Evangelho de Jesus Cristo segundo João (Jo 6,60-69)
Na liturgia estamos
celebrando o ano B, ano de Marcos. Porém em ocasiões especiais, os evangelista Mateus, Marcos e Lucas dão
especo à João, que foi um dos
últimos evangelhos a ser escrito.
João descreve sempre com interesse as reações dos ouvintes com Jesus. Anteriormente analisou
as atitudes de:
1. Um doutor da lei (Jo 3) – Nicodemos;
2. Uma mulher do povo (Jo 4) – A Samaritana;
3. Um funcionário (Jo 4,43-53) – Oficial do
rei e
4. E hoje a reação dos
que acompanham Jesus mais de perto – os discípulos.
A Palavra proclamada nos
apresenta o dilema: Crer ou não Crer
Jesus vai esclarecendo quem
ele é, e o que implica dizer sim a seu projeto que é o projeto do Pai. Muitos
não têm força para aceitá-lo e vão-se embora. Alguns exclamam: “Essa
linguagem é dura; quem pode entendê-la?” Isso implica vacilo diante do discurso de Jesus que convida a sair
de si mesmo para seguir a Deus; a suspender a carne para viver no Espírito, não
se fixar no mundo, mas nas coisas do eterno.
Meditando essa Palavra, lembrei da realidade do que é ser cristão
aqui no Brasil e ali na Europa - onde tive a oportunidade de viver tempos
atrás. As igrejas nem sempre eram cheias, mas as poucas pessoas que iam à missa
estavam convictas da sua fé, ou seja, acreditavam na Palavra, estavam porque
haviam aderido ao projeto de Deus em suas vidas.
Normalmente,
o que se ver hoje são pessoas que:
1. Preferem um Deus que lhes siga e não Deus a seguir;
2. Uma vida centrada na carne no temporal e
não no Espírito e no eterno;
3. Buscam um Deus mágico, imediato, fechando-se a
perspectivas de futuro e a esperança
de que no tempo certo a graça vai
acontecer, porque Deus não esquece de seus filhos.
Em outra passagem a Palavra
diz que
teu sim seja sim e teu não seja não, ou seja, Cristo exige uma decisão
da nossa parte. E esse sim ou esse não, não é apenas para a hora das horas (a
do aparecimento final diante de Cristo), mas é uma prática que perpassa toda a
existência humana, desde as decisões mais importantes até as pequenas escolhas
da vida.
Decidir
não é fácil, mas é necessário e tão presente em nosso dia a dia quanto o respirar. Esse momento mesmo que estamos vivendo é
fruto de uma decisão, estávamos todos noutros lugares e decidimos pelo sim
– vamos
à missa! Diante das palavras do
mestre alguns dos seguidores decidiram pelo não, mas o convite que fazemos
hoje aqui, após aproximadamente dois mil anos daquele episódio, é que nos
decidamos pelo sim, pelo seu seguimento, pela fé, pelo bem.
A
missa é um eterno apelo de Cristo - que se mostra constantemente, e por meio do
banquete da Palavra e da Eucaristia alimenta os fieis e os fortalece no seu
sim. Não tenhamos medo de nos aproximar
de Jesus; de escutar e anunciar a sua Palavra; de participar de seu
banquete - por meio do pão vivo; de sermos sinal visível de seu amor e de sua
misericórdia em nossas famílias, em nossa comunidade, em nosso dia a dia.
O
convite de hoje é a sermos pessoas de fé. Em cada eucaristia o
sacerdote apresenta o pão e o vinho anunciando “Eis o Mistério da Fé”, ou seja, só podemos compreender o que o
mesmo está realizando pelos óculos da fé. Outro raciocínio não vale nesse
momento.
Foi pela fé viva em Deus que
nossos antepassados aderiram o projeto do Pai em suas vidas. Na primeira leitura Josué, com toda a
sua família, e logo o povo reunido em Siquém escolheram o Senhor Javé em
detrimento aos deuses dos amorreus.
Sábio também, foi Pedro que, no evangelho de hoje, enxergou a salvação diante de si e a aderiu: “A quem iremos, Senhor!? Tu tens palavra de
vida eterna; nós acreditamos e conhecemos que és o Santo de Deus” Ter essa
guinada que teve Pedro, mas que algo sobrenatural, pois sabemos que a fé é
graça de Deus e que não podemos dizer “Senhor” se não for pelo Espírito, porém
mais que isso, está a vontade, a decisão de Pedro, a abertura dele as coisas do
auto, o deixar-se moldar pelo sobro do Espírito.
Reconhecer que Jesus era o messias naquela época não
era tarefa fácil, mas Pedro e outros insistiram no sim, e abraçaram as
consequências conflitantes e apascenteira de viver com Jesus.
O discurso duro que a Palavra
nos sugere hoje, faz-nos lembrar que a conversão
nunca é uma operação sem dor. Porque escolher algo implica em preterir
outro, de forma que nem sempre é fácil, porém quando a opção é por Deus e pela
edificação do reino o fardo fica suave e o jugo leve. Isso também nos faz
lembrar do provérbio popular que diz “o pouco com Deus é muito e o muito sem
Deus não é nada”.
A segunda leitura nos remete ao mistério do amor que une marido e
mulher e o compara com a relação de Cristo com sua esposa – a Igreja.
Ensinando-nos, mas que submissão de um para com o outro, o amor que deve reinar
entre os esposos, que passam a ser uma só carne, assim como a Igreja, que aderindo
a Cristo passa a ser, uma com Ele.
E para concluir uma pergunta: Quem é o cristão? É aquele que escolhe
a Cristo e o segue. E decidir-se por Cristo, implica acolher os mistérios e
ações de fé que nele se encerra. Sendo necessário assim a:
1. Ser educado no
pensamento de Cristo;
2. Ver a história como
Ele a ver;
3. Optar pelo que ele
optou;
4. Amar como ele nos
ama;
5. Esperar como ele
ensina e
6. Viver nele a
comunhão com o Pai e o Espírito Santo.
Louvado
seja Nosso Senhor Jesus Cristo. Para sempre louvado!
REFERENCIA:
Missal
Dominical – Missal da assembleia cristã. São Paulo: Paulus, 1ª Edição,
1995.