quarta-feira, 6 de novembro de 2024

CÍRIO DE NAZARÉ 2024

Concelebração com o Pe. Marcelo, CM no ponto de apoio do Clube de Futebol Remo


Uma experiência de fé, religiosidade popular que permeia toda cultura de uma cidade, ou até de um Estado da Federação. Belém no Pará é todo Círio, todo o ano, mas especialmente em outubro, quando os populares e visitantes do Brasil e do mundo acorrem à Cidade das Mangueiras para viver na pele, no espírito e na alma, toda a mística que envolve o Círio de Nossa Senhora de Nazaré. Em 2024 eu tive a alegria de participar do círio, uma experiência que ficará marcada em meu coração por toda a minha vida.

Caminhos que levam à cidade de Belém



A maior do Brasil: O Círio de Nazaré é considerada a maior procissão católica do Brasil e a terceira, do mundo, com quase 2 milhões de fiéis. Em 2023, a festa foi declarada Patrimônio Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas. Em segundo lugar vem a procissão da Virgem de Zapopan no Estado de Jalisco (México), com mais de 2 milhões de pessoas, e em primeiro lugar a procissão do Nazareno Negro na cidade de Manila (Filipinas) com uns 5 milhões de peregrinos. A palavra "círio" vem do latim cereus, que significa "vela grande". Inicialmente, a procissão do Círio de Nazaré era realizada à noite, por isso o uso das velas ou círios. Hoje, as velas são símbolos da fé dos promesseiros, que são os pagadores de promessas.

Transladação: Missa e Caminhada na noite que antecede o Círio


Um pouco de história: Tudo começou por volta de 1700, quando um morador de Belém, Plácido, encontrou a imagem de Nossa Senhora de Nazaré em meio à mata. O achado rapidamente atraiu devotos, e em 1793 foi realizada a primeira grande procissão, que partiu do santuário em direção ao Palácio do Governo. Hoje, o Círio de Nazaré é uma das maiores manifestações religiosas do Brasil, reunindo milhões de fiéis em outubro.

Fluvial e Círio com diferentes membros da Família Vicentina e do Clero


O Manto de N. Sra. de Nazaré: Há quem diga que a imagem de Nossa Senhora de Nazaré foi encontrada sem manto, enquanto outros relatos falam de um tecido azul brilhante. Polêmicas à parte, o manto se tornou um dos símbolos mais aguardados a cada ano. Nomes como irmã Alexandra, da Congregação Filhas de Sant'Ana, e Esther Paes França, ex-aluna do Colégio Gentil Bittencourt, que fez 19 mantos que marcaram a história dessa tradição, hoje uma responsabilidade de estilistas, homens e mulheres, contratados pela Basílica.

Manto 2024, que servirá de base para o cartaz e camisetas do Círio de 2025


Gastronomia do Círio: A culinária do Círio é um dos maiores símbolos da festa religiosa em Belém. O tucupi, de origem indígena, acompanha um dos pratos mais esperados almoço do Círio, uma tradição que atravessa gerações e carrega a essência da cultura local desde o século XIX. Outras iguarias que não podem faltar na mesa: maniçoba e farinha de mandioca.

Comidas, Círio Profano e Círio de Nazaré. Acima a paróquia São Raimundo Nonato. Nesta época o movimento nas paróquias cai, Tudo é Círio: Catedral e Basílica de Nazaré


Memória de Nazaré: O espaço Memória de Nazaré, no complexo da Basílica Santuário, guarda um acervo que conta a história de uma das maiores manifestação de fé católica do mundo. São centenas de objetos carregados de histórias, como réplicas de casas e barcos, que expressam a gratidão dos fiéis. Após o Círio, muitos desses objetos carregados durante a procissão são selecionados para integrar o acervo do museu, mantido por monitores que também explicam os ícones da festa, como a corda e a berlinda, aos visitantes.

Santa Maria de Belém é a padroeira da Cidade de Belém. Missas e festas! 


A Berlinda e a Corda: A berlinda do Círio de Nazaré é uma caixa de vidro e madeira onde é transportada a imagem de Nossa Senhora de Nazaré durante a procissão. Atualmente, a berlinda é colocada sobre um carro com pneus e puxada por uma corda conduzida por devotos. Ela começou a ser utilizada em 1855, substituindo o palanquim, uma carruagem puxada por cavalos ou bois. Em 1880, o Bispo Dom Macedo Costa fez uma berlinda para levar a imagem sozinha, logo (1926), a berlinda foi transformada em andor. A berlinda atual foi confeccionada, em 1964, pelo escultor João Pinto e é esculpida em cedro-vermelho. A corda também é um dos símbolos da festa religiosa e é utilizada nas procissões do Círio e da Trasladação. A corda é feita de fibras vegetais, como o sisal, a malva e a juta, e tem 800 metros de comprimento e 50 milímetros de diâmetro. A corda é dividida em duas partes iguais de 400 metros. Durante a procissão a mesma é atrelada a estruturas metálicas chamadas de estações (cinco), que conectam a corda em um sistema de aros e ganchos. No início de cada uma das estações colocam-se os Evangelizadores da Corda que estimulam os promesseiros com orações, cânticos e palavras de ordem. Pegar um pedaço da corda é considerado um troféu e um reconhecimento da promessa paga naquele ano. Ainda que para e evitar que a corda seja cortada antes do fim da procissão pelos promesseiros, são realizadas campanhas de conscientização pelos Barnabitas, responsáveis pela Basílica de Nazaré.

Túmulo de Dom Vicente Joaquim Zico, CM em destaque na Catedral de Belém por sua fama de santidade


Programação da Quadra Nazarena: A programação é imensa, toda a cidade se mobiliza, novenas são feitas, peregrinações percorridas, estações são montadas para acolher peregrinos que chegam de todos os lados para Venerar a Mãe de Nazaré. O Círio principal acontece no segundo domingo do mês de outubro. Dentre outras atividades a festa tem como atividades principais, tomando como referência 2024: Qua. 09, 20h - Translado dos Carros; Sex. 11, 8h - Translado Ananindeua/Marituba; Sáb. 12, 5h30 - Romaria Rodoviária, 9h - Romaria Fluvial, 11h30 - Moto Romaria e 17h30 – Trasladação do Colégio Gentil; Dom. 13, 7h – Círio da Catedral Metropolitana de Belém. Do dia 19 a 26 uma série de Romarias: Juventude, Crianças, Corredores, etc., 27 – Procissão da Festa e 28 – Recírio na Praça Santuário.

Catedral de Belém


Impressões pessoais: Durante a passagem da berlinda, um misto de emoção, fé e devoção invade os fiéis que rezam à Virgem, o mar de mãos é incrível, como que querendo tocar aquela que é toda cheia da Graça de Deus. O recorrido principal: Translado e Círio, percorre as vias: Av. N. Sra. de Nazaré, Av. Presidente Vargas, Blvd. Castilhos França, Av. Portugal e R. Padre Champagnat, especialmente ornamentadas com palanques e galpões disputado por populares e famosos (cantores, atores e políticos), que cantam em louvor a Mãe de Deus e Nossa - Escute as canções no site. Aos promesseiros ou aos demais fiéis que seguem a procissão são ofertados pelos voluntários água e ânimo, em uma cidade de clima normalmente abafado e quente. A cada passo da caminhada se vê confetes, fogos de artifícios e vivas à Senhora da Berlinda.

Fui na corda. Tentei tirar um pedaço e não consegui. Quando íamos embora, paramos no sinal. Parou um carro do nosso lado e simplesmente disse o motorista disse: Toma! E nos entregou uma porção de pequenos pedaços da corda. O sinal abril e ele foi embora. Nós estávamos triste e nos alegramos pois conseguimos pedaços da desejada corda. Aquilo foi um milagre da Virgem de Nazaré.


Muitos foram os momentos especiais vividos por mim neste círio: a acolhida dos meus amigos e também dos coirmãos da Congregação da Missão; caminhar ao lado de Nossa Senhora de Nazaré na berlinda com os irmãos no presbitério; segurar e conseguir quatro pedaços da corda que levei aos meus coirmãos de comunidade em Belo Horizonte e concelebrar com o Pe. Régis Teles, CM para a Família Vicentina que esteve presente no Fluvial em um barco de quatro andares portando um público de mais de mil fiéis.

Terraço do Barco no Fluvial com a camisa do Círio 2024. Cada barco tem uma programação própria, sempre com missa, festa e comidas. Outro detalhe é que todos vão de camisetas feitas especialmente para a festa.


Estando ali você percebe como a festa é múltipla. Há o Círio Profano, com desfile de artistas locais, caracterizados de personagens reais ou fictícios: o Auto do Círio. No barco que estive, tinha quatro andares; se no “térreo” a programação era católica, com missa e músicas religiosas, nos andares um, dois e três ouvia-se MPB, Caribó&Calypso e Pop Rock, respectivamente. Os evangélicos, espíritas e membros de religiões de matriz africana também não ficam de fora da força do Círio, ajudando para que os peregrinos estejam alimentados e hidratados.

Concelebrei com o Pe. Régis Teles, CM no barco da Família Vicentina


Que Nossa Senhora de Nazaré continue abençoando o amado povo paraense e que o louvor a Deus e a Jesus Cristo, dado por meio de Maria de Nazaré, continue animando, fortalecendo e trazendo vida a todos os devotos de Nossa Senhora!  

Os seguranças da Guarda, o mar de mãos, os balcões e a alegria de acompanhar a passagem de Nossa Senhora de Nazaré. 



Missão do Japão 10/11/2024: 32º Domingo do Tempo Comum | ANO B (Marcos 12,38-44) Homilia



/Deus vê o coração.  /Essa verdade é o que nosso evangelho de hoje quer enfatizar.  /Isso significa que Deus sabe o que está em nosso coração.

/Jesus quis dizer exatamente isso, quando alertou sobre os fariseus.  Ele sabia desde o início os males presentes em seus corações.  /Eles fingiam ser bons e justos.  /Mas, por trás dessas máscaras, havia o desejo maligno de manipular as pessoas, especialmente os pobres, para seu próprio interesse.

/Quando Jesus nos falou sobre a generosidade genuína da viúva pobre, que deu duas pequenas moedas.  /Ele esclarece que, em comparação com os ricos que davam alguma quantia, a viúva pobre, na verdade, dava mais.  /Pois para a viúva pobre, isso não apenas prejudicaria sua condição financeira.  /Mas, na verdade, ela ficaria sem um tostão.

/Deus vê nosso coração.  Ele conhece tudo que fazemos, se estamos nos doando ou não, Ele sabe se nossos motivos são corretos e bons.

/Deus vê nosso coração.  Ele sabe se as boas ações que praticamos são motivadas por amor e preocupação sinceros.

/Jesus sabe o que está presente em nosso coração. Assim como Jesus sabia o que havia no coração da viúva pobre. 

/Ele sabia que o gesto dela de dar seu único bem mostrava que ela estava, na verdade, dando tudo de si... entregando a si mesma e seu futuro a Deus.  /Foi um verdadeiro sacrifício para ela.

/Mas também ficou claro que era uma expressão de dependência do amor e da misericórdia de Deus.

/Por que fazemos as coisas boas que fazemos? Por que fazemos contribuições para a Igreja? /Por que fazemos doações aos pobres? Por que vamos à missa?

/Nossas verdadeiras respostas a essas perguntas certamente estão em nossos corações.  /Lembrem-se de que Deus as vê em nosso coração. 

Amém.