sábado, 16 de agosto de 2025

Missão do Japão 10/08/2025: 19º Domingo do Tempo Comum | ANO C (Lc 12,49-53) Homilia



Queridos irmãos e irmãs,

Hoje a Palavra de Deus nos fala de algo que, à primeira vista, pode soar duro: o conflito, a divisão, a cruz. Jesus nos diz: “Eu vim trazer fogo à terra, e como gostaria que já estivesse aceso!” (Lc 12,49). O fogo de Cristo não é destruição, mas é purificação, é ardor de amor, é luz que desinstala. Esse fogo incomoda, porque queima o que é falso, ilumina o que está escondido e exige de nós decisões.

Na primeira leitura, vemos o profeta Jeremias sendo perseguido porque anunciava a verdade de Deus. Jogaram-no dentro de uma cisterna, onde poderia morrer, mas ele permaneceu fiel à sua missão. Jeremias nos ensina que seguir a vontade de Deus nem sempre traz aplausos: às vezes traz incompreensão, rejeição e até perseguição.

A carta aos Hebreus nos convida a olhar para Jesus, que enfrentou a cruz sem desistir, e a correr com perseverança a corrida da fé. É como se dissesse a nós: “Não desanimem, mesmo quando vierem as dificuldades. Lembrem-se de Cristo, que suportou tudo por amor a vocês”.

O Evangelho vai além: Jesus nos adverte que sua presença provoca escolhas e, por isso, divisões. Não se trata de um Jesus que deseja briga nas famílias, mas de um Jesus que nos obriga a decidir: ou seguimos o caminho do amor, da justiça e da verdade, ou preferimos a comodidade, a mentira e o egoísmo. Essa escolha muitas vezes gera conflitos até dentro de casa, porque nem todos aceitam viver de acordo com o Evangelho.

Queridos irmãos, sei que muitos de vocês aqui, vivendo no Japão, conhecem bem o que é esse conflito interior:

  • de um lado, a luta pelo sustento, pelo trabalho, pela adaptação a uma cultura diferente;
  • de outro, o desejo de manter a fé, as raízes, os valores que aprendemos no Brasil e que sustentam nossa vida.

Às vezes, a fé católica pode ser motivo de divisão até dentro da própria família ou com amigos: alguns não entendem por que ainda vamos à missa, por que ensinamos os filhos a rezar, por que preferimos a simplicidade do Evangelho a tantos valores consumistas da sociedade. Mas Jesus nos diz hoje: “Não tenham medo de assumir a verdade, mesmo que cause divisão. O fogo do amor de Deus vale mais do que qualquer aprovação humana.”

Assim como Jeremias não desistiu, mesmo no fundo da cisterna, e como Jesus não voltou atrás diante da cruz, também nós somos chamados a viver firmes na fé. A nossa missão, aqui no Japão, é ser testemunhas desse fogo do amor de Cristo, mesmo em meio a desafios e incompreensões.

Peçamos a Maria, nossa Mãe, que também enfrentou muitas incompreensões, que nos ajude a guardar a fé com coragem. Que possamos ser luz para nossos filhos, esperança para os irmãos que sofrem e testemunho de um cristianismo vivo, que não se envergonha do Evangelho.

Amém.

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