todos os lugares, especialmente na Igreja, na Eucaristia, na Palavra e nos pobres.

3. Somos chamados à esperança e à missão

A carta aos Efésios nos ajuda a entender o alcance desse mistério. São Paulo reza para conhecermos "a esperança à qual fomos chamados" (Ef 1,18). E essa esperança é esta: um dia estaremos com Cristo, onde Ele está.

Ao mesmo tempo, o livro dos Atos nos lembra que não podemos ficar olhando para o céu sem agir (cf. At 1,11). O anjo diz aos discípulos: “Por que estais olhando para o céu?” É como se dissesse: agora é com vocês! Levem adiante a missão. Sejam testemunhas até os confins da terra.

A Ascensão, portanto, não é o fim da história de Jesus, mas o início da missão da Igreja. Ele sobe para o céu, e nos envia ao mundo.

4. Somos participantes da glória de Cristo

Queridos irmãos e irmãs, ao celebrar a Ascensão do Senhor, somos convidados a erguer o olhar, não para fugir da realidade, mas para reencontrar o sentido da nossa vida aqui.

Cristo, que subiu aos céus, nos atrai para junto do Pai. E mais: Ele leva consigo nossa condição humana. Isso significa que o céu já não é só o lugar de Deus: é também o nosso lugar.

A Ascensão é, por isso, uma festa da esperança cristã. E também uma festa da nossa dignidade. Em Cristo, nossa humanidade é chamada à glória. Nosso corpo, nossa história, nossa vida concreta — tudo isso está destinado a ser elevado em Deus.

Conclusão

Por isso, hoje nos alegramos. O Ressuscitado, que venceu a morte, é também Aquele que sobe ao céu levando-nos consigo. Ele nos promete o Espírito Santo e nos envia em missão. Não estamos sós. Ele está conosco "todos os dias, até o fim dos tempos" (Mt 28,20).

Que essa celebração reacenda em nós o desejo do céu, sem nos afastar do mundo, mas tornando-nos mais comprometidos com a transformação da terra.
E que, como os discípulos, voltemos hoje para a nossa “Jerusalém” cotidiana cheios de alegria, certos de que o céu nos espera, e de que Cristo caminha conosco até lá.

Amém.

sábado, 24 de maio de 2025

Missão do Japão 25/05/2025: 6º Domingo de Páscoa | ANO C (Jo 14,23-29) Homilia



Queridos irmãos e irmãs em Cristo,

Estamos nos aproximando da grande festa de Pentecostes. A liturgia deste 6º Domingo da Páscoa já nos prepara para acolher o Espírito Santo que o Pai nos enviará. E nos convida a um caminho de paz, amor e serviço. Essas são as marcas da verdadeira comunidade cristã, sinais da presença de Deus entre nós.

No Evangelho de hoje, Jesus diz aos seus discípulos:

"Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e o meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada" (Jo 14,23).

Vejam que Jesus liga diretamente o amor à obediência da Palavra. Não se trata de um amor abstrato ou apenas emocional. Amar Jesus é viver conforme o que Ele nos ensinou. E qual é o maior ensinamento de Jesus? O amor fraterno, que se traduz em serviço humilde, em perdão sincero, em cuidado com os pobres, em compromisso com a verdade.

Quem ama de verdade, torna-se morada de Deus. Deus não habita em templos de pedra, mas no coração de quem ama. Isso nos conecta com a visão do Apocalipse de hoje:

"Não vi templo na cidade, pois o seu templo é o Senhor, o Deus todo-poderoso, e o Cordeiro" (Ap 21,22).

A nova Jerusalém, a cidade santa que desce do céu, é símbolo da comunidade cristã unida, luminosa, sem necessidade de templo, porque Deus está presente em cada irmão e irmã que vive no amor. Quando vivemos como irmãos, Deus está entre nós. Quando servimos uns aos outros, ali está o Espírito de Deus.

Na primeira leitura, vemos a Igreja nascente enfrentando um conflito. Havia tensão entre grupos diferentes sobre a necessidade de se seguir a Lei de Moisés. Mas a comunidade, guiada pelo Espírito, reúne-se, dialoga, discerne e decide não impor fardos desnecessários. Isso é um sinal do Espírito: a unidade na diversidade, o respeito à cultura dos outros, a busca da paz.

A carta que os apóstolos enviam termina com esta frase:

"O Espírito Santo e nós decidimos não impor a vocês nenhum fardo, além do indispensável" (At 15,28).

O Espírito não impõe pesos, mas liberta. Onde está o Espírito, há leveza, há paz, há comunhão. Essa paz é diferente da paz do mundo, como diz Jesus:

"Eu vos deixo a paz, a minha paz vos dou; mas não a dou como o mundo a dá" (Jo 14,27).

A paz do mundo é frágil, baseada em interesses, em silêncio forçado, em ausência de conflito. Mas a paz de Jesus brota da confiança, do amor, do perdão. Mesmo em meio às dores e incertezas, quem ama e confia em Deus tem paz no coração.

Queridos irmãos e irmãs, esse tempo pascal é tempo de abrir o coração ao Espírito Santo. É tempo de preparar nossa vida para ser morada de Deus. Como fazemos isso?

  1. Guardando a Palavra de Jesus: lendo, meditando, colocando em prática o que Ele nos ensina.
  2. Vivendo o amor como serviço: ajudando quem precisa, sendo sinal de misericórdia no mundo.
  3. Promovendo a paz verdadeira: sendo construtores de pontes, pacificadores nos lares, nas comunidades, nas redes sociais.
  4. Deixando-se conduzir pelo Espírito: discernindo juntos, com humildade, como a Igreja de Atos dos Apóstolos.

Que esta Eucaristia nos fortaleça nesse caminho. Que o Espírito Santo, que o Pai nos enviará em nome de Jesus, encontre em nós corações preparados, comunidades fraternas, e nos renove com seus dons.

Amém.

 

domingo, 18 de maio de 2025

Missão do Japão 18/05/2025: 5º Domingo de Páscoa | ANO C (Jo 13,31-33a.34-35) Homilia



Queridos irmãos e irmãs em Cristo

Celebramos hoje o 5º Domingo da Páscoa, e a liturgia nos conduz a uma compreensão profunda do que significa ser discípulo e missionário do amor. O Ressuscitado nos envia a anunciar o Evangelho com a vida, especialmente a partir de nossas realidades cotidianas.

Na primeira leitura, os Atos dos Apóstolos nos mostram Paulo e Barnabé, que, após enfrentarem muitos desafios, retornam às comunidades para fortalecê-las na fé. Eles nos ensinam que a vida missionária não é fácil: há provações, perseguições e dificuldades. No entanto, animados pela certeza de que o Senhor está com eles, continuam firmes.

No Evangelho, ouvimos as palavras de Jesus na última ceia: "Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros, como eu vos amei." Esse é o coração da vida cristã: o amor que não se contenta com teorias, mas que se torna visível e concreto.

A comunidade do Apocalipse também experimenta a presença de Deus fazendo novas todas as coisas. O novo céu e a nova terra se constroem a partir de corações que vivem o amor fraterno.

Discípulos e Missionários do Amor

Amar como Jesus amou não é uma tarefa simples. Muitas vezes, nos deparamos com nossas fragilidades: orgulho, egoísmo, indiferença. Contudo, o amor cristão é mais do que um sentimento passageiro; é uma decisão de fazer o bem, mesmo quando isso exige sacrifício.

Hoje, somos chamados a viver o amor onde estamos: na família, no trabalho, na comunidade. Talvez pensemos que só os grandes missionários, como Paulo e Barnabé, são capazes de transformar o mundo. Mas a transformação começa em casa, nos pequenos gestos: um perdão sincero, uma palavra de encorajamento, um ato de solidariedade.

Quantas vezes deixamos de testemunhar o amor porque nos sentimos incapazes? Jesus nos mostra que não se trata de sermos perfeitos, mas de estarmos dispostos a amar de verdade. O mundo precisa desse amor transformador, e ele começa em nós.

A missão em nossa realidade

O chamado para sermos discípulos missionários do amor não é para tempos ideais ou lugares perfeitos. Ele se dá na rotina, nos desafios do dia a dia. Que tal começarmos hoje mesmo? Que possamos cultivar o amor dentro de nossas casas, promovendo a paz, o diálogo e a partilha.

Em nossa comunidade, que sejamos conhecidos não só pelo que fazemos, mas principalmente pela maneira como amamos. Que nossos vizinhos, amigos e colegas vejam em nós sinais vivos de Cristo Ressuscitado, pois, como Ele mesmo disse: "Nisto todos saberão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros."

Conclusão

Peçamos ao Senhor que nos dê a graça de amar como Ele amou, de nos tornarmos missionários do amor que transforma e renova. Que nossa comunidade, fortalecida pela Palavra e pela Eucaristia, se torne um espaço onde o amor fraterno é vivido e testemunhado.

Que a Virgem Maria, Mãe da Igreja, nos ajude a seguir firmes neste propósito, construindo juntos um mundo mais justo e fraterno. Amém.

sábado, 10 de maio de 2025

Missão do Japão 11/05/2025: 4º Domingo de Páscoa | ANO C (Jo 10,27-30) Homilia

 


Homilia para o 4º Domingo da Páscoa

Queridos irmãos e irmãs em Cristo,

Hoje celebramos o 4º Domingo da Páscoa, conhecido como o "Domingo do Bom Pastor". As leituras deste dia nos convidam a refletir sobre a figura do pastor que guia, protege e dá a vida por suas ovelhas. Coincidentemente, neste ano de 2025, celebramos também a eleição do novo Papa, Leão XIV, e o Dia das Mães, o que nos proporciona uma rica oportunidade de meditar sobre o cuidado, a liderança e o amor incondicional presentes em nossas vidas.

Na primeira leitura dos Atos dos Apóstolos (At 13,14.43-52), vemos Paulo e Barnabé enfrentando rejeição por parte de alguns judeus, mas também testemunhamos a alegria dos pagãos que acolhem a Palavra de Deus com entusiasmo. Essa passagem nos lembra que o verdadeiro pastor não se deixa abater pelas adversidades, mas continua a missão de levar a salvação a todos, sendo luz para as nações.

O Evangelho de João (Jo 10,27-30) nos apresenta Jesus como o Bom Pastor que conhece suas ovelhas, e elas o seguem. Ele nos assegura que ninguém pode nos arrancar de suas mãos, pois Ele e o Pai são um. Essa imagem nos transmite segurança e confiança no amor de Deus, que nos acompanha e nos sustenta em todos os momentos.(Liturgia Diária)

Na segunda leitura, do Livro do Apocalipse (Ap 7,9.14b-17), João descreve uma multidão de todas as nações diante do trono do Cordeiro, que é também o Pastor. Eles passaram pela grande tribulação, mas agora são consolados, pois o Cordeiro os conduz às fontes da água da vida e enxuga todas as lágrimas de seus olhos. Essa visão nos enche de esperança na promessa de vida eterna e na presença constante de Deus em nossas vidas.(Liturgia Diária)

Neste contexto, recordamos a eleição do Papa Leão XIV, nascido Robert Francis Prevost, um agostiniano de origem americana com profunda ligação à América Latina, especialmente ao Peru, onde serviu como missionário e bispo por muitos anos. Sua eleição representa um sinal de esperança e renovação para a Igreja, destacando a importância de uma liderança pastoral próxima, humilde e comprometida com os mais necessitados. (El País)

O Papa Leão XIV traz consigo a experiência de um pastor que conhece suas ovelhas, que escuta suas vozes e que está disposto a guiá-las com amor e dedicação. Sua trajetória reflete o chamado de Jesus para que sejamos pastores segundo o coração de Deus, atentos às necessidades do povo e comprometidos com a justiça e a paz.

Hoje também celebramos o Dia das Mães, ocasião especial para reconhecer e agradecer o amor incondicional, o cuidado e a dedicação das mães, que são verdadeiras pastoras em suas famílias. Assim como o Bom Pastor, as mães conhecem profundamente seus filhos, os guiam, protegem e estão dispostas a sacrificar-se por eles.

Que possamos, inspirados pelo exemplo de Jesus, do Papa Leão XIV e das mães, viver nossa vocação de pastores em nossas comunidades, famílias e ambientes de trabalho. Que sejamos instrumentos do amor de Deus, guiando e cuidando uns dos outros com ternura e compaixão.

Que o Senhor, nosso Bom Pastor, continue a nos conduzir pelos caminhos da vida, fortalecendo nossa fé e nossa esperança na promessa da vida eterna. Amém.

quinta-feira, 8 de maio de 2025

Boas Vindas, Papa Leão XIV

 

Robert Francis Prevost



1º Discurso do Papa Leão XIV:

"Que a paz esteja com todos vocês! Irmãos e irmãs, caríssimos,

Esta é a primeira saudação do Cristo ressuscitado, bom pastor que deu a vida para o rebanho de Deus. Eu também gostaria que essa saudação de paz entrasse no coração de vocês, alcançasse a família de vocês e todas as pessoas, onde quer que elas estejam. Todos os povos, toda a terra. Que a paz esteja com vocês.

Esta é a paz de Cristo ressuscitado, uma paz desarmada e uma paz desarmante, humilde e perseverante. Que provém de Deus, que nos ama a todos incondicionalmente.

Guardamos ainda nos nossos ouvidos aquela voz fraca, mas sempre corajosa do papa Francisco que abençoava Roma.

O papa que abençoava Roma e dava sua bênção para todo mundo naquela manhã do dia da Páscoa. Permito-me dar prosseguimento à aquela mesma bênção: Deus nos ama, Deus ama todos vocês. O mau não irá prevalecer, estamos todos nas mãos de Deus.

Portanto, sem medo, juntos, de mãos dadas com Deus e uns com os outros, prossigamos. Somos discípulos de Cristo, Cristo nos precede, o mundo precisa de sua luz. A humanidade precisa dele como a ponte para ser alcançada por Deus e por seu amor. Nos ajudem também, uns aos outros, a construir pontes com diálogo, com encontro, todos juntos num único povo, sempre em paz.

Obrigado, papa Francisco.

Quero agradecer também todos os irmãos cardeais que me escolheram como sucessor de Pedro para caminhar junto com vocês enquanto Igreja unida, sempre em busca da paz, da Justiça e sempre tentando trabalhar como homens e mulheres fiéis a Jesus Cristo, sem medo, para proclamar o evangelho, para sermos missionários.

Sou filho de Santo Agostinho, sou agostiniano. Sou cristão e, por vocês, bispo. Podemos caminhar juntos em direção àquela pátria para qual Deus nos preparou. Para a Igreja de Roma, uma saudação especial. Precisamos tentar juntos ser uma igreja missionária, que constrói ponte, diálogo, sempre aberta a receber, como nesta praça, com braços abertos, todos aqueles que precisam da nossa caridade, nossa presença, o diálogo e o amor.

Se me permitem, também fazer uma saudação em especial à minha querida Diocese no Peru, onde um povo fiel acompanhou seu bispo, compartilhando sua fé e deu tanto para continuar sendo uma igreja fiel a Jesus Cristo.

A todos vocês, irmãos e irmãs de Roma, da Itália, de todo mundo, queremos ser uma igreja sinodal, que avança e busca sempre a paz, a caridade e estar próxima, principalmente daqueles que sofrem.

Hoje é o dia da súplica para Madona de Pompéia. Nossa mãe Maria quer sempre caminhar conosco, estar próxima e nos ajudar com sua interseção e seu amor. Gostaria de rezar junto com vocês. Vamos rezar juntos por essa nova missão, toda Igreja e a paz no mundo, pedindo graça a Maria, nossa mãe.

[Ave Maria]"