sábado, 11 de outubro de 2025

Missão do Japão 11/10/2025: 28º Domingo do Tempo Comum | ANO C (Lc 17,11-19) Homilia



1. Introdução: A fé que sabe agradecer

Queridos irmãos e irmãs, a Palavra de Deus neste domingo nos convida a olhar para algo que parece simples, mas é profundamente espiritual: o agradecimento.
Saber agradecer é reconhecer que a vida é dom, que nada nos pertence por direito, e que tudo o que temos e somos vem das mãos de Deus.
Mas nem sempre é assim: muitos recebem as bênçãos, poucos voltam para agradecer.

Hoje, as três leituras nos colocam diante de pessoas curadas, libertas e salvas — e todas nos mostram que a gratidão é um sinal de fé autêntica.

2. Primeira leitura: Naamã, o estrangeiro que reconhece a graça

Na primeira leitura (2Rs 5,14-17), encontramos Naamã, o sírio, um homem poderoso, mas leproso. Ele busca cura e, por meio do profeta Eliseu, mergulha sete vezes no rio Jordão — e fica curado.

Mas o mais importante não é a cura física; é o reconhecimento. Naamã entende que o que aconteceu não foi obra da água, nem de sua força, mas dom de Deus. Por isso, ele volta, agradece e professa sua fé: “Agora sei que não há outro Deus em toda a terra, senão em Israel.”

Naamã, um estrangeiro, nos ensina que a fé nasce quando reconhecemos o dom recebido. O coração que agradece é o coração que se abre para Deus.

3. Segunda leitura: A gratidão que nasce da memória de Jesus

Na segunda leitura (2Tm 2,8-13), São Paulo escreve: “Lembra-te de Jesus Cristo, ressuscitado dentre os mortos.”
É um chamado à memória agradecida. Mesmo preso, sofrendo, Paulo agradece porque sabe que Deus é fiel. Ele entende que a fé cristã não é um contrato de vantagens, mas uma aliança de amor.

Quem lembra de Jesus, quem vive da sua graça, aprende a ver a presença de Deus até nas cruzes da vida.
Por isso, o cristão é, por natureza, uma pessoa agradecida, porque reconhece que tudo é graça — até as dificuldades que nos amadurecem na fé.

4. Evangelho: O único que voltou

No Evangelho (Lc 17,11-19), Jesus encontra dez leprosos. Eles clamam: “Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!”
Jesus os envia aos sacerdotes, e no caminho são curados. Mas apenas um deles, um samaritano, volta para agradecer.

É interessante notar: todos receberam o milagre, mas só um foi salvo.
Os dez foram curados no corpo, mas apenas aquele que voltou para agradecer foi curado também no coração.

Jesus se admira e pergunta: “Não foram dez os curados? Onde estão os outros nove?”
Essa pergunta continua ecoando hoje: quantas vezes Deus nos abençoa e nós seguimos em frente sem olhar para trás, sem reconhecer, sem agradecer!

A ingratidão nos torna cegos; a gratidão nos faz ver Deus em tudo.
E o samaritano, um estrangeiro, nos ensina que o agradecimento é o verdadeiro sinal de fé: “Levanta-te e vai! Tua fé te salvou.”

5. Aplicação: A gratidão que nos humaniza e evangeliza

Vivemos num tempo de muita reclamação e pouco agradecimento.
Corremos tanto atrás do que falta que esquecemos de agradecer o que já temos:

  • o dom da vida,
  • a família,
  • a fé,
  • o alimento de cada dia,
  • as pessoas que nos amam,
  • e o próprio Deus que nunca nos abandona.

A gratidão não é só uma virtude educada — é um ato de fé.
Quando agradecemos, reconhecemos que Deus age na nossa história e que não estamos sozinhos.

E o contrário da gratidão não é a raiva, é o esquecimento. Esquecer de agradecer é perder o sentido da vida como dom.

Maria, nossa Mãe Aparecida, é o exemplo maior de gratidão: ela cantou o Magnificat, dizendo: “A minha alma engrandece o Senhor e meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador.”
O coração agradecido é um coração que se alegra em Deus!

6. Conclusão: Voltar para agradecer

Irmãos e irmãs, hoje Jesus nos convida a voltar — voltar como o samaritano, voltar como Naamã, voltar como Paulo — para agradecer.
Talvez, como eles, tenhamos muito a pedir. Mas antes de pedir, é preciso lembrar e agradecer.

Ao voltarmos o olhar para Deus e dizermos “obrigado”, nós abrimos o coração para um milagre ainda maior: a salvação.

Que esta Eucaristia — que significa “ação de graças” — nos ensine a viver cada dia com um coração que reconhece, que louva e que agradece.

Oração final:
Senhor Jesus, como o leproso curado, queremos voltar para agradecer. Obrigado pelo dom da vida, pela fé, pela Tua presença em nós. Ensina-nos a ver Teus milagres nas pequenas coisas e a viver com gratidão, porque tudo é graça. Amém.

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