sexta-feira, 7 de novembro de 2025

Missão do Japão 09/11/2025: Cátedra de Latrão - Domingo | ANO C (Jo 2,13-22) Homilia

 


Queridos irmãos e irmãs,

Hoje a Igreja celebra uma festa muito especial, que talvez à primeira vista pareça distante de nós: a Dedicação da Basílica de São João de Latrão, em Roma. Mas esta festa, na verdade, fala de nossa própria fé, da nossa comunhão com toda a Igreja e da presença de Deus em meio ao seu povo.

1. O significado da Basílica do Latrão

A Basílica de São João de Latrão é a catedral do Papa, o bispo de Roma, e, portanto, a igreja-mãe de todas as igrejas do mundo.
Foi construída no início do século IV, quando o imperador Constantino concedeu liberdade aos cristãos para viverem sua fé publicamente. Até então, os cristãos celebravam escondidos, em casas e catacumbas.

Constantino doou à Igreja um terreno da família Laterani, e ali se ergueu a primeira basílica cristã oficial, dedicada ao Santíssimo Salvador. Mais tarde, foram acrescentadas as devoções a São João Batista e São João Evangelista, daí o nome Basílica de São João de Latrão.

Durante séculos, ela foi residência dos papas, local de grandes concílios e sinal visível da unidade da Igreja. Por isso, celebramos hoje não apenas um edifício, mas a comunhão viva entre todas as igrejas e comunidades cristãs do mundo, unidas ao sucessor de Pedro.

2. O templo que dá vida – como na visão de Ezequiel

A primeira leitura (Ez 47,1-2.8-9.12) nos apresenta uma imagem belíssima:
do lado direito do templo de Jerusalém brota uma fonte de água que corre e faz viver tudo por onde passa — até o mar morto se torna fecundo!

Essa água é símbolo da graça de Deus, que jorra de Cristo, o novo templo.
Dele nasce a vida que transforma o deserto em jardim, a morte em esperança.

Hoje, essa água também brota do templo espiritual da Igreja, que somos todos nós.
Cada paróquia, cada comunidade, cada coração fiel é chamado a ser canal dessa água viva, que purifica, consola e renova.

Zelar pela Casa de Deus, portanto, é cuidar para que a graça continue fluindo, para que estejamos sempre abertos à ação do Espírito e sejamos fontes de vida para o mundo.

3. “O zelo por tua casa me consumirá” – o templo purificado por Jesus

No Evangelho (Jo 2,13-22), Jesus sobe a Jerusalém e encontra o templo transformado em mercado.
Tomado por um zelo ardente pela casa do Pai, Ele expulsa os vendedores e diz:
“Não façais da casa de meu Pai uma casa de comércio!”

O gesto de Jesus não é apenas um ato de correção moral, mas um sinal profético: o verdadeiro templo não será mais de pedra, mas o seu próprio corpo, entregue por amor na cruz.

A partir da morte e ressurreição de Cristo, nós nos tornamos o templo onde Deus habita. Por isso, São Paulo nos recorda na segunda leitura:
“Vós sois o templo de Deus, e o Espírito de Deus habita em vós.”

Zelar pela casa de Deus é, antes de tudo, zelar pelo nosso coração, mantendo-o puro, limpo de todo egoísmo, de toda ganância, de tudo o que impede a presença do Senhor.

4. Como os fiéis podem zelar pela Casa de Deus

Celebrar esta festa é renovar nosso compromisso de cuidar, com amor, da Igreja que é de pedra e da Igreja viva que somos nós:

  1. Zelar pela Igreja-edifício:
    • cuidar com reverência do templo onde celebramos;
    • respeitar o espaço sagrado, a liturgia e os momentos de oração;
    • participar ativamente da vida paroquial, com gratidão e colaboração.
  2. Zelar pela Igreja-povo:
    • cultivar a comunhão e o perdão;
    • ser presença fraterna, solidária, servidora;
    • viver de modo que o Evangelho se torne visível em nossas atitudes.
  3. Zelar pelo templo do coração:
    • buscar a confissão e a oração;
    • afastar tudo o que suja a alma;
    • permitir que o Espírito Santo faça morada em nós.

5. Conclusão

A festa da Dedicação da Basílica de Latrão nos convida, portanto, a agradecer a Deus pelo dom da Igreja, por termos uma casa de oração onde podemos celebrar e nos encontrar com Ele.
Mas nos chama também a sermos templos vivos, luminosos e acolhedores, por onde passa a água viva do amor de Cristo.

Que o zelo do Coração de Jesus também nos consuma — não de raiva ou impaciência, mas de amor apaixonado por Deus e pela sua casa.
E que cada um de nós possa dizer: “Senhor, fazei do meu coração uma morada pura para o vosso Espírito.”

Oração final:
Senhor Jesus, templo verdadeiro do Pai, purificai o nosso coração de tudo o que o afasta de vós.
Fazei-nos servidores fiéis da vossa Igreja, cuidando com amor de vossa casa e construindo, com nossa vida, um templo espiritual onde reine a paz, a comunhão e o amor.
Amém.

domingo, 2 de novembro de 2025

Missão do Japão 02/11/2025: 31º Domingo do Tempo Comum | ANO C (Lc 12,35-40) Homilia




 Queridos irmãos e irmãs,


Hoje, neste Dia de Finados, somos convidados a olhar para o mistério da vida e da morte à luz da fé. Não celebramos a morte, mas proclamamos a vitória da vida! Não recordamos o fim, mas o cumprimento de uma promessa: “Eu sei que o meu Redentor está vivo, e que por fim se levantará sobre o pó” (Jó 19,25). Estas palavras de Jó, pronunciadas em meio à dor, são um hino de esperança. Mesmo sem compreender o sofrimento, ele crê: há um Redentor, há um Deus que não abandona, há uma vida que não termina com a sepultura.


O apóstolo Paulo, na segunda leitura, confirma essa certeza: Cristo ressuscitou! Ele é o primeiro dentre os que morreram, o primogênito dos que dormem. A ressurreição de Jesus é o coração da nossa fé. Sem ela, tudo o que fazemos seria em vão. Mas porque Ele vive, também nós viveremos. E mais: viveremos Nele, com Ele e por Ele. “Quando tudo lhe for submetido, então o próprio Filho se submeterá Àquele que lhe submeteu tudo, para que Deus seja tudo em todos” (1Cor 15,28). Essa é a nossa meta: deixar que tudo em nós esteja centrado em Cristo, o Senhor da vida.


O Evangelho de hoje (Lc 12,35-40) nos convida a vigiar, a manter acesas as lâmpadas do coração, a viver preparados para o encontro com o Senhor. “Felizes os empregados que o Senhor encontrar acordados quando chegar!” (v.37). A morte, para quem vive na vigilância da fé, não é o fim, mas o encontro com o Amado. Viver centrado em Cristo é viver de modo que cada dia se torne uma preparação amorosa para esse encontro.


Celebrar o Dia de Finados é renovar nossa esperança e nosso amor pelos que partiram. Eles não estão ausentes, estão presentes de outro modo. A saudade que sentimos é sinal do amor que permanece, e a oração que fazemos por eles é expressão da fé na comunhão dos santos: nós, que ainda caminhamos; eles, que já contemplam o rosto de Deus.


Cristo ressuscitado é o sol que não se apaga. Nele, a morte se transforma em passagem; o luto, em esperança; a saudade, em promessa. Ele nos ensina a viver de tal forma que a morte não nos surpreenda, mas nos abrace como uma amiga que nos conduz ao Pai.


Queridos irmãos, que neste dia aprendamos com Jó a confiar mesmo nas trevas; com Paulo, a firmar nossa fé na ressurreição; e com o Evangelho, a vigiar e a viver cada instante com o coração voltado para o Senhor. Que nossas lâmpadas estejam acesas, e que a chama da fé jamais se apague.


Rezemos pelos nossos irmãos e irmãs falecidos, para que, purificados pelo amor de Deus, participem plenamente da luz eterna. E peçamos a graça de viver já aqui uma vida centrada em Cristo, para que, quando Ele vier, nos encontre prontos, vigilantes e cheios de esperança.


“Eu sei que o meu Redentor está vivo!”

Que esta certeza seja o canto da nossa alma hoje e sempre. Amém.