terça-feira, 23 de dezembro de 2025

10 anos do Escritório Internacional da FV e Férias nos EUA

[Estátua da Liberdade]
 

Os caminhos de Deus sempre surpreendem, pois, Seus planos são sempre melhores que os nossos. Assim foram minhas férias na América: inauditas, fraternas e cheias de aprendizado. 

 

Gratidão é a palavra, uma vez que esse foi o sentimento que me preencheu ao participar, no dia 22/11/2025, da Celebração dos 10 Anos do Escritório Internacional da Família Vicentina em Filadélfia-PA, Estados Unidos.

 

[Padres Gervais, Ferdinand, Campuzano e eu na sessão do conselho sobre a ONU]

 

O dia começou cedo, quando, com os Padres Gervais Kouam Ferdinand Labitag, partimos do Queens para Philly, como é comumente conhecida a Cidade do Amor Fraternal (The City of Brotherly Love) - apelido cívico e formal, vindo da etimologia grega, onde phílos significa "amor" e adelphós significa "irmão". Filadélfia também é conhecida como "O Berço da Liberdade" (The Cradle of Liberty) e "O Local de Nascimento da América" (The Birthplace of America), devido ao seu papel histórico na independência dos EUA, cuja declaração de Independência, proclamada em 4 de julho de 1776, durante o Segundo Congresso Continental, marcou o "nascimento" da nova nação, libertando assim as 13 colônias que se tornaram os primeiros estados da nação americana.

[Celebração dos 10 anos do Escritório da FV]

 

Ali chegando, fomos recebidos pelo Pe. Astor Rodriguez, que fez as honras da casa. Depois do café, o anfitrião, Pe. Joseph Agostino, conduziu-nos à sala onde estava reunido o Conselho Executivo da Família Vicentina. Momento em que nos integramos às atividades do dia:  

  1. Sessão especial com o Conselho Executivo da Família Vicentina, com exposição sobre o trabalho da Família Vicentina na Organização das Nações Unidas;
  2. Inauguração do novo Museu Mariano da Associação Central da Medalha Milagrosa coordenado por Mary Jo Timlin Hoag, com bênção especial do Pe. Tomaž Mavrič, CM;
  3. Celebração dos 10 anos de fundação do escritório internacional da Família Vicentina em Filadélfia-PA, pela tarde, organizado em dois momentos:

  • Partilha & Diálogo: com música, espiritualidade, arte, convivência, fraternidade e alegria.  
  • Solenidade Eucarística na Festa de Cristo Rei, que tive o prazer de concelebrar com os demais coirmãos presentes, junto ao Pe. Joseph Agostino, CM, que a presidiu. Na celebração, o Superior Geral, Pe. Tomaž Mavrič, CM, agradeceu ao Pe. Joseph, pelos 10 anos de dedicação à frente do escritório internacional da FV, como diretor, e nomeou a Ir. Ellen Hagar, FC, para substituí-lo no cargo.


 

As atividades dessa memorável data foram encerradas com um jantar oferecido no Centro da Associação da Medalha Milagrosa, com uma exposição de artes visuais das crianças e jovens de escolas vicentinas locais.

[Inauguração do Museo Mariano com a presença da Mary da AMM e dos Padres Tomaz e Stephen]

 
 

Neste dia, tive a alegria de rever pessoas da JMV, caras ao meu coração como Yasmine Cajustes e Claire Balo, e conhecer outras como os seminaristas CM, com destaque especial para Saúl Enmanuel, com quem tive o prazer de trabalhar, online, em 2024, na criação de material vocacional para a Família Vicentina.  

[Encontro com amigos Yasmine, Claire e Saúl]

 

Além de Filadélfia, tive a alegria de viver 12 dias de minhas férias em Nova Iorque (New York City – NYC), a cidade mais populosa dos Estados Unidos e um dos principais centros urbanos do mundo, exercendo enorme influência global nos campos do comércio, finanças, diplomacia, cultura, mídia, arte, tecnologia, educação e entretenimento. Localizada no estado de Nova Iorque e composta por cinco condados — Bronx, Brooklyn, Manhattan, Queens e Staten Island —, a cidade abriga mais de 8,8 milhões de habitantes em uma área relativamente pequena, sendo uma das mais densamente povoadas do país e a cidade com maior diversidade linguística do planeta. Fundada em 1624 como Nova Amsterdã, passou ao domínio britânico em 1664 e teve papel central na história dos Estados Unidos, inclusive como capital entre 1785 e 1790. Considerada a capital cultural do mundo, Nova Iorque é também um dos maiores centros financeiros globais, com Wall Street e a Bolsa de Valores de Nova Iorque, além de destino turísticos singular, recebendo cerca de 50 milhões de visitantes por ano e concentrando algumas das universidades mais prestigiadas do mundo.

[Dom Paul e fieis na Festa de Nossa Senhora da Providencia na Paróquia São João Batista]

 

Em Nova Iorque, reza-se missa em mais de 20 idiomas. No tempo em que estive ali, hospedado em Brooklyn, frequentei a Paróquia São João Batista e Nossa Senhora do Bom Conselho (Obra da Congregação da Missão de 1868 a 2025), participando de missas, em espanhol e inglês, e de outras atividades pastorais com os imigrantes hispanofalantes. Gratidão ao diácono Carlos García, que organizou minha acolhida e despedida. Além dos fiéis que ali serviam ou frequentavam - pessoas acolhedoras e de um coração imenso, tive a alegria de conviver com Dom Paul Sanchez, o pároco, um homem bom, sério, e de riso fácil – gostava de vê-lo sorrir.

[Fiéis na Igreja São João Batista partilham sobre liturgia e da Igreja N. Sra. Bom Conselho celebram o Santo Sacrifício]

 

Por intermédio do Pe. Joseph Agostino, estive, por três dias, na Universidade de São João (St. John’s University), acolhido na comunidade dos coirmãos que servem no local, especialmente pelos padres Aidan Rooney e Patrick Griffin. Visitei todo o campus principal, localizado no Queens (NY), e me surpreendi pela grandiosidade da obra e o modo como os missionários vicentinos conduzem os trabalhos, com responsabilidade, ousadia e presença ativa.

[Detalhes da Capela da Universidade de São João]

 

St. John’s é uma universidade privada católica fundada em 1870 pelos coirmãos da Congregação da Missão. Inicialmente, a Universidade estava localizada no Brooklyn. Em 1950, mudou-se para o Queens. Atualmente, a St. John's University também conta com outros campi: Manhattan, Roma (Itália), Paris (França) e Limerick (Irlanda). Está organizada em cinco faculdades de graduação e seis faculdades de pós-graduação, oferecendo mais de 100 programas de bacharelado, mestrado e doutorado, bem como certificados profissionais, com 21 mil estudantes, e com corpo discente de 120 países. Em 2020, os ex-alunos da St. John's totalizavam mais de 190.000 em todo o mundo.

[Campi da Universidade de São João no Queens]

 

Tudo impressiona no local, mas destaco a capela da universidade, dedicada a São Tomás Moro, que foi um eminente filósofo, estadista, diplomata, escritor, advogado e humanista inglês, figura de destaque no Renascimento europeu e considerado exemplo de fidelidade à consciência e à fé cristã. Tudo ali vivido, rezado e celebrado nutre o que acontece nas salas de aula, laboratórios, campos esportivos, em todo o campus, preparando alunos para seguirem em frente com amor e serviço. A capela é moderna e seu adro é ornado de arte vicentina, que conta a história de São Vicente de Paulo e da Universidade. No interior, além das imagens, via sacras, santíssimo, etc., chama-nos a atenção o altar que se encontra no centro da estrutura octogonal e um monumento em homenagem às vítimas do 11 de setembro. Mais de 75 ex-alunos da universidade morreram no atentado às Torres Gêmeas do World Trade Center.


Ainda no Queens, contatei o seminarista Armando Torres e visitei o seminário que funciona na casa da Medalha Milagrosa. Ali pude encontrar e confraternizar com Pe. Luis Romero e os seminaristas residentes.

[Fraternidade com os seminaristas]

 
 

Sem querer parecer redundante, Nova Iorque tem seus encantos. E como tem! Dos cinco distritos que formam a cidade, apenas não estive no Bronx. Fiquei hospedado na casa paroquial no Brooklyn; fins de semana, com Dom Sanchez, fiz novos amigos na Paróquia Nossa Senhora das Mercedes no Queens; coincidi com o Pe. Rogelio II Cardenas na paróquia do Sagrado Coração de Jesus e Santuário de Schoenstatt em Staten Island, e experimentei a aventura de desbravar a “selva de pedra” ou o miolo da Big Apple: Manhattan, sozinho ou na companhia do meu amigo, Jinmer Romero.

[Pe. Rogelio em Staten Island]

 

Santuário de Santa Isabel Ana Bayley Seton - igreja de Nossa Senhora do Rosário, construída em 1964. Local onde Isabel viveu com o marido William e seus filhos nos anos que antecederam sua conversão ao catolicismo - situada na elegante extremidade sul da rua State, com vista para o porto de Nova Iorque, um local marcado pela história colonial e pós-revolucionária; embora a missão não tenha ligação direta com a santa, expressa seu espírito de caridade, tendo ajudado, desde 1883, mais de 100 mil jovens irlandesas a encontrar abrigo, trabalho e reencontro familiar. Ao lado, o edifício nº 7 da rua State, hoje reitoria do santuário, construído em 1793, é um dos mais antigos de Manhattan e o único remanescente das grandes mansões da época, destacando-se por sua fachada georgiana tardia, janelas ovais e elegante pórtico que, segundo a tradição, teria sido feito a partir de mastros de navios.

[Jinmer e eu desbravando Manhantah]

 

Passamos pela Igreja de São Pedro com seis colunas jônicas. Chamou-me a atenção as igrejas góticas anglicanas: Trindade e sua capela: São Paulo, no centro de Manhattan, rodeadas de charmosos cemitérios. Ambas funcionam como um centro de apoio comunitário, especialmente após o 11 de setembro, quando serviram como abrigo e local de descanso para socorristas. Também visitamos a Catedral Católica de São Patrício, uma impressionante catedral neogótica na 5ª Avenida, um marco arquitetônico e religioso no coração de Manhattan, conhecida por seus vitrais, esculturas e o grande órgão, sendo um local de missas, visitas turísticas e eventos importantes, recebendo visitas papais e servindo de cenário para filmes. Alegrou-me ver que uma de suas capelas laterais é dedicada à família Vicentina, trazendo ao centro a imagem de Santa Isabel Seton, Santa Luísa de Marillac à direita e São Vicente de Paulo à esquerda. A novidade na catedral são pinturas vibrantes na entrada, onde cenas do cotidiano se misturam com figuras de santos importantes para o país, como Madre Cabrini (Santa Francisca Xavier Cabrini).

[Altar dedicado a Família Vicentina na Catedral São Patrício]

 

Nova York, como toda grande capital, tem suas ruas indícios de uma verdadeira Babel, ouve-se uma diversidade de línguas, dentre elas, o português brasileiro. Foi surpreendente deparar-me com a “Little Brazil” ou "Rua do Brasil" na 46th Street (entre a 5ª e 6ª Avenida) em Manhattan, que já teve mais expressão nas décadas de 80 e 90, com muitos negócios brasileiros, mas hoje restam poucas lojas. O maior evento no local é o Brazilian Day (Festival do Dia do Brasil), celebrado no domingo precedente do Labor Day (dia do trabalho, que em NY ocorre na primeira segunda-feira de setembro).

[Natal em Manhantah]

 

Comparações à parte, mas ir a Nova Iorque e não visitar a Estátua da Liberdade é como ir ao Rio de Janeiro e não visitar o Cristo Redentor. No sábado, 15 de novembro, tomamos um minicruzeiro e navegamos até a Ilha da Liberdade, onde visitamos a estátua e o museu. O nome oficial da Estátua é "A Liberdade Iluminando o Mundo". Uma colossal escultura neoclássica de cobre, sendo um presente da França aos EUA para celebrar a amizade e o centenário da independência americana, simbolizando liberdade, democracia e boas-vindas aos imigrantes, com a figura feminina segurando uma tocha e uma tábua com a data de independência dos EUA (04/07/1776). Na volta, desembarcamos na Ilha Ellis e visitamos o Museu Nacional da Imigração, que apresenta a história da imigração americana, desde os primeiros povos até as ondas migratórias mais recentes, com artefatos, fotos e vídeos.

[Museu Nacional da Imigração na Ilha Ellis]

 

Manhattan oferece uma diversidade de lugares que pudemos visitar, desde o Touro de Wall Street, que representa o  mercado financeiro pujante, passando pela Broadway, Times Square, os arranha-céus famosos com mirantes (Edge e Vessel) ou complexos comerciais como o Rockfeller, com o seu centenário teatro Radio City (Musical Rockettes 100 anos), feirinhas de natal, a Macy's ou as big techs... até o Central Park, um verdadeiro oásis florestal dentro da cidade, lugar onde as pessoas podem diminuir o ritmo frenético de Nova Iorque. Se Babilônia tinha seus jardins suspensos, Nova Iorque também.

[Visita ao Parque da Little Island e o Edifício Vessel - Hudson Yards]

 

Impossível passar despercebido o complexo do World Trade Center, com o 1WTC, também conhecido como Freedom Tower, com 541 metros - o edifício mais alto de Nova Iorque; o Oculus, projetado pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava e inaugurado em 2016, onde funciona um shopping e estação de metrô e trem; e o Memorial e Museu Nacional do 11 de setembro, localizado no local das antigas Torres Gêmeas, com duas grandes piscinas com cascatas nos exatos locais das torres, cujos nomes das vítimas estão gravados nos painéis ao redor, simbolizando vida e memória. É um local de reflexão, paz e esperança, com a Árvore da Sobrevivência e o Museu no subsolo, preservando destroços e histórias, homenageando as quase 3.000 pessoas mortas nos ataques de 2001, de mais de 90 nacionalidades, dentre eles cinco brasileiros, oficialmente reconhecidos três: Anne Marie Sallerin Ferreira (SP), de 29 anos, Sandra Fajardo Smith, de 37 (MG), e Ivan Kyrillos Fairbanks Barbosa (SP), de 30.

[Complexo do World Trade Center]


A sede da Organização das Nações Unidas (ONU) tem lugar em Nova Iorque e uma visita ao local pareceu-me apropriado, primeiro porque a Família Vicentina atua ali, representando atualmente a CM o Pe. Labitag, que defende a Agenda 2030, item 11.1, onde estabelece que, até 2030, todas as pessoas devem ter acesso a moradia adequada, segura e acessível, bem como a serviços básicos, e as favelas devem ser revitalizadas. (Ver site oficial da CM na ONU). Além disso, o Brasil tem um lugar especial na ONU, já seja colaborando com suas missões de paz, discursando sempre primeiro em suas assembleias gerais e na doação dos dois monumentais painéis "Guerra e Paz", obras-primas do pintor brasileiro Cândido Portinari, expostos na sede da ONU desde 1957, destacando mensagens de não-violência, justiça social e fraternidade. Essas obras icônicas, consideradas patrimônio cultural, são um símbolo da diplomacia e do compromisso brasileiro com os ideais de paz e solidariedade, com planos de exposições futuras em outros países.

[Salão de Assembleias da ONU]

 

Conhecer Nova Iorque foi um presente de valor inestimável. Não apenas pela cidade em si, mas pelas muitas pessoas que tive a alegria de encontrar, conviver e partilhar a vida. Gratidão a Deus por tudo e a Família Vicentina. Em nome de nosso provincial, o Pe. Vandeir Barbosa, e do Pe. Flávio Pereira, agradeço a todas as pessoas que fizeram possível a realização desse sonho. Deus abençoe a todos!

[Outono no Central Park]

[Outono em New York]




 


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