Quando eu ainda era criança, toda vez que via pobres nas ruas
pedindo esmola, empurrando o carrinho que lhes servia de abrigo, olhando
algumas pessoas comendo dentro de restaurantes, enquanto eles mesmos, provavelmente,
não comiam desde o dia anterior, aquilo sempre me afetava e eu tinha vontade de
chorar... E muitas vezes, para que isso não ocorresse comigo, eu apenas fechava
os olhos ou virava o rosto para outra direção, ou seria sempre assim, pois
aquela situação me desinstalava. Tinha pena deles, e me sentia muito triste.
Mas só ia até esse ponto. Tudo terminava apenas com pena deles e sentindo-me
triste.
Quando Jesus via os pobres, não fechava os olhos nem olhava
em outra direção. Ele aproveitava a situação que lhe era apresentada e agia na
hora.
Creio que é isso que Jesus gostaria de nos lembrar neste
domingo. Não basta apenas que nos sentamos tristes ou com pena dos sofrimentos
dos pobres que vemos ao nosso redor ou mesmo fora do nosso entorno. Que se
apenas abrirmos os olhos e formos mais sensíveis, perceberemos que também nós
somos chamados à ação, para fazer algo afim de ajudar os necessitados em suas
dificuldades e lutas.
E acho que esse é o legado que nosso fundador São Vicente de
Paulo nos deixou. Tudo começou por ser afetado pelo que viu no seu tempo, pela
pobreza que lhe foi apresentada. Isso entrou em seu coração, o que acabou
levando-o à ação, organizando as pessoas para responder às necessidades dos
pobres.
Agradeço ao Senhor por aquelas experiências que tive quando eu
era criança. Agradeço-Lhe porque desde cedo já fui tocado pela visão dos
pobres. Acredito, inclusive, que foi por causa dessas experiências que pude
responder ao convite de Deus para estar nesta comunidade fundada por São
Vicente. Essas experiências me moveram a servir nossos Mestres, os Pobres.
Amém.
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