segunda-feira, 3 de março de 2025

Jornada por América do Norte e Caribe


Amigos são irmãos que Deus nos permite escolher. Pessoas que alegram nosso ser e nos fazem especiais pelo simples ato de existir e partilhar conosco momentos únicos de suas vidas. Assim que começo este relato, agradecendo a Deus e aos meus amigos pelo que somos e por tudo que partilhamos, especialmente, nos últimos dias, nos encontros que tivemos no México, Estados Unidos e Cuba. Em fevereiro de 2025, tive a alegria de estar nos países supracitados: o sentimento de gratidão é imenso, e aqui quero deixar claro, senão pelos amigos, estar ali, não teria o mesmo sentido.


Meu compromisso primeiro foi participar da ordenação presbiteral do Diác. Guillermo Flores, CM no México, porém a ocasião me fez optar por um stopover nos Estados Unidos, onde tive o prazer de encontrar-me com os coirmãos que servem na Paróquia São Vicente de Paulo do Condado de Los Ángeles. O Pe. Toshio, animador vocacional da Província Oeste, buscou-me no aeroporto (LAX) e acolheu com os demais coirmãos na comunidade local (Gary - Americano e Socrate - Haitiano), onde também encontrei dois membros dos Arautos do Evangelho que faziam estágio missionário na região.   


Na tarde do mesmo dia (03/02), saímos para jantar com Jon Stemkoski, criador do grupo missionário Celebrants Singers, com quem partilhei memórias da passagem de seu grupo pelo Brasil 2024, e planejamos um retorno do grupo ao país para 2025. Estar pessoalmente com Jon foi extraordinário. Se Deus quiser, na próxima turnê pelo Brasil, ele estará presente.


No dia seguinte (04/02), depois da missa matinal, Pe. Toshio fez a gentileza de me levar para conhecer outra casa da congregação, onde residem padres idosos, a Catedral Metropolitana de Los Ángeles, o Teatro Chinês - uma das principais atrações de Hollywood - e o Observatório Griffith. Também tentamos ir a Malibu, local atingido por incêndios, mas só tinham acesso ao local, populares ou profissionais da defesa civil.


Era minha primeira vez nos Estados Unidos e estava, por um lado, contente com todo o belo que o local pode oferecer, por outro, reflexivo, com a quantidade de moradores de rua e demais situações limitantes comuns aos grandes centros.


A Catedral de Nossa Senhora dos Anjos em Los Ángeles é moderna e traz nas paredes laterais pinturas de santos de nossa Igreja, porém com rostos de pessoas das ruas da cidade, dentre eles estão São Vicente de Paulo, Santa Luisa de Marillac e Santa Elizabeth Seton.


Visitamos, na imponente cripta da catedral, o jazido de nosso coirmão vicentino, Dom Thaddeus Amat y Brusi (1810-1878), que foi o primeiro bispo Los Angeles. De seus muitos feitos destacamos a participação do Concílio Vaticano I, criação da Catedral de Santa Vibiana (a primeira de Los Angeles), construção de escolas - Saint Vincent's College (agora conhecido como Loyola Marymount University), fundação de cemitérios e convidou congregações para atuar na sua diocese: Vicentinos, Franciscanos, Filhas da Caridad e Irmãs do Imaculado Coração de Maria.


Estados Unidos da América é originalmente protestante, porém, a região da Califórnia foi evangelizada, no seu tempo, por um frade franciscano: São Junípero Serra que no século XVIII liderou a primeira expedição terrestre à Alta Califórnia, onde fundou 21 missões com comunidades que daria nome das atuais grandes cidades, dentre outras: San Diego, Los Angeles, San Francisco e por elas: Sacramento - capital do Estado.


Ainda no dia 04, tivemos um almoço "poliglota", com fiéis nipo-americanos, onde falamos em japonês, inglês, espanhol e português. A impressão que se dá é que toda a Califórnia domina as línguas inglesa e espanhola. As missas, inclusive, em nossa paróquia (São Vicente de Paulo), são rezadas num ou noutro idioma.


Em 05/02, tive o prazer de conhecer pessoalmente Liliana Castellano, que me levou para conhecer The Strip, principal rua de Las Vegas, no Estado de Nevada. Um local, verdadeiramente, cinematográfico. Na oportunidade, refletirmos sobre o que poderíamos fazer para continuar o legado vicentino desde nossas realidades e firmamos parcerias de trabalhos na linha da vocação, comunicação e família vicentina.


Já era 6 de fevereiro e estava há um dia da ordenação do Memo, dirigi-me, apressadamente ao México, passando por San Diego (USA), com direito às aventuras próprias de um mochileiro em terras estrangeiras: novas amizades, exploração de taxistas, tensões na alfândega, etc. Porém, já em Tijuana (México), na companhia dos coirmãos (Pe. Alonso, Pe. Juan, Pe. Jesus, Pe. Silviano, Diác. Oswaldo e Seminaristas), a viagem recobra seu sentido. Em comboio, dirigimo-nos à Encenada. Ali ficamos hospedados na casa de uma família da AIC (Patrícia e Santiago).


Dia 7, era ordenação do Memo, ele estava, aparentemente, tranquilo, mas já sabemos que não, pois o dia de nossa ordenação, É O DIA! Na igrejinha do bairro, tudo muito bonito e muito singelo. O bispo foi pontual, cerimônia sóbria, típica da simplicidade vicentina. Ali tive a alegria de acolher Guillermo no colégio dos presbíteros. Não eram 19h, e já nos encontrávamos na recepção, celebrando com seus familiares e amigos, a satisfação de ver realizado o sonho, dos outrora amigos virtuais seminaristas vicentinos, e a partir daquele início de noite, missionários vicentinos, presbíteros da Igreja, servidores e evangelizadores dos pobres.


No dia seguinte (08/02), participamos de sua primeira missa - ou "canta missa" como dizem os mexicanos, no mosteiro das irmãs Adoratrices Perpetuas de Ensenada. O almoço foi no vinhedo, a convite da irmã do neossacerdote. De lá, nos dirigimos ao Vale de Guadalupe a fim de aprender um pouco sobre o processo de fabricação de vinhos na bodega do Baron Balche. 


Acompanharam-nos ao local o pe. Silviano, o Diác. Oswaldo e os seminaristas ou estudantes vicentinos: Adrian, Carlos, Armando, Andrés, Roberto e David, que no dia anterior já tínhamos coincidido na Bufadora - um bufão natural, considerado o segundo maior gêiser marítimo do mundo, um dos principais pontos turísticos de Ensenada.


Ainda no México conversamos com o provincial Pe. Juan Gaucín, CM, atual presidente da CLAPVI a quem entreguei o croqui do Simpósio de Comunicação a ser realizado de 27 a 29 de junho de 2025 em Belo Horizonte–MG (Brasil), bem como gravamos um vídeo motivando a que as províncias de nossa Conferência enviem seus representantes para o simpósio e vídeo com os estudantes: Carlos, David e Adrian com mensagem vocacional aos candidatos e seminaristas da CM Cuba, meu destino imediato.


Na manhã do dia 09, empreendi viagem à Cuba, passando outra vez por Los Ángeles, onde tive a alegria de encontrar o Pe. Paul (Diocesano), que me convidou a conhecer o Mini Brasil de Los Angeles (espaço com hotel, café restaurante e outros empreendimentos tupiniquins), o pôr-do-sol do pie e a paróquia de Santa Mónica e a famosa Beverly Hills.


Naturalmente, meu voo não foi direto a Havana, mas teve conexão em Panamá, onde comprei a "tarjeta visto de turista", conforme me orientou Frei Beto. No desembarque, porém, descobri que já não era necessária, uma vez que já tinha adquirido, antes de sair do Brasil, o visto eletrônico, mas tudo foi aprendizado. E como foi! Poderia dizer que Cuba me surpreendeu, em todos os aspectos. É um lugar de missão e está de porta e coração abertos para receber os missionários. Pe. Ricardo e o estudante Carlos foram me buscar no aeroporto e, antes de ir ao hotel, passamos nas duas casas dos coirmãos na capital do país, conhecemos as obras (La Milagrosa e La Merced), os projetos que desenvolvem com os idosos e pessoas com deficiência (síndrome de Down).



Ainda na tarde de 11/02, os seminaristas me acompanharam em uma caminhada pelo centro histórico de Havana, repleto de arquitetura colonial espanhola do século XVI e marcos como o Castillo de la Real Fuerza e o Capitólio Nacional. A cidade combina história, cultura e arte, refletidas em museus, murais coloridos e uma vibrante vida musical. O cotidiano dos moradores, com suas histórias e paixões, torna a experiência única, assim como os clássicos carros antigos que circulam pelas ruas. Além disso, a agitada vida noturna, restaurantes, e espetáculos musicais fazem de Havana um dos destinos mais curiosos da América Latina.


No dia seguinte, 12/02, tivemos uma convivência vocacional, com formação, testemunho e partilha, com os estudantes: Abel, José Luís e Carlos, na casa de praia da Congregação na cidade de Guanabo, quando também celebramos o seminarista mártir, beato Jan Havlik. À tarde deu praia, pois se uniram a nós, todos os coirmãos da missão cubana: Pe. Ricardo (Superior), Pe. José (Missionário Mexicano) e Pe. Rowel (Missionário Filipino), com exceção do Pe. Abel (Missionário Colombiano) que estava de férias e do Pe. Dainier, que estava em Santiago de Cuba, substituindo o Pe. Abel.


Na manhã de 13/02, um novo Pe. Cleber regressou ao Brasil. Depois de tudo  vivido, os conceitos eram outros - preconcepções mudadas em novos conceitos, expectativas superadas. A sensação de sonho realizado, missão feita, serviço executado. Nas mãos, uma mala de lembranças e outra de saudades. A todos que encontrei, trouxe comigo na memória do coração, contatos pós-viagem feitos e a certeza de minha oração e carinho a fim de que nossa amizade, missão e vocação possam se fortalecer, frutificar e seguir crescendo. Obrigado por tudo. Deus os abençoe. Rezem também por mim.



 


Nenhum comentário:

Postar um comentário