sábado, 9 de agosto de 2025

Missão do Japão 10/08/2025: 19º Domingo do Tempo Comum | ANO C (Lc 12,32-48) Homilia



Queridos irmãos e irmãs,

A Palavra de Deus deste domingo nos convida a colocar o nosso coração onde está o verdadeiro tesouro. E, ao contrário do que o mundo nos oferece, esse tesouro não é ouro, não é fama, não é poder. É a confiança em Deus — confiança que gera paz, que dá sentido à vida e que nos move a colaborar com o Reino.

Na primeira leitura (Sb 18,6-9), o autor recorda a noite da libertação do povo de Israel. Antes mesmo de verem o milagre, eles já acreditavam. A confiança os fez vigiar e estar prontos, porque sabiam que Deus é fiel às suas promessas. É a mesma confiança que hoje Deus nos pede: a certeza de que, mesmo quando a noite parece longa, a sua salvação virá.

Na segunda leitura (Hb 11,1-2.8-19), ouvimos a belíssima definição de fé: "Fé é o fundamento da esperança, é a certeza a respeito do que não se vê". Abraão é apresentado como o modelo dessa confiança. Ele deixou a sua terra sem saber para onde ia. Ele se manteve fiel mesmo quando tudo parecia impossível — até entregar Isaac, confiando que Deus poderia restituí-lo. Essa fé não é passiva, mas uma confiança que age, que caminha, que arrisca porque sabe em quem colocou sua esperança.

No Evangelho (Lc 12,32-48), Jesus começa com palavras de imensa ternura: "Não tenhais medo, pequenino rebanho, pois foi do agrado do Pai dar a vós o Reino". Aqui está o centro: nosso maior tesouro é o próprio Reino de Deus, e ele já nos foi dado como dom. Mas, se já é dom, também é tarefa: Jesus nos pede vigilância e prontidão. Ele nos chama a estar com a cintura cingida e as lâmpadas acesas, como servos que esperam seu Senhor chegar para poder abrir-lhe a porta sem demora.

E aqui está o equilíbrio: de um lado, confiamos plenamente no amor do Pai, sem medo; de outro, trabalhamos com empenho, como administradores fiéis que cuidam da casa, porque um dia o Senhor nos pedirá contas. A confiança verdadeira não nos deixa acomodados, mas nos torna responsáveis.

O desafio para nós hoje é este:

  • Onde está o nosso tesouro? Em coisas que passam ou naquilo que permanece para a vida eterna?
  • Vivemos confiando que o Reino já está em nossas mãos ou deixamos o medo nos paralisar?
  • Estamos apenas esperando passivamente ou colaborando ativamente para que o Reino cresça?

Confiar em Deus é libertador, porque nos tira da lógica da ansiedade e da ganância. Mas também é desafiador, porque nos obriga a colocar os pés no caminho e as mãos na obra. O verdadeiro discípulo não é só aquele que espera, mas aquele que vigia trabalhando.

Peçamos hoje ao Senhor que nos dê a mesma confiança de Abraão, a mesma vigilância dos servos fiéis, e que possamos, quando Ele chegar, ser encontrados cuidando da sua obra com amor e generosidade.

Assim, quando o Mestre vier, não será para nos surpreender, mas para nos acolher e nos sentar à sua mesa, porque reconheceu em nós administradores dignos de confiança.

Amém.


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