Amigos são irmãos que Deus nos permite escolher. Pessoas que alegram nosso ser e nos fazem especiais pelo simples ato de existir e partilhar conosco momentos únicos de suas vidas. Assim que começo este relato, agradecendo a Deus e aos meus amigos pelo que somos e por tudo que partilhamos, especialmente, nos últimos dias, nos encontros que tivemos no México, Estados Unidos e Cuba. Em fevereiro de 2025, tive a alegria de estar nos países supracitados: o sentimento de gratidão é imenso, e aqui quero deixar claro, senão pelos amigos, estar ali, não teria o mesmo sentido.
Meu compromisso primeiro foi participar da ordenação
presbiteral do Diác. Guillermo Flores, CM no México, porém a ocasião me fez
optar por um stopover nos Estados Unidos, onde tive o prazer de
encontrar-me com os coirmãos que servem na Paróquia São Vicente de Paulo do
Condado de Los Ángeles. O Pe. Toshio, animador vocacional da Província Oeste,
buscou-me no aeroporto (LAX) e acolheu com os demais coirmãos na comunidade
local (Gary - Americano e Socrate - Haitiano),
onde também encontrei dois membros dos Arautos do Evangelho que faziam estágio
missionário na região.
Na tarde do mesmo dia (03/02), saímos para jantar com Jon
Stemkoski, criador do grupo missionário Celebrants Singers, com quem
partilhei memórias da passagem de seu grupo pelo Brasil 2024, e planejamos um
retorno do grupo ao país para 2025. Estar pessoalmente com Jon foi
extraordinário. Se Deus quiser, na próxima turnê pelo Brasil, ele estará
presente.
No dia seguinte (04/02), depois da missa matinal, Pe. Toshio
fez a gentileza de me levar para conhecer outra casa da congregação, onde
residem padres idosos, a Catedral Metropolitana de Los Ángeles, o Teatro Chinês
- uma das principais atrações de Hollywood - e o Observatório Griffith. Também
tentamos ir a Malibu, local atingido por incêndios, mas só tinham acesso ao
local, populares ou profissionais da defesa civil.
Era minha primeira vez nos Estados Unidos e estava, por um
lado, contente com todo o belo que o local pode oferecer, por outro, reflexivo,
com a quantidade de moradores de rua e demais situações limitantes comuns aos
grandes centros.
A Catedral de Nossa Senhora dos Anjos em Los Ángeles é
moderna e traz nas paredes laterais pinturas de santos de nossa Igreja, porém
com rostos de pessoas das ruas da cidade, dentre eles estão São Vicente de
Paulo, Santa Luisa de Marillac e Santa Elizabeth Seton.
Visitamos, na imponente cripta da catedral, o jazido de nosso
coirmão vicentino, Dom Thaddeus Amat y Brusi (1810-1878), que foi o primeiro
bispo Los Angeles. De
seus muitos feitos destacamos a participação do Concílio Vaticano I, criação da
Catedral de Santa Vibiana (a primeira de Los Angeles), construção de escolas -
Saint Vincent's College (agora conhecido como Loyola Marymount University),
fundação de cemitérios e convidou congregações para atuar na sua diocese:
Vicentinos, Franciscanos, Filhas da Caridad e Irmãs do Imaculado Coração de
Maria.
Estados Unidos da América é originalmente protestante, porém, a
região da Califórnia foi evangelizada, no seu tempo, por um frade franciscano:
São Junípero Serra que no século XVIII liderou a primeira expedição terrestre à
Alta Califórnia, onde fundou 21 missões com comunidades que daria nome das
atuais grandes cidades, dentre outras: San Diego, Los Angeles, San Francisco e
por elas: Sacramento - capital do Estado.
Ainda no dia 04, tivemos um almoço "poliglota", com
fiéis nipo-americanos, onde falamos em japonês, inglês, espanhol e português. A
impressão que se dá é que toda a Califórnia domina as línguas inglesa e
espanhola. As missas, inclusive, em nossa paróquia (São Vicente de Paulo), são
rezadas num ou noutro idioma.
Em 05/02, tive o prazer de conhecer pessoalmente Liliana
Castellano, que me levou para conhecer The Strip, principal rua de Las Vegas,
no Estado de Nevada. Um local, verdadeiramente, cinematográfico. Na
oportunidade, refletirmos sobre o que poderíamos fazer para continuar o legado
vicentino desde nossas realidades e firmamos parcerias de trabalhos na linha da
vocação, comunicação e família vicentina.
Já era 6 de fevereiro e estava há um dia da ordenação do
Memo, dirigi-me, apressadamente ao México, passando por San Diego (USA), com
direito às aventuras próprias de um mochileiro em terras estrangeiras: novas
amizades, exploração de taxistas, tensões na alfândega, etc. Porém, já em
Tijuana (México), na companhia dos coirmãos (Pe. Alonso, Pe. Juan, Pe. Jesus,
Pe. Silviano, Diác. Oswaldo e Seminaristas), a viagem recobra seu sentido. Em
comboio, dirigimo-nos à Encenada. Ali ficamos hospedados na casa de uma família da AIC (Patrícia e Santiago).
Dia 7, era ordenação do Memo, ele estava, aparentemente, tranquilo,
mas já sabemos que não, pois o dia de nossa ordenação, É O DIA! Na igrejinha do
bairro, tudo muito bonito e muito singelo. O bispo foi pontual, cerimônia
sóbria, típica da simplicidade vicentina. Ali tive a alegria de acolher
Guillermo no colégio dos presbíteros. Não eram 19h, e já nos encontrávamos na
recepção, celebrando com seus familiares e amigos, a satisfação de ver
realizado o sonho, dos outrora amigos virtuais seminaristas vicentinos, e a
partir daquele início de noite, missionários vicentinos, presbíteros da Igreja,
servidores e evangelizadores dos pobres.
No dia seguinte (08/02), participamos de sua primeira missa -
ou "canta missa" como dizem os mexicanos, no mosteiro das irmãs Adoratrices
Perpetuas de Ensenada. O almoço foi no vinhedo, a convite da irmã do
neossacerdote. De lá, nos dirigimos ao Vale de Guadalupe a fim de aprender um
pouco sobre o processo de fabricação de vinhos na bodega do Baron Balche.
Acompanharam-nos ao local o pe. Silviano, o Diác. Oswaldo e os seminaristas ou
estudantes vicentinos: Adrian, Carlos, Armando, Andrés, Roberto e David, que no
dia anterior já tínhamos coincidido na Bufadora - um bufão natural, considerado
o segundo maior gêiser marítimo do mundo, um dos principais pontos turísticos
de Ensenada.
Ainda no México conversamos com o provincial Pe. Juan Gaucín,
CM, atual presidente da CLAPVI a quem entreguei o croqui do Simpósio de
Comunicação a ser realizado de 27 a 29 de junho de 2025 em Belo Horizonte–MG
(Brasil), bem como gravamos um vídeo motivando a que as províncias de nossa
Conferência enviem seus representantes para o simpósio e vídeo com os
estudantes: Carlos, David e Adrian com mensagem vocacional aos candidatos e
seminaristas da CM Cuba, meu destino imediato.
Na manhã do dia 09, empreendi viagem à Cuba, passando outra
vez por Los Ángeles, onde tive a alegria de encontrar o Pe. Paul (Diocesano),
que me convidou a conhecer o Mini Brasil de Los Angeles (espaço com hotel, café
restaurante e outros empreendimentos tupiniquins), o pôr-do-sol do pie e a
paróquia de Santa Mónica e a famosa Beverly Hills.
Naturalmente, meu voo não foi direto a Havana, mas teve
conexão em Panamá, onde comprei a "tarjeta visto de turista",
conforme me orientou Frei Beto. No desembarque, porém, descobri que já não era
necessária, uma vez que já tinha adquirido, antes de sair do Brasil, o visto
eletrônico, mas tudo foi aprendizado. E como foi! Poderia dizer que Cuba me
surpreendeu, em todos os aspectos. É um lugar de missão e está de porta e
coração abertos para receber os missionários. Pe. Ricardo e o estudante Carlos
foram me buscar no aeroporto e, antes de ir ao hotel, passamos nas duas casas
dos coirmãos na capital do país, conhecemos as obras (La Milagrosa e La Merced),
os projetos que desenvolvem com os idosos e pessoas com deficiência (síndrome
de Down).
Ainda na tarde de 11/02, os seminaristas me acompanharam em
uma caminhada pelo centro histórico de Havana, repleto de arquitetura colonial
espanhola do século XVI e marcos como o Castillo de la Real Fuerza e o
Capitólio Nacional. A cidade combina história, cultura e arte, refletidas em
museus, murais coloridos e uma vibrante vida musical. O cotidiano dos moradores,
com suas histórias e paixões, torna a experiência única, assim como os
clássicos carros antigos que circulam pelas ruas. Além disso, a agitada vida
noturna, restaurantes, e espetáculos musicais fazem de Havana um dos destinos
mais curiosos da América Latina.
No dia seguinte, 12/02, tivemos uma convivência vocacional,
com formação, testemunho e partilha, com os estudantes: Abel, José Luís e
Carlos, na casa de praia da Congregação na cidade de Guanabo, quando também
celebramos o seminarista mártir, beato Jan Havlik. À tarde deu praia, pois se
uniram a nós, todos os coirmãos da missão cubana: Pe. Ricardo (Superior), Pe.
José (Missionário Mexicano) e Pe. Rowel (Missionário Filipino), com exceção do
Pe. Abel (Missionário Colombiano) que estava de férias e do Pe. Dainier, que
estava em Santiago de Cuba, substituindo o Pe. Abel.
Na manhã de 13/02, um novo Pe. Cleber regressou ao Brasil.
Depois de tudo vivido, os conceitos eram outros - preconcepções mudadas
em novos conceitos, expectativas superadas. A sensação de sonho realizado,
missão feita, serviço executado. Nas mãos, uma mala de lembranças e outra de
saudades. A todos que encontrei, trouxe comigo na memória do coração, contatos
pós-viagem feitos e a certeza de minha oração e carinho a fim de que nossa
amizade, missão e vocação possam se fortalecer, frutificar e seguir crescendo.
Obrigado por tudo. Deus os abençoe. Rezem também por mim.