Irmãos e irmãs, hoje a
Igreja nos convida a fazer uma pausa no caminho do Advento para alegrar-nos.
O nome deste domingo, Gaudete, significa justamente isso:
“Alegrai-vos!”. Não é uma alegria superficial ou passageira, mas aquela que
nasce da certeza de que o Senhor está perto.
O profeta Isaías anuncia
essa alegria com imagens belíssimas: o deserto que floresce, os cegos que veem,
os surdos que ouvem, os coxos que saltam de alegria. Onde antes havia dor e
esterilidade, Deus faz brotar vida. A alegria verdadeira sempre tem esse sabor
de restauração.
São Tiago, na segunda
leitura, nos convida à paciência e à perseverança. A alegria cristã não
elimina a espera, mas dá sentido a ela. Quem espera no Senhor não cruza os
braços: sustenta o coração firme, confiante de que Deus age no tempo certo.
À luz dessas leituras, o
Evangelho nos ajuda a compreender o caminho da alegria, apresentado em
três momentos.
1. A
pergunta dos discípulos de João
João Batista, agora na
prisão, envia seus discípulos a Jesus com uma pergunta direta e humana: “És
tu aquele que há de vir ou devemos esperar outro?”
Mesmo o grande profeta experimenta a dúvida. Isso nos consola: a fé não nos
isenta das perguntas. No Advento, muitos também se perguntam: Onde está Deus
no meio das dores, das prisões, das incertezas da vida? A alegria cristã
não nasce da ausência de dúvidas, mas da coragem de levá-las a Jesus.
2. A
resposta de Jesus
Jesus não responde com um
discurso teórico. Ele aponta para os sinais:
“Os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os pobres são
evangelizados.” Ou seja, o Reino de Deus está acontecendo. A resposta de
Jesus é concreta, feita de gestos de vida, cura e esperança. Como recorda o
Papa Francisco na Evangelii Gaudium: “A alegria do Evangelho enche o
coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus.”
Onde Jesus passa, algo muda. A verdadeira alegria nasce do encontro com Ele,
especialmente quando vemos o bem acontecendo.
3. O
testemunho de João Batista
Por fim, Jesus fala de João
ao povo. Ele não diminui João por sua dúvida; ao contrário, exalta sua missão. O
maior dos filhos de Mulher, porém o menor no reino dos céus é maior que João. João
não é o Messias, mas é o testemunho fiel, aquele que aponta o caminho. A
alegria cristã amadurece quando compreendemos que não somos o centro, mas servidores
do Reino. João se alegra por preparar o caminho do Senhor, mesmo sem ver
tudo concluído.
Queridos irmãos e irmãs,
para concluir, recordo uma pequena história.
Conta-se que dois peregrinos caminhavam por uma estrada longa e difícil. Um
deles reclamava do cansaço, das pedras e do sol forte. O outro, embora sentisse
as mesmas dores, caminhava cantando. Intrigado, o primeiro perguntou: “Por que
você consegue caminhar com alegria?” O outro respondeu: “Porque não caminho
sozinho. Sei quem está comigo e para onde estou indo.”
Assim é a alegria do
Advento. Caminhamos com Jesus. Não porque tudo seja fácil, mas porque
Ele está presente. Neste domingo Gaudete, peçamos a graça de redescobrir
essa alegria serena, que nasce da esperança, da paciência e do encontro com
Cristo que vem.
Alegremo-nos, irmãos, o
Senhor está perto!

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