sábado, 19 de abril de 2025

Missão do Japão 20/04/2025: Domingo de Páscoa | ANO C (Jo 20,1-9) Homilia



Hoje vamos todos nos alegrar. Por quê?  Porque hoje nosso Senhor Jesus, que prometeu que não nos abandonaria, cumpriu essa promessa. Fiquemos todos felizes porque a promessa da Ressurreição se cumpriu.

 

Jesus é um Deus que é verdadeiro e fiel às Suas promessas e ensinamentos.  Essa é uma mensagem importante da Ressurreição.

 

O evento da ressurreição é, de fato, uma boa notícia não apenas para os apóstolos e os primeiros discípulos, mas também para nós. Porque fortalece a mensagem de que Jesus é a Verdade, o Caminho e a Vida daqueles que O seguem fielmente.

 

Outra mensagem importante para nós é a seguinte. Como Jesus Cristo quebrou as correntes da morte por meio de Sua ressurreição, somos salvos da tragédia do sofrimento e da morte eterna.

 

E essa vitória de Jesus abriu para nós a porta do Reino dos Céus e nos deu a oportunidade e a chance de viver uma vida repleta de muito amor e felicidade com o Pai.

 

A terceira boa notícia da Ressurreição é a Esperança. Com Sua volta à vida, Jesus reitera que a vida dos filhos fiéis de Deus não termina com as tragédias da vida, como a morte.  Há uma vida preparada para nós.

 

Jesus sofreu, morreu e ressuscitou para nos lembrar que, se vivermos bem como cristãos, nossos próprios sacrifícios nesta vida não serão em vão.

 

Talvez estejamos contaminados pelo pecado, mas a ressurreição nos lembra de que não estamos sem esperança.

 

Jesus venceu por nós Sua batalha contra o mal para nos dar outra chance de nos renovarmos. E para voltarmos ao lugar ao qual realmente pertencemos, o Reino dos Céus.

 

Assim, a celebração da Páscoa é um claro lembrete para cada um de nós de que Jesus ressuscitou por nós.

 

Ele ressuscitou para nos dizer que, quando a vida é sombria e difícil, não devemos nos desesperar e nos sentir abandonados e sem esperança.

 

Porque é exatamente por isso que Ele ressuscitou. Para podermos aprofundar nossa confiança e esperança na misericórdia e no amor do Pai, por meio Dele, nosso Senhor, Jesus Cristo. 

Amém. 

 

Missão do Japão 19/04/2025: Vigília da Páscoa | ANO C (Lc 24,1-12) Homilia



O significado desta noite extraordinária é melhor descrito pelas palavras do Exultet (復活賛歌): “Esta é a noite em que a coluna de fogo destruiu a escuridão do pecado.

Esta é a noite em que os cristãos de todos os lugares são lavados do pecado, libertados de toda impureza, restaurados à graça e juntos crescem em santidade.

Esta é a noite em que Jesus Cristo quebrou as correntes da morte e ressuscitou triunfante da sepultura.”

Assim, para nós, cristãos, esta noite é a mais importante e significativa. Porque esta é a noite que nos fala da vitória de nosso Senhor.

Esta noite anuncia o triunfo de Jesus, o que significa salvação para todos nós.

Via-Sacra com as Famílias Nipo-Brasileiras no Japão e demais países: “Caminho de Cruz e Esperança”



1ª Estação – Jesus é condenado à morte

“Nós vos adoramos, senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.”
R: “Porque com vossa Santa Cruz remistes o mundo.”

"Pilatos lavou as mãos e entregou Jesus para ser crucificado." (Mt 27,24-26)

Reflexão:
Hoje, muitas famílias enfrentam condenações silenciosas: contratos de trabalho precários, discriminação por serem estrangeiras, exclusão no sistema educacional e de saúde. Muitas vezes, a sociedade “lava as mãos” diante dessas injustiças. Quantas mães e pais nipo-brasileiros carregam a dor de ver seus filhos discriminados por falarem melhor japonês que português — ou vice-versa?

Oração:
Senhor Jesus, condenado inocente, olha pelos que são injustiçados hoje.
Dá força às famílias que enfrentam julgamentos e preconceitos no Japão e demais países.
Ensina-nos a não lavar as mãos diante da dor do outro.
Dá-nos coragem de lutar por justiça com amor e fé. Amém.

Canto:
A morrer crucificado / Teu Jesus é condenado

Por teus crimes pecador / Por teus crimes pecador

 

Pela virgem dolorosa, vossa mãe tão piedosa

Perdoai, meu bom Jesus perdoai, meu bom Jesus


2ª Estação – Jesus carrega a cruz

“Nós vos adoramos, senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.”
R: “Porque com vossa Santa Cruz remistes o mundo.”

“Ele carregou sobre si os nossos pecados.” (Is 53,4)

Reflexão:
Jesus carrega sua cruz em silêncio.
Quantas famílias também carregam pesadas cruzes: a insegurança do visto, o medo da deportação, o cansaço do trabalho exaustivo, a adaptação cultural forçada.
Cada cruz tem um nome, uma história, um rosto.

Oração:
Senhor, fortalece os que carregam cruzes pesadas no Japão e demais países.
Que em Ti encontremos sentido e esperança, e que jamais percamos a fé.
Ajuda-nos a carregá-las com amor e dignidade. Amém.

Canto:
Com a cruz é carregado / E do peso acabrunhado

Vai morrer por teu amor / Vai morrer por teu amor

 

Pela virgem dolorosa, vossa mãe tão piedosa

Perdoai, meu bom Jesus perdoai, meu bom Jesus


3ª Estação – Jesus cai pela primeira vez

“Nós vos adoramos, senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.”
R: “Porque com vossa Santa Cruz remistes o mundo.”

“O castigo que nos traz a paz estava sobre Ele.” (Is 53,5)

Reflexão:
Jesus cai, mas não desiste. Assim como muitos que sofrem a dor da exclusão, do fracasso escolar dos filhos, da instabilidade econômica.
Cada queda é um convite a recomeçar.

Oração:
Senhor Jesus, ajuda-nos a levantar quando a vida nos derruba.
Sê nosso sustento nos dias difíceis.
Faz-nos solidários com os que estão caídos ao nosso redor. Amém.

Canto:
Pela cruz tão oprimido / Cai Jesus desfalecido

Pela tua salvação / Pela tua salvação

 

Pela virgem dolorosa, vossa mãe tão piedosa

Perdoai, meu bom Jesus perdoai, meu bom Jesus


4ª Estação – Jesus encontra sua Mãe

“Nós vos adoramos, senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.”
R: “Porque com vossa Santa Cruz remistes o mundo.”

“Eis que este Menino será causa de queda e de reerguimento para muitos.” (Lc 2,34)

Reflexão:
Maria encontra seu Filho sofredor e caminha com Ele.
Quantas mães hoje carregam a dor de não entender os filhos, de vê-los distantes da fé, ou sofrendo bullying na escola por serem "diferentes"?

Oração:
Mãe das Dores, caminha com as mães imigrantes.
Fortalece aquelas que lutam para proteger seus filhos e dar-lhes um futuro melhor.
Sustenta as que vivem entre a saudade e o amor. Amém.

Canto:
Vê a dor da mãe amada / Que se encontra desolada

Com seu filho em aflição /Com seu filho em aflição

 

Pela virgem dolorosa, vossa mãe tão piedosa

Perdoai, meu bom Jesus perdoai, meu bom Jesus


5ª Estação – Simão de Cirene ajuda Jesus a carregar a cruz

“Nós vos adoramos, senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.”
R: “Porque com vossa Santa Cruz remistes o mundo.”

“Pegaram um certo Simão, natural de Cirene, e o obrigaram a carregar a cruz.” (Lc 23,26)

Reflexão:
Simão foi forçado a ajudar, mas sua presença foi bênção.
Quantos são Cireneus hoje: voluntários, líderes de comunidades, colegas de trabalho, padres, professores que acolhem sem preconceito?

Oração:
Senhor, dá-nos olhos atentos para ver quem precisa de ajuda.
Ensina-nos a carregar as cruzes uns dos outros.
Faz de nós instrumentos de compaixão. Amém.

Canto:
No caminho do calvário / Um auxílio é necessário

Não lhe nega o Cirineu / Não lhe nega o Cirineu

 

Pela virgem dolorosa, vossa mãe tão piedosa

Perdoai, meu bom Jesus perdoai, meu bom Jesus


6ª Estação – Verônica enxuga o rosto de Jesus

“Nós vos adoramos, senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.”
R: “Porque com vossa Santa Cruz remistes o mundo.”

“Fizestes isso a mim.” (Mt 25,40)

Reflexão:
Verônica enxuga o rosto de Jesus com ternura.
Hoje, há tantas Verônicas silenciosas: mulheres que rezam, escutam, cuidam dos doentes e dos idosos esquecidos em hospitais e asilos.

Oração:
Senhor, que saibamos enxergar-Te no rosto cansado do outro.
Dá-nos coragem para gestos pequenos, mas cheios de amor.
Que cada ato nosso revele Tua ternura. Amém.

Canto:
Eis o rosto ensanguentado / Por Verônica enxugado

Que no pano apareceu / Que no pano apareceu

 

Pela virgem dolorosa, vossa mãe tão piedosa

Perdoai, meu bom Jesus perdoai, meu bom Jesus


7ª Estação – Jesus cai pela segunda vez

“Nós vos adoramos, senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.”
R: “Porque com vossa Santa Cruz remistes o mundo.”

“Ele suportou a cruz, desprezando a vergonha.” (Hb 12,2)

Reflexão:
Jesus cai de novo. E de novo se levanta.
As famílias também tropeçam: nos problemas financeiros, nos conflitos culturais, na solidão. Mas seguem.

Oração:
Senhor, ajuda-nos a nos levantar, mesmo nas quedas repetidas.
Sustenta-nos quando nossa fé vacila.
Renova nossas forças com Teu Espírito. Amém.

Canto:
Novamente desmaiando / Sob a Cruz que vai levando

Cai por terra o salvador / Cai por terra o salvador

 

Pela virgem dolorosa, vossa mãe tão piedosa

Perdoai, meu bom Jesus perdoai, meu bom Jesus


8ª Estação – Jesus consola as mulheres de Jerusalém

“Nós vos adoramos, senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.”
R: “Porque com vossa Santa Cruz remistes o mundo.”

“Não choreis por mim.” (Lc 23,28)

Reflexão:
Mesmo em dor, Jesus consola.
E consola hoje as mulheres que choram pelas dificuldades da vida familiar, pela ausência dos maridos, pela violência doméstica, pela dor de não poder voltar ao Brasil.

Oração:
Senhor Jesus, enxuga as lágrimas das mulheres que sofrem.
Dá consolo e força às que sustentam lares com coragem.
Torna-nos presença acolhedora para elas. Amém.

Canto:
Das matronas piedosas / De Sião filhas chorosas

É Jesus consolador / É Jesus consolador

 

Pela virgem dolorosa, vossa mãe tão piedosa

Perdoai, meu bom Jesus perdoai, meu bom Jesus


9ª Estação – Jesus cai pela terceira vez

“Nós vos adoramos, senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.”
R: “Porque com vossa Santa Cruz remistes o mundo.”

“Se cair, seu companheiro o levanta.” (Ecl 4,10)

Reflexão:
A terceira queda é quase final. Mas Jesus insiste.
Quantas vezes as famílias imigrantes já pensaram em desistir?
E ainda assim continuam.

Oração:
Senhor, fortalece os que estão por um fio.
Dá-nos companheiros fiéis que nos sustentem.
Que nunca falte esperança a quem acredita em Ti. Amém.

Canto:
Cai terceira vez prostrado / Pelo peso redobrado

Dos pecados e da cruz / Dos pecados e da cruz

 

Pela virgem dolorosa, vossa mãe tão piedosa

Perdoai, meu bom Jesus perdoai, meu bom Jesus


10ª Estação – Jesus é despojado de suas vestes

“Nós vos adoramos, senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.”
R: “Porque com vossa Santa Cruz remistes o mundo.”

“Repartiram entre si as suas vestes.” (Jo 19,23)

Reflexão:
Jesus é exposto, humilhado.
Também há despojamento na imigração: da cultura, da língua, dos costumes.
Muitas vezes, sente-se que se perdeu a própria identidade.

Oração:
Senhor, reveste-nos com Tua dignidade.
Que mesmo quando somos despojados do que temos, jamais percamos o que somos.
Sê nosso abrigo. Amém.

Canto:
De suas vestes despojado / Todo chagado e pisado

Eu vos vejo, meu Jesus / Eu vos vejo, meu Jesus

 

Pela virgem dolorosa, vossa mãe tão piedosa

Perdoai, meu bom Jesus perdoai, meu bom Jesus


11ª Estação – Jesus é pregado na cruz

“Nós vos adoramos, senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.”
R: “Porque com vossa Santa Cruz remistes o mundo.”

“Crucificaram-no...” (Mc 15,24)

Reflexão:
Pregado à cruz, Jesus sente dor extrema.
As famílias também vivem crucificações: separações, doenças, injustiças, solidão.
Mas Jesus permanece firme, por amor.

Oração:
Senhor, dá-nos força nas horas mais difíceis.
Que nossas dores unidas às Tuas se tornem fonte de salvação.
Fica conosco, mesmo na cruz. Amém.

Canto:
Sois por mim na cruz pregado / Insultado, blasfemado

Com cegueira e com furor / Com cegueira e com furor

 

Pela virgem dolorosa, vossa mãe tão piedosa

Perdoai, meu bom Jesus perdoai, meu bom Jesus


12ª Estação – Jesus morre na cruz

“Nós vos adoramos, senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.”
R: “Porque com vossa Santa Cruz remistes o mundo.”

“Pai, em tuas mãos entrego meu espírito.” (Lc 23,46)

Reflexão:
A morte de Jesus não é o fim, mas o início da esperança.
Muitos morrem longe de casa, longe dos seus. Mas em Cristo, ninguém morre sozinho.

Oração:
Senhor da vida, acolhe os que partiram.
Consola os que choram.
Faz nascer em nós a esperança da ressurreição. Amém.

Canto:
Por meus crimes padecestes / Meu Jesus, por nós morrestes

Quanta angústia, quanta dor / Quanta angústia, quanta dor

 

Pela virgem dolorosa, vossa mãe tão piedosa

Perdoai, meu bom Jesus perdoai, meu bom Jesus


13ª Estação – Jesus é descido da cruz

“Nós vos adoramos, senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.”
R: “Porque com vossa Santa Cruz remistes o mundo.”

“José pediu o corpo de Jesus.” (Lc 23,52)

Reflexão:
Jesus morto é colocado nos braços da Mãe.
Quantas mães hoje recebem de volta seus filhos marcados pela dor, pelas drogas, pela depressão?
Maria os acolhe também.

Oração:
Senhor, ensina-nos a acolher os que mais sofrem.
Que em nossas mãos, haja sempre ternura, como nas de Maria.
Dá-nos um coração compassivo. Amém.

Canto:
Do madeiro vos tiraram / E a mãe vos entregaram

Com que dor e compaixão / Com que dor e compaixão

 

Pela virgem dolorosa, vossa mãe tão piedosa

Perdoai, meu bom Jesus perdoai, meu bom Jesus


14ª Estação – Jesus é sepultado

“Nós vos adoramos, senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.”
R: “Porque com vossa Santa Cruz remistes o mundo.”

“Depositaram-no num túmulo novo.” (Jo 19,41)

Reflexão:
Tudo parece acabado. Mas a semente foi lançada.
Na vida migrante, muitos sentem que tudo morreu. Mas é no silêncio que Deus age.

Oração:
Senhor, ensina-nos a confiar mesmo no escuro.
Que saibamos esperar o novo que virá.
Que a Tua ressurreição transforme nossa dor em alegria. Amém.

Canto:
No sepulcro vos puseram / mas os homens tudo esperam

Dos mistérios da paixão / Dos mistérios da paixão

 

Pela virgem dolorosa, vossa mãe tão piedosa

Perdoai, meu bom Jesus perdoai, meu bom Jesus

SERMÃO DO DESCENDIMENTO DA CRUZ


 

"Minha alma está numa tristeza mortal: ficai aqui, vigiai" (Mc 14,34).

 

1º ATO — Reflitamos sobre a dor da morte com vista na vida

Jesus está na cruz. Morrendo.
E Ele já tinha nos avisado, naquela noite no Getsêmani:
"Minha alma está numa tristeza mortal."
Ele sentiu o peso do abandono, da injustiça, do medo, da dor...
E quantas vezes a gente também sente isso?

Na periferia, onde, muitas vezes, a morte chega antes da hora,
onde o jovem negro é alvo,
onde a mãe chora o filho que não volta,
onde a bala perdida tem nome e endereço,
Jesus continua dizendo:
“Ficai aqui comigo. Vigiai.”

Hoje, diante da cruz, não fugimos da dor.
A dor é real. É nossa. É d’Ele.
Mas nós a encaramos com fé, porque acreditamos:
até a morte pode gerar vida,
se for atravessada com amor, com solidariedade, com esperança.

 

2º ATO — Tiremos a placa e coroa de espinhos de Jesus

Com cuidado...
Vamos tirar a coroa de espinhos da cabeça de Jesus.

Quantas coroas o povo carrega hoje?
A coroa do desemprego.
A coroa da fome.
A coroa da humilhação e da injustiça.
A coroa das dívidas que sufocam.
A coroa da depressão que não é vista.

Cada espinho machucou o Filho de Deus.
E cada dor do nosso povo continua machucando Ele hoje.

Mas tirar essa coroa é dizer:
Não aceitamos mais que a dor do nosso povo seja normalizada!
Não aceitamos mais que a cruz seja espetáculo!
Tirar os espinhos é começar a curar.
Com amor, com presença, e com compaixão.

 

3º ATO — Desamarremos os braços e os pés de Jesus

Desamarrar...
Libertar...
Soltar os cravos que prenderam o amor.

Jesus teve seus braços e pés atravessados,
para que o amor d’Ele não se movesse.
Mas hoje nós estamos aqui para desamarrar.

Vamos libertar os braços que acolhem.
Os braços que abraçam sem julgamento.
Os braços do povo que luta, que carrega peso, que não desiste.

Vamos libertar os pés que caminham.
Pés de mães que batalham.
Pés de jovens que sonham.
Pés do povo de fé que insiste.

Desamarrar os braços e os pés de Jesus é dizer:

ninguém vai mais prender a esperança.
Ninguém vai mais calar o amor.

 

4º ATO — Desçamos e contemplemos o corpo morto de Jesus

Agora, desce.
Com reverência.
Com dor, sim. Mas também com fé.

Jesus está morto.
Mas não derrotado.

A cruz não é o fim.
É o grito mais forte de um amor que não se curva à maldade.

Contemplamos seu corpo machucado, e nele, o corpo dos nossos:
das vítimas da violência,
das mulheres assassinadas,
dos jovens sem oportunidade,
dos pobres esquecidos.

Mas contemplar esse corpo é também lembrar:
a vida vai vencer.
Porque o amor é mais forte.
Porque o povo unido resiste.
Porque a última palavra não será da morte.

Jesus, mesmo morto, ainda respira em nós.
Na nossa fé, na nossa coragem, na nossa luta.

 

“FICAI AQUI, VIGIAI.”
Sim, Senhor. Nós ficamos.
Na beira da cruz.
No chão da favela.
Na luta da quebrada.
Ficamos. Com lágrimas nos olhos e esperança no peito.
Porque sabemos: o corpo pode morrer… mas o amor, nunca morre.

 

Canto: Eu o ressus...citarei / Eu o ressus...citarei/ Eu o ressus...citarei no   di__a final

quinta-feira, 17 de abril de 2025

Sermão do Encontro: "Encontros que Transformam"



Leitura inspiradora: Lc 2,34-35; Lc 7,11-17; Lc 19,1-10; Jo 4,1-42; Jo 19,25-27

Meus irmãos e minhas irmãs em Cristo,

Hoje somos chamados a mergulhar profundamente no mistério dos encontros que Jesus viveu — encontros que não foram apenas acontecimentos casuais, mas revelações do amor de Deus que transforma, cura e salva.

Desde o início da sua missão, Jesus caminhou entre nós como alguém que se aproxima, que olha nos olhos, que toca as feridas, que escuta com o coração. Encontros que marcaram vidas. Encontros que continuam acontecendo ainda hoje.

1. Jesus e os encontros que curam e restauram

Lembremos o encontro de Jesus com a viúva de Naim (Lc 7). Uma mulher que chorava a morte do seu único filho. Jesus se comoveu. Tocou o caixão. Devolveu-lhe o filho vivo. Não foi apenas uma ressurreição física — foi a ressurreição da esperança. Quantas vezes nós também caminhamos em cortejos de morte — morte da fé, da alegria, da coragem — e o Senhor vem ao nosso encontro, com compaixão, para nos levantar!

E que dizer do encontro com Zaqueu, o cobrador de impostos (Lc 19)? Jesus não o julgou. Chamou-o pelo nome. Entrou em sua casa. E ali houve conversão, partilha, justiça. Um encontro que restaurou uma história ferida.

Jesus também se encontrou com a Samaritana no poço de Jacó (Jo 4). Uma mulher marginalizada, marcada por julgamentos. Jesus a escutou, a valorizou, revelou-se a ela como o Messias. E aquele encontro transformou a vida dela a tal ponto que ela se tornou missionária entre os seus.

Todos esses encontros nos revelam algo essencial: Jesus quer se encontrar conosco. Não como juíz distante, mas como amigo próximo. Não para nos acusar, mas para nos libertar. Não para nos humilhar, mas para nos erguer com dignidade.

2. O encontro mais doloroso: Maria e Jesus no caminho da cruz

Mas há um encontro que nos toca de forma especial nesta reflexão: o encontro de Jesus com sua Mãe, Maria, no caminho do Calvário.

Imaginemos aquela cena: Jesus carregando o peso da cruz. Sangue no rosto. O corpo exausto. E, no meio da multidão hostil, o olhar de Maria.

No Silêncio do Coração de Maria abre-se um Diário de Amor e Dor

Ali estava Ele.
O Filho amado de Maria.
Carregando o peso de um madeiro que não era d’Ele.
Pisando o caminho estreito da dor, da humilhação, da injustiça.
E ela… ela O seguia com os olhos cheios de lágrimas e o coração transpassado.

Como doía ver Aquele que Maria havia gerado com tanto amor,
A quem embalou nos braços, agora caído sob o peso da cruz.

Maria se lembrava do dia em que tudo começou.
Era ainda tão jovem…
Um anjo apareceu e lhe disse: “Alegra-te, Maria, o Senhor está contigo” (Lc 1,28).
E ela disse SIM. Um sim que ecoa até hoje.
Ali, nasceu a promessa: Ele seria chamado Filho do Altíssimo.

Maria se recordava da gruta fria de Belém, do choro d’Ele enchendo o silêncio da noite,
e de como seu coração se aquecia ao ter o Deus Menino em seus braços.
Viu pastores ajoelhados, viu reis de longe trazendo presentes.
E guardava tudo no silêncio do seu coração (Lc 2,19).

Na fuga para o Egito, o medo os acompanhava,
mas a presença do Menino lhe dava força.
Na volta a Nazaré, os dias eram simples,
mas cada gesto d’Ele lhe revelava algo do Céu.

Ela se lembrava do Templo, quando o perdeu por três dias…
A angústia da procura. O alívio ao encontrá-Lo.
E as palavras que ainda ecoavam em sua alma:
“Não sabíeis que devo estar na casa de meu Pai?” (Lc 2,49)

Maria viu seu Filho crescer, trabalhar com José, sorrir, ajudar os vizinhos.
Depois O viu partir para anunciar o Reino.
Curas, milagres, palavras que despertavam esperança.
Ele se doava a todos…

E agora, Ele se entregava ao sofrimento.

O sangue que escorria de Suas feridas lhe fazia lembrar o sangue do parto.
As mãos que curaram tantos estavam agora machucadas.
A boca que ensinou o amor estava seca de sede.
O rosto que ela tantas vezes beijara… agora estava desfigurado.

Ah, quanto doía para Maria ver tanta dor no Inocente!
Mas no mais profundo do seu ser, ela sabia:
Ele cumpria a vontade do Pai.
Ele era o Cordeiro. Ele era a oferta. Ele era o amor que se dava até o fim.

Se Maria pudesse, tomaria aquela cruz em seu colo,
como um dia acolheu o Menino em seus braços.
Mas agora, tudo o que podia fazer era caminhar com Ele.
Estar ali. Presente. Mesmo sem palavras.

Maria era a Mãe.
E mesmo sem entender tudo, continuava dizendo o seu “sim”.
Agora mais dolorido, mais pesado…
Mas ainda assim: um sim de fé.

Porque mesmo no escuro do Calvário,
ela acreditava que a luz viria.
E mesmo diante da morte,
ela continuava a crer na vida.

Naquela hora, a dor de Maria se unia à de Jesus.
Seu coração sangrava com o d’Ele.
Mas o amor dela por Ele era mais forte do que nunca.

E enquanto caminhava ao lado do Filho,
ela se lembrava de tudo,
e guardava tudo,
no silêncio profundo do seu coração”.

Não houve palavras. Mas a troca de olhar, entre Jesus e Maria, foi mais forte que qualquer discurso. Foi um encontro de dor e amor, de silêncio e presença. Uma mãe que sofre com o filho. Um filho que, mesmo em agonia, se fortalece no olhar da mãe.

Ali, no meio do sofrimento, nos é revelado o rosto de uma fé firme, que permanece de pé mesmo diante da cruz. Um encontro que nos mostra que não estamos sozinhos em nossos calvários. Maria caminha conosco. E Jesus, mesmo ferido, continua nos olhando com ternura.

3. Hoje, Jesus quer se encontrar comigo e com você.

Meus irmãos e irmãs, Jesus continua desejando encontros transformadores. Ele quer encontrar-se comigo e com você — não apenas em momentos extraordinários, mas no cotidiano da nossa vida, nas nossas dores, angústias, alegrias, dúvidas e esperanças.

Ele quer nos encontrar na oração, na Palavra, na Eucaristia. Ele se revela no irmão necessitado, na criança, no idoso, no estrangeiro, na ecologia, na casa comum, naqueles que mais precisam de amor.

O Senhor nos chama pelo nome e nos convida: “Hoje quero estar contigo, na tua casa, na tua história”. Mas, para que esse encontro aconteça, é preciso abrir o coração. É preciso sair da indiferença, do medo, da pressa.

Conclusão

Que este momento de espiritualidade que vivemos hoje não seja apenas mais um momento bonito, mas um encontro verdadeiro com Jesus. Um encontro que nos leve à conversão, ao compromisso, ao amor concreto.

E que, como Maria, saibamos estar de pé junto às cruzes do mundo, oferecendo ao Senhor o nosso amor fiel, mesmo na dor.

Que os encontros que Jesus teve ao longo da vida e aquele que Ele deseja ter conosco hoje sejam pontes de transformação, sementes de uma fé viva e esperança renovada. Amém.

quarta-feira, 16 de abril de 2025

Missão do Japão 18/04/2025: Paixão do Senhor | ANO C (Jo 18,1-19,42) Homilia



Hoje é Sexta-Feira Santa. Mais uma vez ouvimos a descrição do sofrimento, da crucificação e da morte de uma pessoa que não fez nada de errado, não teve más intenções e não disse nada de ruim, mas apenas a verdade e a bondade.

Tudo o que Ele disse foi belo e sobre o Amor.  Ele pregou e mostrou somente sobre a salvação de todos.

Embora talvez tudo o que ouvimos seja sobre o trágico fim de um Homem, doloroso e triste, a fonte e o significado dessa história vêm de Seu GRANDE AMOR pelo Pai e por Seu povo, que Ele cumpriu na Cruz...

No centro desse evento em Sua vida, há uma promessa genuína de Vitória e Triunfo da Ressurreição... a promessa de Redenção e Vida Eterna.

Somos lembrados de que não estamos sendo acusados... Somos convidados a nos lembrar, mas sem sermos culpados, da verdade de que Jesus morreu por nossos pecados... Toda essa história da crucificação nos é contada mais uma vez, para podermos entender melhor que nosso Senhor, Jesus, aceitou o sofrimento e a morte na cruz para o perdão de nossos pecados... e essa verdade continua até agora.

A mensagem da Cruz permanece: qualquer um que se aproxime de Jesus, que peça perdão de coração, certamente receberá essa grande bênção...

Assim, ela está nos dizendo, mais uma vez, que não há motivo algum para nos sentirmos envergonhados.

Não há razão para relutar ou temer.

Porque essa é precisamente a razão pela qual Ele veio, para nos dar e nos mostrar mais uma vez como voltar a Deus e como nos reconciliar novamente com o Pai amoroso e misericordioso.

terça-feira, 15 de abril de 2025

Missão do Japão 17/04/2025: Ceia do Senhor | ANO C (Jo 13,1-15) Homilia



A morte de Jesus estava se aproximando rapidamente. Ele, portanto, aproveitou essa última comunhão com Seus apóstolos para fazê-los entender o tipo de relacionamento que queria ter entre eles.

No meio da ceia, Jesus se levantou, aproximou-se de cada um deles e lavou seus pés.

Isso foi inesperado e, de certa forma, chocou Pedro, porque Jesus era o Senhor e Mestre deles. Para Pedro e os demais apóstolos, isso não deveria acontecer.

Mas esse era exatamente o ponto que Jesus queria fazê-los entender. Que, apesar de ser o Mestre e Senhor deles, Jesus mostrou que podia se humilhar e servir a cada um deles.

Jesus fez isso porque queria que Seus seguidores fizessem o mesmo.  Serem servos uns dos outros.  Não se tornarem concorrentes, nem ofuscarem e superarem uns aos outros no trabalho de evangelização.

Em vez disso, apoiem-se uns aos outros, inspirando-se mutuamente, e construam uma comunidade de amigos queridos e amorosos.

A mensagem que Jesus enfaticamente dirigiu aos Seus apóstolos, é a mesma mensagem que Ele quer inculcar nos corações e mentes de cada cristão.

Que cada um, não apenas os apóstolos e os primeiros discípulos, seja chamado a ser servo. Que como seguidores de nosso Senhor, estamos aqui, como Jesus, prontos para nos humilhar e atender às necessidades de nossas irmãs e irmãos.

Não estamos aqui para proteger nossos próprios interesses... não para tirar vantagem dos fracos... mas para amar uns aos outros, valorizar uns aos outros como irmãs e irmãos.

É bom notar que esta bela mensagem de serviço humilde aconteceu durante a Última Ceia de Jesus com Seus Apóstolos.

Diz-se que a Última Ceia é o evento em que Jesus instituiu o Sacramento da Santa Eucaristia, que chamamos de Missa.

Por isso, a Missa se torna não apenas uma celebração de Ação de Graças, mas também uma fonte de inspiração.

Tornou-se também uma fonte de sabedoria e de força para nos encorajar a não nos cansarmos de nos oferecermos ao serviço, de sermos humildes e de nos relacionarmos com Cristo como Cristo.

 Jesus quer que cada celebração da Missa seja uma celebração de igualdade, de comunidade, de amizade e de preocupação. Que na celebração da Missa cada um seja movido e estimulado ao Amor, não de forma abstrata, mas concreta.

A liturgia que temos esta noite não nos recorda apenas o que Jesus espera de nós.

Mais importante ainda, esta celebração nos lembra que a chave para nossa salvação e verdadeira felicidade só pode ser alcançada imitando o Senhor, em Sua humildade e serviço... em Sua misericórdia e Amor.  

Amém.