quarta-feira, 6 de novembro de 2024

CÍRIO DE NAZARÉ 2024

Concelebração com o Pe. Marcelo, CM no ponto de apoio do Clube de Futebol Remo


Uma experiência de fé, religiosidade popular que permeia toda cultura de uma cidade, ou até de um Estado da Federação. Belém no Pará é todo Círio, todo o ano, mas especialmente em outubro, quando os populares e visitantes do Brasil e do mundo acorrem à Cidade das Mangueiras para viver na pele, no espírito e na alma, toda a mística que envolve o Círio de Nossa Senhora de Nazaré. Em 2024 eu tive a alegria de participar do círio, uma experiência que ficará marcada em meu coração por toda a minha vida.

Caminhos que levam à cidade de Belém


A maior do Brasil: O Círio de Nazaré é considerada a maior procissão católica do Brasil e a terceira, do mundo, com quase 2 milhões de fiéis. Em 2023, a festa foi declarada Patrimônio Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas. Em segundo lugar vem a procissão da Virgem de Zapopan no Estado de Jalisco (México), com mais de 2 milhões de pessoas, e em primeiro lugar a procissão do Nazareno Negro na cidade de Manila (Filipinas) com uns 5 milhões de peregrinos. A palavra "círio" vem do latim cereus, que significa "vela grande". Inicialmente, a procissão do Círio de Nazaré era realizada à noite, por isso o uso das velas ou círios. Hoje, as velas são símbolos da fé dos promesseiros, que são os pagadores de promessas.

Transladação: Missa e Caminhada na noite que antecede o Círio


Um pouco de história: Tudo começou por volta de 1700, quando um morador de Belém, Plácido, encontrou a imagem de Nossa Senhora de Nazaré em meio à mata. O achado rapidamente atraiu devotos, e em 1793 foi realizada a primeira grande procissão, que partiu do santuário em direção ao Palácio do Governo. Hoje, o Círio de Nazaré é uma das maiores manifestações religiosas do Brasil, reunindo milhões de fiéis em outubro.

Fluvial e Círio com diferentes membros da Família Vicentina e do Clero


O Manto de N. Sra. de Nazaré: Há quem diga que a imagem de Nossa Senhora de Nazaré foi encontrada sem manto, enquanto outros relatos falam de um tecido azul brilhante. Polêmicas à parte, o manto se tornou um dos símbolos mais aguardados a cada ano. Nomes como irmã Alexandra, da Congregação Filhas de Sant'Ana, e Esther Paes França, ex-aluna do Colégio Gentil Bittencourt, que fez 19 mantos que marcaram a história dessa tradição, hoje uma responsabilidade de estilistas, homens e mulheres, contratados pela Basílica.

Manto 2024, que servirá de base para o cartaz e camisetas do Círio de 2025


Gastronomia do Círio: A culinária do Círio é um dos maiores símbolos da festa religiosa em Belém. O tucupi, de origem indígena, acompanha um dos pratos mais esperados almoço do Círio, uma tradição que atravessa gerações e carrega a essência da cultura local desde o século XIX. Outras iguarias que não podem faltar na mesa: maniçoba e farinha de mandioca.

Comidas, Círio Profano e Círio de Nazaré. Acima a paróquia São Raimundo Nonato. Nesta época o movimento nas paróquias cai, Tudo é Círio: Catedral e Basílica de Nazaré


Memória de Nazaré: O espaço Memória de Nazaré, no complexo da Basílica Santuário, guarda um acervo que conta a história de uma das maiores manifestação de fé católica do mundo. São centenas de objetos carregados de histórias, como réplicas de casas e barcos, que expressam a gratidão dos fiéis. Após o Círio, muitos desses objetos carregados durante a procissão são selecionados para integrar o acervo do museu, mantido por monitores que também explicam os ícones da festa, como a corda e a berlinda, aos visitantes.

Santa Maria de Belém é a padroeira da Cidade de Belém. Missas e festas! 


A Berlinda e a Corda: A berlinda do Círio de Nazaré é uma caixa de vidro e madeira onde é transportada a imagem de Nossa Senhora de Nazaré durante a procissão. Atualmente, a berlinda é colocada sobre um carro com pneus e puxada por uma corda conduzida por devotos. Ela começou a ser utilizada em 1855, substituindo o palanquim, uma carruagem puxada por cavalos ou bois. Em 1880, o Bispo Dom Macedo Costa fez uma berlinda para levar a imagem sozinha, logo (1926), a berlinda foi transformada em andor. A berlinda atual foi confeccionada, em 1964, pelo escultor João Pinto e é esculpida em cedro-vermelho. A corda também é um dos símbolos da festa religiosa e é utilizada nas procissões do Círio e da Trasladação. A corda é feita de fibras vegetais, como o sisal, a malva e a juta, e tem 800 metros de comprimento e 50 milímetros de diâmetro. A corda é dividida em duas partes iguais de 400 metros. Durante a procissão a mesma é atrelada a estruturas metálicas chamadas de estações (cinco), que conectam a corda em um sistema de aros e ganchos. No início de cada uma das estações colocam-se os Evangelizadores da Corda que estimulam os promesseiros com orações, cânticos e palavras de ordem. Pegar um pedaço da corda é considerado um troféu e um reconhecimento da promessa paga naquele ano. Ainda que para e evitar que a corda seja cortada antes do fim da procissão pelos promesseiros, são realizadas campanhas de conscientização pelos Barnabitas, responsáveis pela Basílica de Nazaré.

Túmulo de Dom Vicente Joaquim Zico, CM em destaque na Catedral de Belém por sua fama de santidade


Programação da Quadra Nazarena: A programação é imensa, toda a cidade se mobiliza, novenas são feitas, peregrinações percorridas, estações são montadas para acolher peregrinos que chegam de todos os lados para Venerar a Mãe de Nazaré. O Círio principal acontece no segundo domingo do mês de outubro. Dentre outras atividades a festa tem como atividades principais, tomando como referência 2024: Qua. 09, 20h - Translado dos Carros; Sex. 11, 8h - Translado Ananindeua/Marituba; Sáb. 12, 5h30 - Romaria Rodoviária, 9h - Romaria Fluvial, 11h30 - Moto Romaria e 17h30 – Trasladação do Colégio Gentil; Dom. 13, 7h – Círio da Catedral Metropolitana de Belém. Do dia 19 a 26 uma série de Romarias: Juventude, Crianças, Corredores, etc., 27 – Procissão da Festa e 28 – Recírio na Praça Santuário.

Catedral de Belém


Impressões pessoais: Durante a passagem da berlinda, um misto de emoção, fé e devoção invade os fiéis que rezam à Virgem, o mar de mãos é incrível, como que querendo tocar aquela que é toda cheia da Graça de Deus. O recorrido principal: Translado e Círio, percorre as vias: Av. N. Sra. de Nazaré, Av. Presidente Vargas, Blvd. Castilhos França, Av. Portugal e R. Padre Champagnat, especialmente ornamentadas com palanques e galpões disputado por populares e famosos (cantores, atores e políticos), que cantam em louvor a Mãe de Deus e Nossa - Escute as canções no site. Aos promesseiros ou aos demais fiéis que seguem a procissão são ofertados pelos voluntários água e ânimo, em uma cidade de clima normalmente abafado e quente. A cada passo da caminhada se vê confetes, fogos de artifícios e vivas à Senhora da Berlinda.

Fui na corda. Tentei tirar um pedaço e não consegui. Quando íamos embora, paramos no sinal. Parou um carro do nosso lado e simplesmente disse o motorista disse: Toma! E nos entregou uma porção de pequenos pedaços da corda. O sinal abril e ele foi embora. Nós estávamos triste e nos alegramos pois conseguimos pedaços da desejada corda. Aquilo foi um milagre da Virgem de Nazaré.


Muitos foram os momentos especiais vividos por mim neste círio: a acolhida dos meus amigos e também dos coirmãos da Congregação da Missão; caminhar ao lado de Nossa Senhora de Nazaré na berlinda com os irmãos no presbitério; segurar e conseguir quatro pedaços da corda que levei aos meus coirmãos de comunidade em Belo Horizonte e concelebrar com o Pe. Régis Teles, CM para a Família Vicentina que esteve presente no Fluvial em um barco de quatro andares portando um público de mais de mil fiéis.

Terraço do Barco no Fluvial com a camisa do Círio 2024. Cada barco tem uma programação própria, sempre com missa, festa e comidas. Outro detalhe é que todos vão de camisetas feitas especialmente para a festa.


Estando ali você percebe como a festa é múltipla. Há o Círio Profano, com desfile de artistas locais, caracterizados de personagens reais ou fictícios: o Auto do Círio. No barco que estive, tinha quatro andares; se no “térreo” a programação era católica, com missa e músicas religiosas, nos andares um, dois e três ouvia-se MPB, Caribó&Calypso e Pop Rock, respectivamente. Os evangélicos, espíritas e membros de religiões de matriz africana também não ficam de fora da força do Círio, ajudando para que os peregrinos estejam alimentados e hidratados.

Concelebrei com o Pe. Régis Teles, CM no barco da Família Vicentina


Que Nossa Senhora de Nazaré continue abençoando o amado povo paraense e que o louvor a Deus e a Jesus Cristo, dado por meio de Maria de Nazaré, continue animando, fortalecendo e trazendo vida a todos os devotos de Nossa Senhora!  

Os seguranças da Guarda, o mar de mãos, os balcões e a alegria de acompanhar a passagem de Nossa Senhora de Nazaré. 



Missão do Japão 10/11/2024: 32º Domingo do Tempo Comum | ANO B (Marcos 12,38-44) Homilia



/Deus vê o coração.  /Essa verdade é o que nosso evangelho de hoje quer enfatizar.  /Isso significa que Deus sabe o que está em nosso coração.

/Jesus quis dizer exatamente isso, quando alertou sobre os fariseus.  Ele sabia desde o início os males presentes em seus corações.  /Eles fingiam ser bons e justos.  /Mas, por trás dessas máscaras, havia o desejo maligno de manipular as pessoas, especialmente os pobres, para seu próprio interesse.

/Quando Jesus nos falou sobre a generosidade genuína da viúva pobre, que deu duas pequenas moedas.  /Ele esclarece que, em comparação com os ricos que davam alguma quantia, a viúva pobre, na verdade, dava mais.  /Pois para a viúva pobre, isso não apenas prejudicaria sua condição financeira.  /Mas, na verdade, ela ficaria sem um tostão.

/Deus vê nosso coração.  Ele conhece tudo que fazemos, se estamos nos doando ou não, Ele sabe se nossos motivos são corretos e bons.

/Deus vê nosso coração.  Ele sabe se as boas ações que praticamos são motivadas por amor e preocupação sinceros.

/Jesus sabe o que está presente em nosso coração. Assim como Jesus sabia o que havia no coração da viúva pobre. 

/Ele sabia que o gesto dela de dar seu único bem mostrava que ela estava, na verdade, dando tudo de si... entregando a si mesma e seu futuro a Deus.  /Foi um verdadeiro sacrifício para ela.

/Mas também ficou claro que era uma expressão de dependência do amor e da misericórdia de Deus.

/Por que fazemos as coisas boas que fazemos? Por que fazemos contribuições para a Igreja? /Por que fazemos doações aos pobres? Por que vamos à missa?

/Nossas verdadeiras respostas a essas perguntas certamente estão em nossos corações.  /Lembrem-se de que Deus as vê em nosso coração. 

Amém.

quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Missão do Japão 03/11/2024: 31º Domingo do Tempo Comum | ANO B (Marcos 12,28-34) Homilia



“Você não está longe do Reino de Deus”. Foi o que Jesus disse a um mestre da lei depois de ter aprovado o que ele disse.

Por quê? O que ele disse que mereceu aquelas palavras afirmativas de Jesus?

O mestre repetiu o que Jesus disse como uma afirmação da resposta de Jesus, e até acrescentou suas próprias palavras: “mais importante do que qualquer holocausto ou sacrifício”.

Jesus viu no coração do mestre que ele estava falando sério quando disse a Jesus. /O mestre conhecia os mandamentos. Ele estava convencido do valor deles. Tudo o que ele precisava fazer era aplicá-los em sua própria vida.

Neste domingo, não apenas nos lembramos dos dois maiores mandamentos de Jesus. /Mas também somos lembrados de que, em primeiro lugar, é importante que conheçamos os mandamentos de Deus, em especial estes dois, o amor a Deus e o amor ao próximo.

Em segundo lugar, os mandamentos não devem permanecer como mero conhecimento.

Esses mandamentos devem penetrar em nossos corações, ser sentidos como valiosos e significativos, de modo que, convencidos de que esses mandamentos são valiosos, sejamos levados a vivê-los concretamente em nosso dia a dia.

Tenho certeza de que, com nossa catequese e o estudo contínuo de nossa fé católica, temos conhecimento dos mandamentos.

Alguns de nós, talvez, os tenham memorizado.

Muitos de nós sabemos que os maiores desses mandamentos são: Amar a Deus com todo o nosso coração, mente, alma e força e Amar o próximo como a nós mesmos.

Conhecemos de fato os mandamentos? /Eles estão realmente em nosso coração e são valorizados?

Eles estão vivos e são vivenciados em nosso encontro com nossos irmãos e irmãs todos os dias?

Imagine que Jesus está diante de nós hoje e que contamos a Jesus o que sabemos sobre Seus mandamentos, será que Ele também nos dirá: “Vocês não estão longe do Reino de Deus”? 

Amém.

quinta-feira, 24 de outubro de 2024

Missão do Japão 27/10/2024: 30º Domingo do Tempo Comum | ANO B (Mc 10,46-52) Homilia



Neste domingo, ouvimos uma história inspiradora de uma pessoa cega na época de Jesus.

Mesmo antes do encontro de Bartimeu e Jesus acontecer, Jesus já era o assunto da cidade.

O entusiasmo de Bartimeu para encontrar Jesus cresceu intensamente em seu coração.  Assim como os outros, ele esperava que recebesse um milagre. O milagre de poder enxergar.

Como o desejo era tão intenso, quando Bartimeu soube que Jesus estava por perto, não perdeu tempo. /E gritou com toda a força de sua voz: “Jesus, Filho de Davi, tem misericórdia de mim”.

E Jesus lhe perguntou: “O que queres que eu te faça?” Bartimeu respondeu imediatamente: “Mestre, que eu veja!”

Na época de Jesus, ter uma deficiência, era um grande problema. As pessoas com deficiência não eram vistas como alguém comum, e não eram bem tratadas, mas excluídas da comunidade.

Quando alguém é deficiente, essa pessoa não é bem tratada. /Por isso, não será difícil entender por que Bartimeu estava tão ansioso para ver e ouvir Jesus.

A partir dessa história de Bartimeu, nosso Senhor nos descreve as qualidades desse cego que o ajudaram a mudar sua vida. Qualidades que, muitas vezes, não existem entre nós ou que, às vezes, de fato rejeitamos.

Em primeiro lugar, na história do cego Bartimeu, é enfatizado que é importante aceitarmos o que está faltando em nós. Mas a aceitação não significa fazer com que acreditemos que já não há esperança.

Se olharmos para a história de Bartimeu, em sua aceitação de sua deficiência, ele não pensou que estava apenas no ponto de ser cego e nada mais. Ele não pensou que não havia mais esperança.

Mesmo que fosse cego fisicamente, Bartimeu não era cego para ver que há esperança em Jesus... e que há uma vida melhor com o Senhor.

Cada um de nós carrega um tipo de dificuldade ou sofrimento na vida. /Mas como os encaramos? /Como aceitamos o fato de nossas dificuldades e sofrimentos na vida?

Vemos isso como uma oportunidade de aprofundar nosso relacionamento com o Senhor? Ou os vemos como punição por nossos pecados?

Muitos de nós fomos incentivados a pedir ajuda, mas deixamos o orgulho dominar nosso coração e acreditamos que não precisamos de ninguém.

Se vemos nossas dificuldades como castigo de Deus, se vemos nossa situação como casos sem esperança, se acreditamos que os outros e até mesmo nosso relacionamento com Jesus não podem nos ajudar a mudar e melhorar, consideremo-nos CEGOS.

Porque se essa é a nossa disposição e crença, então nossos olhos estão fechados para a verdade da misericórdia e do amor de Deus.

Cada momento de nossa vida é um momento em que Jesus passa.

Portanto, cada momento é uma oportunidade de encontrar Jesus.

Todo momento é uma oportunidade de sermos transformados por Jesus.

Só temos de agir. Só temos que fazer a nossa parte. Amém.

quarta-feira, 16 de outubro de 2024

Missão do Japão 20/10/2024: 29º Domingo do Tempo Comum | ANO B (Mc 10,35-45) Homilia


Ser reconhecido como importante e grandioso é uma tendência humana. E, por envolver poder, popularidade e prestígio, é realmente uma tentação para muitos.

Essa tentação, de fato, não escapou aos apóstolos. À primeira vista, foram apenas Tiago e João, porque eles expressaram a Jesus seu verdadeiro desejo.

O fato, porém, de os outros dez apóstolos se sentirem mal com os dois irmãos, parecia que eles também tinham essa ambição de estar no topo.

A reação de Jesus, no entanto, a essa atitude de Seus apóstolos não foi de raiva ou frustração contra eles. O que Jesus fez foi tirar proveito da situação para fazê-los entender o verdadeiro significado de liderança.

Jesus queria que Seus apóstolos fizessem o mesmo que Ele.

Ele era um líder que servia e era capaz de lavar e beijar os pés de Seus próprios apóstolos.

Ele era um líder-servo cujas palavras apontavam sempre na mesma direção de suas ações.

O que motivou Jesus a se tornar um líder tão importante para as pessoas de Sua época? Não havia outro motivo ou poder senão o Amor.

Foi esse grande amor que fez com que Jesus se esquecesse de Sua própria condição de Filho de Deus e se oferecesse a serviço do povo de Deus.

Foi por isso que, antes de voltar para o Pai, Jesus enfatizou que era importante que os apóstolos e Seus discípulos amassem uns aos outros.

Esse amor é necessário para poder sustentar a humildade e o altruísmo em nosso trabalho de divulgar e continuar a missão de Cristo.

Hoje, por meio de nossa liturgia, Jesus nos lembra dessa bela característica de sermos cristãos. Que, antes de tudo, como cristãos, somos líderes. E como líderes cristãos, não estamos aqui para abusar do poder.

Estamos aqui para liderar e inspirar outros a continuar a missão de serviço e amor iniciada por nosso Senhor.

Ao continuarmos nossa celebração eucarística hoje, estejamos mais uma vez cientes de que nosso chamado cristão é um chamado à caridade e à missão.

E quando vivermos bem nosso chamado, certamente teremos um lugar garantido no Reino.

Talvez não no lado esquerdo ou direito de Jesus, mas certamente em um lugar com Jesus. Amém

quarta-feira, 9 de outubro de 2024

Missão do Japão 13/10/2024: 28º Domingo do Tempo Comum | ANO B (Mc 10,17-30) Homilia


O homem que se aproximou de Jesus era um possível candidato ao discipulado. Mas ele foi embora logo que foi desafiado por Jesus.

Suas riquezas e seu amor por elas o impediram. O motivo foi porque suas posses materiais eram sua segurança.

Quando o homem foi embora, Jesus disse:  “Como é difícil para aqueles que têm riquezas entrar no Reino de Deus!”

Estava Jesus dizendo que uma pessoa rica não poderá entrar no Reino de Deus? Não, claro que não.

O que Jesus está nos dizendo é para sermos cuidadosos. Não é pecado ser rico. Mas se não formos cuidadosos, isso pode ser a fonte de nossa tragédia.

Há três efeitos possíveis se as pessoas forem tão ricas em coisas materiais:

Primeiro, as riquezas incentivam a falsa independência. Se uma pessoa está bem suprida com as coisas do mundo, ela pode pensar que pode enfrentar e dar solução a qualquer situação que possa surgir em sua vida.

Em segundo lugar, as riquezas acorrentam o homem a esta terra.  Se tudo o que uma pessoa precisa está neste mundo, ela não pensará mais em outro “mundo” depois de sua vida na Terra.

Terceiro, as riquezas tendem a tornar a pessoa um ser humano egoísta. Se o homem chega a um ponto em que se sente seguro e confortável, ele pode ter medo do momento em que perderá tudo isso.

É por isso que se diz que “a riqueza material é perigosa”. Porque se uma pessoa se torna muito rica, possuindo muitas coisas materiais, ela corre o risco de pensar que não precisa de ninguém, nem mesmo de Deus.

Portanto, para ter a vida eterna, aumentar nossa riqueza na Terra não é a ação correta.

Hoje, Jesus nos diz que a fé e as boas obras genuínas para ajudar os outros, nos levarão à vida eterna. Quando vivemos como Jesus, provamos que somos herdeiros dignos do Reino de Deus. 

Amém.

terça-feira, 1 de outubro de 2024

Missão do Japão 06/10/2024: 28º Domingo do Tempo Comum | ANO B (Mc 10,2-16) Homilia



Quando os fariseus questionaram Jesus sobre a questão do divórcio, a intenção não era aprender mais sobre o assunto. Eles queriam obter a resposta de Jesus sobre o assunto para encontrar uma acusação contra Ele.

Ciente da intenção deles, Jesus respondeu com uma citação do livro do Gênesis: “Desde o princípio da criação, Deus os fez homem e mulher... O que Deus uniu, nenhum ser humano deve separar...”. Ele disse que foi justamente por causa da teimosia do coração deles que Moisés permitiu a lei do divórcio.

Usando esse argumento do Livro de Gênesis, Jesus quis enfatizar duas coisas: Primeiro, é importante que as pessoas casadas percebam que Deus tem um belo plano para elas.

Desde que as pessoas casadas se esforcem para proteger e preservar a santidade do casamento, Deus estará lá para lhes dar força e coragem, para que possam enfrentar os desafios da vida conjugal.

Segundo, Jesus não concordava com a lei do divórcio.  Pois para Ele, essa lei promovia a desigualdade. Uma vez que a referida lei, tratava a mulher como uma mera propriedade do homem.  Como uma mercadoria que pode ser descartada de acordo com a vontade do marido.

Aos olhos de Deus, ambos são preciosos.  Ambos são Seus filhos, merecedores de amor e de respeito.

Ao agir desse modo, Jesus quer que entendamos o valor de um belo casamento na preservação da família.

Quando a família - a célula básica da sociedade, é prejudicada, a família maior, a Igreja, certamente também é afetada.

Por isso, a Igreja participa do trabalho de preservação dos casamentos. Vários programas e instituições são criadas para minimizar, se não realmente resolver, o problema do rompimento do casamento.

Jesus é claro quanto ao motivo pelo qual rejeita o divórcio. As pessoas casadas são supostamente agentes de amor e união. Não fontes de mais caos e problemas para a sociedade e para a Igreja.

Portanto, aqueles que optam por se casar devem entender, desde o início, que os votos que fazem não são apenas palavras sem sentido.

O voto é um compromisso. Palavras poderosas para ajudá-los a permanecer fiéis e fortes mesmo em meio aos momentos mais difíceis de sua vida conjugal. 

O casamento é um presente de Deus. É um sacramento do amor de Deus. Cuidem dele. Preservem-no! Amém.

quarta-feira, 18 de setembro de 2024

Missão do Japão 22/09/2024: 25º Domingo do Tempo Comum | ANO B (Mc 9,30-37) Homilia



/Mesmo que estivessem vivendo com Jesus há algum tempo, ainda havia muitas coisas que os discípulos não conseguiam entender.  /Além de não entenderem o mistério do sofrimento, da morte e da ressurreição de Jesus, os discípulos também não tinham clareza sobre o verdadeiro significado do discipulado.

/No evangelho, ao ouvir sobre a questão em pauta entre os discípulos, Jesus aproveitou a oportunidade para instruí-los sobre a natureza e a essência do tipo de discipulado que Ele espera deles.

/Ele começou dizendo que, se alguém quiser ser o primeiro, deve ser o último de todos e o servo de todos.

/Um verdadeiro líder de discípulos é, antes de tudo, um servo.

/Um líder de discípulos oferece a si mesmo para servir, sem se colocar acima dos demais, e é servido pelos outros.

A próxima coisa que Jesus fez foi colocar uma criança no meio deles.  Por que uma criança?  /Uma criança simboliza os pobres, os desamparados e os membros ignorados da comunidade.

Portanto, usando uma criança como símbolo, Jesus ensinou a Seus discípulos que, como servos, eles deveriam servir principalmente a esses pequeninos, aos pobres, aos humildes e aos membros abandonados da comunidade.

Jesus nos lembra que servir aos pobres e aos pequeninos é, na verdade, um privilégio de servir a ele e ao Pai que O enviou.

O evangelho de hoje nos lembra não apenas o caráter de liderança de nosso discipulado cristão, mas principalmente sua dimensão social.

Jesus enfatiza que, como discípulos cristãos, nossas preocupações não se limitam apenas à oração e à adoração litúrgica.

Não devemos nos esquecer de que, ligado ao nosso relacionamento com Deus, está o nosso relacionamento com os outros seres humanos.

Nunca poderemos ser chamados de discípulos cristãos a menos que, como o próprio Cristo, conduzamos as pessoas em direção ao Reino. /E, como Ele, também estamos prontos a nos oferecer para servir aos outros, especialmente aos pobres mais abandonados de nossa sociedade. 

Amém.

quarta-feira, 11 de setembro de 2024

Missão do Japão 15/09/2024: 24º Domingo do Tempo Comum | ANO B (Mc 8,27-35) Homilia



Depois que Jesus soube da impressão que as pessoas tinham sobre Ele, e depois de ouvir de Pedro o que os apóstolos entendiam sobre Ele, Jesus começou a revelar aos apóstolos Seu sofrimento vindouro e Sua morte na cruz.

 O impacto dessa revelação foi muito forte. Tão forte que certamente causou muita tristeza e dor. E essa dor fez com que eles perdessem uma parte importante dessa revelação, a que no terceiro dia Ele ressuscitaria.

Por meio da objeção de Pedro ao sofrimento e à morte de Jesus, o evangelho nos descreve nossa tendência natural de rejeitar e negar os sofrimentos e as dificuldades. É claro, quem ficaria feliz quando se tem um problema? Ninguém. Porque o sofrimento traz tristeza e dor.

Mas o grande amor de Deus pela humanidade permitiu que Ele enviasse Seu Filho, que sofreu e morreu, dando uma nova face ao sofrimento e à morte.

O sofrimento e a morte de Jesus na cruz, que antes eram um símbolo de escândalo, sofrimento e humilhação, tornaram-se um símbolo de esperança, salvação e vida.

Da mesma forma, a partir de então, todo sofrimento e toda dificuldade são transformados, como ocorrido com a cruz de Jesus.

Toda experiência de dificuldade pode nos levar à vitória, se entendermos e aceitarmos que elas ocorrem, não para nos destruir, mas, na verdade, para nos transformar em pessoas melhores.

Ficou claro para Jesus que há valor e significado na aceitação de Seu sofrimento e morte.  Tratava-se de Amor. Tratava-se de Salvação.

E Ele quer que vejamos nossas próprias experiências de sofrimento e desafios na vida como sinal de Amor e Salvação. /E nunca sobre punição e condenação.

Nossos sofrimentos e dificuldades parecem ser fardos e maldições. Mas, na verdade, não são. Como o sofrimento e a morte de Jesus, eles são, na verdade, bênçãos disfarçadas.  Amém.

quarta-feira, 4 de setembro de 2024

Missão do Japão 08/09/2024: 23º Domingo do Tempo Comum | ANO B (Mc 7,31-37) Homilia



/É bom que as pessoas surdas hoje em dia não tenham muito problema com relação ao acesso à informação.

/Eles agora têm intérpretes.  E podem até usar a tecnologia moderna para facilitar a comunicação e o acesso à informação.  /Mas não os surdos da época de Jesus.  Sem intérpretes, sem tecnologia.

/Pior, por serem deficientes, eram considerados pecadores.

/Jesus sabia muito bem a dificuldade que aquela pessoa surda estava enfrentando ao chegar até Ele.

/Por isso, Jesus decidiu abrir os ouvidos desse surdo e permitiu que ele fosse curado de seu problema de fala. /Para que, como os demais, ele entendesse, proclamasse sua fé em Jesus e se tornasse Seu discípulo.

Esse gesto de Jesus está simplesmente nos dizendo que o desejo de Jesus de que entendamos as Boas Novas é muito grande.

/E, à medida que a Palavra chega até nós, Jesus espera que Sua Palavra possa nos tocar e nos transformar em filhos genuínos e fiéis do Pai.

/Às vezes dizemos que temos pena dos surdos porque eles nunca poderão ouvir uma música bonita. /Ficamos tristes por eles porque não podem ouvir o doce som dos pássaros e o som calmante do rio que corre.

/Mas, pensando bem, não é verdade que merecem mais pena as pessoas que não são deficientes auditivas e que têm a capacidade de falar, mas não usam bem essas capacidades e habilidades?

/Que, em vez de dedicar seus ouvidos a ouvir a Palavra de Deus, preferem ouvir fofocas e ouvir histórias maldosas?

/Que, em vez de proclamar Jesus e Seus ensinamentos, preferem falar mal e amaldiçoar outras pessoas e proferir palavras maldosas?

/Neste domingo, Jesus nos lembra que Ele está disposto a nos curar de nossa deficiência, de nossa incapacidade de ouvir bem a Sua Palavra.

quinta-feira, 29 de agosto de 2024

Missão do Japão 01/09/2024: 22º Domingo do Tempo Comum | ANO B (Mc 7,1-8.14-15.21-23) Homilia

  


Para os fariseus e os escribas, lavar as mãos antes de qualquer refeição era muito significativo porque essa era a tradição dos seus antepassados.  A preocupação, porém, não era com a higiene, mas com a prática religiosa.

E com o passar do tempo, esses líderes religiosos de Israel se aproveitaram de sua posição, manipularam esse costume simbólico, mudaram seu valor e significado originais para seu próprio interesse.

Obviamente, Jesus era contra, não à lavagem das mãos, mas à noção de que tais ações formais e meramente externas constituíam a religião de uma pessoa.

Porque, verdadeiramente, de dentro da pessoa, de dentro de nós, vêm os maus pensamentos, o homicídio, a ganância, o adultério, a malícia, o engano, a inveja, a blasfêmia, a arrogância, etc.

Nossa liturgia de hoje basicamente nos lembra de analisar os motivos que temos para fazer o que fazemos, especialmente em relação à prática de nossa religião e nossa fé.

Por exemplo, por que vamos à missa num domingo?  Por que alguns de nós somos ativos na realização de serviços aqui no altar, ou por que participamos ativamente da celebração litúrgica?  Quais são os nossos motivos para fazer todas essas boas coisas?

À luz da história dos escribas e fariseus, se todas essas coisas boas que fazemos são feitas apenas porque queremos que as pessoas vejam nossa bondade, nossa religiosidade, ou para ter uma boa imagem, ser reconhecido e se tornar popular, ou talvez para encobrir nossa pecaminosidade,  então, no padrão de Jesus, essas coisas boas que fazemos não são nada além de absurdo. Sem sentido.  Nenhum valor.

Porque fazer um ato bom ou religioso por ostentação é uma piedade sem alma.  Um serviço sem coração.

Em tudo o que fazemos, que o Amor seja nosso motivo mais forte.  Pois Cristo não tinha outro motivo quando aceitou a Cruz e Sua morte — somente Amor, somente Amor Altruísta. Amém

quinta-feira, 1 de agosto de 2024

Missão do Japão 04/08/2024: 18º Domingo do Tempo Comum | ANO B (Jo 6,24-35) Homilia


Depois de alimentar milhares de pessoas, Jesus foi embora porque percebeu que elas queriam que Ele fosse o Rei delas. Mas as pessoas procuraram por Ele e O encontraram. 

Quando Ele reencontrou essas pessoas, sabia que a motivação delas para segui-lo não era o fato de terem sido convertidas pelo milagre que Ele fez.  Era só porque estavam saciadas fisicamente, que queriam estar com Jesus.  Por isso, Jesus fez esta declaração:  "Trabalhem, pois, não por alimentos perecíveis, mas pelo alimento duradouro que dá vida eterna".

O que Jesus estava tentando dizer àquelas pessoas que vinham a Ele?  Era basicamente um aviso para que as mesmas verificassem seus verdadeiros motivos para segui-Lo. Jesus queria que elas O seguissem não apenas porque recebiam algo d’Ele. O que Ele queria era que elas O seguissem porque tinham fé n’Ele. /Porque, uma vez que acreditassem em Jesus, isso significaria que eles também fariam e refletiriam as obras de Jesus em suas próprias vidas.

Quando pediram que Ele lhes desse o pão de que estava falando, Ele disse: "Eu sou o pão da vida; quem vem a mim nunca terá fome, e quem crê em mim nunca terá sede". 

Com essa declaração, Jesus se apresenta, claramente, como o "alimento" de que eles precisam, para não ter mais fome.

A mensagem importante dessa declaração de Jesus é que, quando as pessoas O recebem, Ele se torna o alimento e a nutrição de suas almas. E espera-se que aqueles que O receberam sejam transformados à imagem de Jesus.

As mensagens de Jesus, que aprendemos em nosso evangelho de hoje, não se destinam apenas às pessoas da época de Jesus.  É por isso que é bom nos perguntarmos: qual é a nossa motivação para seguir Jesus? Recebemos Jesus muitas vezes na comunhão. Fomos transformados à Sua imagem?  Será que nos tornamos melhores e dignos da vida eterna? Amém.

quarta-feira, 24 de julho de 2024

MISSÃO DE FÉRIAS EM EQUADOR


Aspersão após a missa das 9h (Crianças e Jovens)


Deus é muito bom e coloca pessoas especiais em nossas vidas. Logo, tudo que Ele nos permite viver, é motivo de agradecimento. É com este sentimento que partilho com vocês, aquilo que estou chamando de “Missão de Férias em Equador”.

Maily, Pe. Jesus e Eu em feira de artesanatos de Ipiales - Colômbia


Equador, país da América do Sul, limitando-se a norte pela Colômbia, a leste e sul pelo Peru e a oeste pelo oceano Pacífico, cuja capital é São Francisco de Quito. Seu povo fala espanhol (94% da população) e idiomas tradicionais. O país tem renda média, com um índice de desenvolvimento humano (IDH) de 0,740 (2022), pontuação considerada elevada pelas Nações Unidas. A moeda é o dólar americano, que substituiu o sucre desde 1998. A Congregação da Missão está presente no País com aproximadamente 20 membros, servindo em diferentes frentes missionárias: formação, paróquias e escolas. Saiba mais em: www.colegiosanvicentedepaul.edu.ec

Pe. Max, Visitador da CM Equador, mostra-nos o Colégio SVP 


Em contato com os coirmãos dali desde a época de seminarista, tive a oportunidade de nestas férias visitá-los in loco. A missão no país é exigente, mas gratificante. Com eles, pude aprender muito e também doar um pouco de mim, aquele povo andino.

Concelebrando com Pe. Carlos e a Comunidade da Medalha Milagrosa


Dia 15 de julho de 2024, cheguei ao país e fui acolhido no aeroporto de Quito, pelo Pe. Jesus Celi, que me conduziu pelo centro histórico da capital equatoriana, onde podemos visitar uma série de igrejas, museus e casas religiosas (jesuítas, franciscanos, carmelitas, etc.), onde além de rezar percebi a riqueza artística, sacra e cultural ali preservada. Destaco, especialmente a Basílica do Voto Nacional neogótica do Sagrado Coração de Jesus, um lugar que nos remete aos céus; templo este, construído para comemorar a consagração do Estado Equatoriano ao Sagrado Coração de Jesus, celebrado durante a presidência de Gabriel García Moreno em 1873. Tem 115 m de altura e é composta por 24 capelas internas que representam as províncias do Equador. É curiosa a devoção que os equatorianos têm pela Virgem das Dores, quadros com sua imagem estão presentes em altares em praticamente todas as igrejas, devido ao Prodígio da Virgem Dolorosa ocorrido em 20 de abril de 1906, quando alunos internos do Colégio San Gabriel de Quito, contemplaram à Virgem abrir e fechar os olhos por aproximadamente 15 minutos; bem como a devoção aos Santos de Equador: Santo Irmão Miguel, Santa Marianita de Jesus, Santa Narcisa de Jesus e Beata Mercedes de Jesus Molina. Na noite do mesmo dia, fomos acolhidos pelo formador, Pe. Carlos Mendes, e estudantes, David, Ignácio e Jaime, no Seminário São Vicente de Paulo, onde também está a Paróquia da Medalha Milagrosa, cujo pároco, Pe. José Luís.

Vista de Cima da Basílica do Sagrado Coração de Jesus

Visita ao Centro Histórico de Quito

Santos de Quito e Virgem Dolorosa


No dia seguinte, 16, visitamos ao Teleférico de Quito, onde se pode apreciar toda a capital e as montanhas vulcânicas que a circundam. Dali fomos ao encontro do Pe. Max Reyes, Visitador Provincial, que nos mostrou o colégio que está sendo reformado e ampliado e nos convidou para o almoço. À tarde, fomos à Imantag, local onde Pe. Jesus é vigário do pároco, Pe. Bladimir Andrade. Ali chegamos a tempo de presidir missa de conclusão de catequese, pe. Jesus concelebrou. Foi gratificante estar com aquele povo, especialmente indígena, que animaram a missa com contos em sua língua nativa, quinche. No final, entregamos os certificados aos catequizados, a cruz missionária e administramos benção com aspersão a todos os presentes.

Presidindo missa com comunidade rural de Imantag

Vista panorâmica de Quito e Vulcões ao redor a partir do alto do teleférico (Bondinho)


Dia 17, os coirmāos me presentearam com a realização de um sonho, peregrinar ao Santuário da Virgem de Las Lajas em Ipiales, Colômbia, cuja origem está por volta de 1754, quando a imagem da Virgem do Rosário foi descoberta por uma indígena chamada María Mueses com Rosa, sua filha, conta-se que quando se dirigiam a sua casa; ao verem-se surpreendidas por uma tormenta, Maria e sua filha buscaram refúgio na beira da estrada entre as cavidades formadas pelas pedras planas e imensas lajes naturais que caracterizam essa zona do cânion do rio. Para surpresa da mãe, a criança, que até aquele momento era considerada surda, chama sua atenção falando: "Mamãe, a mestiça me chama…" mostrando a pintura certamente iluminada de forma sugestiva pelos relâmpagos. Noticiado o prodígio à Igreja, rezou-se missa no local e se construiu, em etapas sucessivas, o maravilhoso Santuário tal como se vê hoje, com pedras em cinzas e listras brancas, confundindo-se com o ambiente local, sobre uma espécie de ponte contemplando o rio Guaritara e a encosta. O local tem uma cripta e um museu. O prédio principal é composto por três naves, vê-se uma parede de pedra natural da garganta do Cânion e na nave central está em destaque a imagem da Virgem do Rosário, pintada por um autor desconhecido em uma laje de pedra. Ali nos confessamos e tivemos a oportunidade de alcançar indulgências plenárias por ocasião do Ano Santo Mariano local.

Altar principal da Basílica da Virgem do Rosário de las Lajas



Panorâmica do Santuário de las Lajas

Vale salientar que antes mesmo de chegamos ao santuário descrito acima, tivemos a felicidade de visitar a família do jovem da JMV Paulo VI, Pablo, que está no Brasil por estudos. A família nos acolheu muito bem, preparando-nos pratos típicos do lugar. De nossa parte, fizemos a bênção das casas dos pais e avós, a pedidos de Pablo e a família nos levou a conhecer o impressionante Santuário da Virgem da Paz, que a exemplo do de Las Lajas está num cânion e sobre um rio, outra obra de arte de Deus e dos homens que vale a pena peregrinar.

Nave Principal do Santuário da Virgem da Paz (Gruta de onde também corre um rio)


Visita e bênção da casa da Família de Lucia e Marcos, pais do JMV Pablo, em San Gabriel 

Dia 18, estivemos nas cidades próximas de Imantag: Otavalo, Ituntaqui e Cuicocha, na primeira visitamos a féria de produtos artesanais, na segunda nos saboreamos com o cuy, uma iguaria da culinária, local feita com preá, milho, batata e legumes e na terceira, visitamos a lagoa de Cuicocha, que paira a mais de 3 mil metros de altura acima do nível de mar, sobre a cratera de um vulcão, espantosamente, ativo. A água da lagoa, que era para ser naturalmente fria, pela altura, é consideravelmente quente e nos passeios de barco que os mais corajosos se atrevem a fazer, pode-se ver a água borbulhar. A partir das 15h, de volta à Paróquia da Virgem da Apresentação em Imantag, unimo-nos ao Pe. Bladimir na escuta de confissões das crianças, jovens e seus familiares, que receberiam, também, os sacramentos da primeira eucaristia ou crisma no fim de semana seguinte. O dia terminou com a Adoração e bênção do Santíssimo e Eucaristia, presidida pelo Pe. Jesus e concelebrada por mim.

Igreja da Virgem da Apresentação - Missão/Paróquia de Imantag

Concelebrando com Pe. Jesus em Imantag

Administrando o Sacramento da Reconciliação em Imantag

Visita a Lagoa de Cuicocha, que fica em uma cratéria vulcânica.
A peça de roupa que uso se chama ponche, algo típico do lugar.  

Provando uma iguaria da culinária equatoriana: Cuy (Preá)

Nossa Senhora da Apresentação de Imantag.
O chapéu e as correntes são adereços característicos das mulheres indígenas locais. 

Confraternizando com a comunidade missionária de Imantag: Pe. Bladimir e Pe. Jesus

No dia seguinte, 19, tocava voltar a Quito, para dali voar ao Brasil. Pe. Jesus, com uma amabilidade e acolhida exemplar, continuou me conduzindo por alguns locais que o tempo ainda nos deixasse alcançar. Era seu desejo que fôssemos a outras regiões do país, águas termais, costa ou até a região amazônica, mas o tempo foi pouco, mas ainda pudemos apreciar a Cascata de Peguche, o zoológico em Guayllabamba, concluindo com a visita ao Santuário Nacional da Virgem do Quinche. El Quinche é uma pequena vila nas encostas geladas da Cordilheira dos Andes. Entre tantas manifestações da devoção mariana naquele país, a de Nossa Senhora da Apresentação de EI Quinche foi a mais notável, merecendo-lhe o título de Padroeira do Equador, desde sua coroação em 20 de junho de 1943, em Quito. O templo, dedicado à Virgem, tem uma estrutura belíssima, um modelo alemão, criado pelo Missionário Vicentino, Pe. Pedro Humberto Brüning, que também construiu mais de 100 igrejas no país.

Santuário Nacional da Virgem del Quiche 

Mulher reza à Virgem del Quiche 

Visita às Tartarugas Gigantes de Galápagos no Zoo de Quito

Cascata de Peguche


Uma vez em Quito, encontramo-nos com outros ramos da família vicentina: Juventude Mariana Vicentina, Filhas da Caridade e Sociedade de São Vicente de Paulo. Foram encontros informais durante as atividades normais do final de semana. É certo que houve uma atividade extra, pois a paroquia da Medalha Milagrosa teve, naquele sábado, dia 20, sua assembleia paroquial anual. No mesmo dia 20, pela manhã, tive o prazer de partilhar com os estudantes o tema: Ser Presbítero em São Vicente de Paulo, cuja fonte, Pe. Corpus, que nos fez aprofundar no assunto no recém-concluído Master em Vicentinismo. À tarde do mesmo dia, fomos até a Metade do Mundo, ponto por onde passa a linha imaginária do Equador, ainda que para a crença popular, há apenas dois pontos posicionados exatamente sobre o equador: o sítio arqueológico de Catequilla e o Quitsato Sundial. Concluímos à noite tomando o famoso “canelazo”, bebida quente feita de suco de laranja e canela, aos pés da Virgem do Apocalipse, que desde o topo do morro gelado do Panecillo, está voltada à basílica de Sagrado Coração de seu Filho como a contemplar-Lhe e à cidade de Quito, da qual é padroeira.


Visita à Metade do Mundo com Estudantes CM

Virgem de Asas do Apocalipse a lua e eu no Morro do Pãozinho

Estudantes da CM Equador


Formação: "Ser Presbítero em São Vicente de Paulo" aos Estudantes da CM Equador

Domingo, dia 20, coube a mim, duas missas, a de 7h e a de 9h na Paróquia da Medalha Milagrosa, pois os padres dali foram celebrar noutros locais. Depois das missas, pedi a bênção de Deus sobre dois carros e alguns fiéis que se aproximaram do Padre. E logo, pe. Carlos e os estudantes me acompanharam até o Aeroporto Internacional Mariscal Sucre.

Bênçãos a fieis da Paróquia da Medalha Milagrosa  

Bênção de Carros

Despedida no aeroporto de Quito

Presidência de Missas na Paróquia da Medalha Milagrosa
O Cartaz, a direita, alude ao 53º Congresso Eucarístico Internacional,
que se dará em Quito, de 8 a 15/09/2024 


Foi uma experiência positiva e digna de repetição. Oxalá, outros missionários e eu, tenhamos mais oportunidades semelhantes a esta e continuemos crescendo no serviço aos pobres e na fraternidade entre as províncias da Congregação da Missão.

Balanço na Cordilheira dos Andes.
Ao fundo se vê Quito e um de seus majestosos vulcões